Fala, galera. Beleza? Tivemos diversos lançamentos de veículos elétricos no segundo semestre de 2022. As novidades do mercado causaram muitas mudanças no Brasil, incluindo um novo ritmo na ampliação da infraestrutura da rede de carregamento e opções de equipamentos para as novas instalações.
Para citar alguns deles, tivemos o anúncio do BYD Yuan Plus, Peugeot e2008, Renault Megane e-tech, BMW iX etc. Todos esses carros têm em comum a evolução em relação ao tempo de carregamento, capacidade da bateria e autonomia.
Os últimos lançamentos ajudaram muito no aumento da frota de veículos elétricos no Brasil e na redução de valores dos modelos que já estavam no mercado. Carros como o Peugeot e208 e o JAC eJS4 são comercializados hoje por preços inferiores aos de quando foram lançados.
Graças à autonomias maior e tempo de recarga menor, os usuários de veículos elétricos começaram a se sentirem mais confiantes em desbravar o território nacional. Fico muito animado em ver cada estação aparecendo no mapa. Para terem noção, no final do ano surgiu uma eletrovia entre São Luís (MA) e Teresina (PI). Eestamos cada vez mais próximos de ligar todas as capitais por eletrovias.
Também é possível observar que boa parte dos equipamentos instalados são de 150 kW. Com certeza eles estão sendo adotados para reduzir as filas no local e para diminuir o tempo de espera para completar a carga do veículo. O fato é que os primeiros veículos elétricos no Brasil não carregavam acima de 50 kW em corrente contínua. Mas, com os novos modelos, em grande maioria carregando em torno de 100 kW ou mais, o tempo de viagem com um carro elétrico está se aproximando do que seria o tempo de viagem de um carro à combustão.
Digo mais, em breve teremos veículos elétricos com autonomia maiores que veículos à combustão. Todavia, essa gana por maiores autonomias precisa ser avaliada pelos usuários. Lembre-se da frase “cuidado com o que você deseja”. As montadoras podem ouvir seus pedidos.
Claro que a tecnologia avança rapidamente e uma bateria que hoje consegue entregar 400 km de autonomia, em pouco tempo poderia oferecer mais autonomia apenas com melhorias em sistemas de regeneração, eficiências do motor, aerodinâmica. Mas é mais provável que as montadoras alcancem a ampliação da autonomia de forma considerável somente com o uso de baterias maiores.
O ponto é que baterias maiores também significam baterias mais caras. Ah, mas as baterias estão ficando cada vez mais baratas com o aumento da produção. Isso é verdade, entretanto, é possível que vejamos um aumento nos preços por conta da demanda crescente. Em resumo, a produção está aumentando sim, mas a demanda está aumentando ainda mais.
Durante esse fim de semana, peguei para fazer mais alguns testes o JAC eJS4, uma SUV elétrica com autonomia anunciada de 420 km no ciclo NEDC. O desafio que me propus foi colocar a prova a autonomia declarada em ambiente urbano.
O teste ainda não acabou e sinto que não conseguirei concluir o desafio. Em três dias já tenho dados suficientes para chegar a uma conclusão: não conseguirei rodar 420 km. Ah, então quer dizer que o carro não cumpre a autonomia que a marca anuncia? Não foi isso que eu disse. Vou reforçar aqui a frase: EU não conseguirei rodar 420 km.
O desafio é rodar 420 km em ambiente urbano. Como não estou fazendo trabalho com aplicativo no carro cedido pela JAC, estou fazendo outras rotinas. Ainda sim estou rodando muito. Vejam, estou falando de um carro 40% a mais de autonomia que meu veículo atual.
Excluindo da conta motoristas que usam o veículo como ferramenta de trabalho, a maioria das pessoas rodam menos de 40 km por dia. Significa que não precisaria carregar seu veículo por aproximadamente 10 dias. Durante esses dois dias e meio, rodei 210 km e ainda tenho 50% de bateria para usar.
Claro que queremos cada vez mais, por que não? Sempre tivemos em nossa mente que mais é melhor, não é mesmo? Mas vamos fazer uma pequena observação: mais autonomia pode significar um carro mais caro.
Vontade temos, mas temos necessidade? Ou mesmo, temos condições de bancar carros mais caros? Se a popularização de veículos elétricos vem por oferta de modelos mais baratos, não podemos esperar que todos os veículos lançados venham com grande autonomia.
Há algum tempo, um colega fez a escolha de trocar o Chevrolet Bolt por um Audi e-Tron. Significa mudar de um carro que já fez milagrosamente mais 600 km para uma nave que faz um pouco mais de 400 km em todo o ápice do seu conforto.
Algumas viagens podem ter se tornado um pouco mais desafiadoras, mesmo assim, não vejo ele insatisfeito. Principalmente porque o Audi e-Tron é um dos modelos que consegue carregar acima de 100 kW. Isso significa que carrega até duas vezes mais rápido que o veículo anterior. Tudo bem que a bateria do e-Tron é maior que a bateria do Bolt, mas carregando em equipamentos mais potentes, o tempo de recarga acaba sendo menor.
Para concluir o texto, lógico, queremos ir cada vez mais longe, está no cerne do ser humano. Mas será que precisamos ou mesmo podemos bancar? Como diria o Tio John Jameson (se você não conhece o Tio John, tem algo errado na sua infância): Com grandes Autonomias, vem grandes Bateria… ou algo assim.
Então, meu caro leitor, pare, pense e repense. Será que você precisa de um carro com autonomia superior a 500 km? Eu sou mais da opinião que você precisa migrar para a mobilidade elétrica e se livrar dos motores à combustão. Até as empresas petrolíferas estão fazendo a transição, por que você não?
Até mais.