O Chevrolet Onix é um dos casos de maior sucesso da indústria automobilística
brasileira. Mas ele está chegando à sua hora da verdade. A hora mais temida por
muitos engenheiros e diretores de marketing: a mudança de geração. Lançado em
2012, o Chevrolet Onix já é o virtual pentacampeão de vendas no Brasil.
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Desde 2015, o Chevrolet Onix vem se mostrando imbatível no mercado brasileiro. Em 2019, terminado o primeiro semestre, o Onix já vendeu 116.906 unidades. É mais que o dobro de seus maispróximos seguidores, o Hyundai HB20 (52.995) e o Ford Ka (50.647). Se somarmos os dois, o Onix ainda vence com uma vantagem de 13.264 carros.
E não é só isso. A versão sedã do Chevrolet Onix, batizada de Prisma para aproveitar
o nome do antigo Celta
de três volumes, também vive um grande momento. Terminou
o primeiro semestre como o quarto carro mais vendido do Brasil. Um desempenho
espetacular para o Prisma, pois seus 40.846 emplacamentos também são um banho
sobre o Ka Sedan (22.886) e o HB20S (15.835).
Diante desse desempenho, como pode estar o Chevrolet Onix chegando à sua hora
da verdade? Simples: porque mudança de geração é sempre um momento delicado. A
história tem vários exemplos de carros que mudaram de geração e não agradaram
como antes. Um dos casos mais recentes no Brasil é o atual Ford EcoSport, que não
repetiu o sucesso da primeira geração (claro que o mercado de SUVs se tornou mais
competitivo).
Outro caso aqui no Brasil foi o do Honda Civic, cuja nona geração (2012-
2016) não agradou como a oitava (2007-2011). Também podemos citar o Fiat Palio de
2004-2007, que deixou saudades do Palio 2001-2004 (a Fiat chama de segunda e
terceira gerações, mas ambos eram facelifts da primeira geração).
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Voltando ao Chevrolet Onix, a nova geração estreia em breve e trará boas novidades.
O carro tem tudo para agradar. Começando pelos motores, pois trará um motor 1.0
turbo moderno, com desempenho de 1.8. Normalmente, nas mudanças de geração, os
engenheiros também melhoraram o espaço interno e a ergonomia. Porém, sempre
existe uma incógnita.
A primeira geração do Onix usou a plataforma GSV (Global Small Vehicle) da GM e foi pensada para o Brasil e demais países da América Latina. Com 4,130 m de comprimento, 1,705 m de largura, 1,484 m de altura e 2,528 m de entre-eixos, o Onix chegou como uma evolução de um sucesso da concorrência, o Volkswagen Gol, e acertou em cheio.
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O atual Chevrolet Onix é compacto por fora, portanto é ágil no trânsito, e razoavelmente confortável por dentro. Tem uma dirigibilidade agradável e um design ao mesmo tempo bonito e conservador. Para além disso, a GM foi muito feliz ao dotá-lo de um sistema multimídia bom e barato (Chevrolet MyLink) e ao oferecer algumas versões com câmbio automático de seis marchas com conversor de torque, enquanto a concorrência insistia na horrível transmissão automatizada de embreagem simples.
O Onix virou xodó do consumidor e construiu um mercado de revenda robusto em
pouco tempo. Nem mesmo o vexame de ter tirado nota zero num teste de impacto do
Latin NCAP abalou as vendas do Onix. Até porque a GM rapidamente reforçou sua
estrutura e refez o teste, dando ao Onix aceitáveis três estrelas.
Novo Chevrolet Onix será um carro global
A nova geração do Onix e do Prisma continuará sendo fabricada em Gravataí (RS).
Porém, o carro agora será resultado de um projeto desenvolvido em conjunto com a
China. A plataforma global GEM tem a participação da chinesa SAIC e é voltada a
mercados emergentes. Às vezes dá medo ouvir esse termo, pois remete a carros de
qualidade inferior.
E o público brasileiro é exigente, muito exigente. Claro que a GM
está preparado e vai tomar todos os cuidados para que os novos Onix e Prisma
agradem tanto quanto a primeira geração, mas no competitivo mundo capitalista só as
vendas salvam.
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Pelo que se sabe, a atual geração do Onix não será aposentada. O atual Onix deve
ser rebatizado de Chevrolet Joy (usando o nome da versão de entrada), de forma que
o novo Onix poderá ser reposicionado num patamar superior. Aí é que mora o perigo.
Será que o novo Onix não será caro demais? Será que não virá com o paradigma
atual de que é melhor vender pouco por um preço lucrativo do que vender muito por
um preço acessível? Não sabemos. Mas negócios são negócios
Recentemente, o presidente da GM, Carlos Zarlenga, ameaçou parar com os investimentos no Brasil se os impostos seguirem no alto nível em que estão atualmente. Para a GM, agora que o Chevrolet Onix será global, tanto faz produzí-lo no Brasil ou na Conchinchina.
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O fato é que o novo Chevrolet Onix
vem aí para mostrar que continua muito forte, para
ampliar sua coleção de títulos no mercado brasileiro de carros. Mas entrará em sua
hora da verdade. Um erro de lançamento, um erro de posicionamento, um exagero no
preço ou até mesmo a soberba de algum executivo pode ser fatal num momento como
esse. Vamos ficar de olho aqui na República do Automóvel.