“É a primeira vez aqui na pista?”, perguntou o instrutor assim que entrei de balaclava e capacete no Audi R8 V10 Plus, de 610 cv, e que sai por nada menos que R$ 1.170.990 (pois é, quase R$ 1,2 milhão...). Posição de dirigir ajustada, cinto de segurança afivelado e, antes de partir, mais uma intervenção: “a pista está molhada, então, cuidado, ok?”. De fato, o asfalto encharcado e a chuva que caia exigiam certa cautela. Mas, o que podia parecer um problema para a organização do evento acabou sendo um aliado. Isso porque, mesmo com o "pé d’água", o superesportivo mostrou bastante equilíbrio, colocando à prova todos os seus recursos tecnológicos.
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Na primeira volta que tinha direito ao volante do Audi R8 V10 Plus, procurei não exagerar demais ao pisar no acelerador, mas fui ficando cada vez mais confiante no R8, mesmo com aquele dilúvio em curvas fechadas e num ritmo alucinante de acelerações, frenagens e trocas de marcha. Impressionante como 1.580 kg de alumínio, fibra de carbono, couro, aço de vários tipos, entre outros materiais, conseguem se mover com tanta precisão em condições tão adversas.
Ainda sem entrar nas várias questões técnicas que explicam a “mágica” que o novo R8 fez na pista, já mais encorajado, piso fundo na saída da reta principal e o bólido vai deixando uma nuvem de água para trás, enquanto rasga o asfalto a cerca de 180 km/h antes de ter acionados os freios com discos de fibra de cerâmica. Tudo transmitindo um nível de segurança surpreendente e com um ronco do V10 que soa como música para os fãs de automobilismo. Mais do que isso, o barulho do motor pode ficar mais ou menos intenso ao apertar um botão no próprio volante, que parece ter saído de um carro de corrida.
Herança vinda das pistas
Mais da metade dos componentes do novo R8 vieram da versão de competição que participa do campeonato de LMS (Le Mans Series). Nessa nova geração, o superesportivo recebeu doses maiores tanto de fibra de carbono quanto de sofisticação. Uma das principais novidades começa a explicar em parte o desempenho empolgante do carro. Trata-se da tração integral, que agora pode transferir até 100% da força do V10 entre os eixos conforme as condições de aderência da pista. Outra mudança fica por conta da direção com assistência elétrica e relação variável, que ajuda a fazer manobras com extrema rapidez.
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Assim como um piloto de competição pode fazer vários ajustes no carro durante a corrida, a bordo do R8 V10 também dá para optar por diferentes modos de condução. Se optar pelo dinâmico, as reações dos comandos do acelerador e direção, tração, entre outros itens, ficam mais rápidas. Além disso, o controle eletrônico de estabilidade fica mais permissivo, deixando o carro sair um pouco de traseira para quem curte uma pilotagem mais agressiva em pista fechada. O que também ajuda a manter tudo sempre sob controle é a suspensão controlada eletrônicamente, com sensores e amortecedores que tem a pressão de fluido aumentada ou reduzida para manter o R8 estável em qualquer situação.
Não dá para esquecer que a Audi foi 13 vezes vencedora das 24 Horas de Le Mans, a mais importante corrida de longa de duração. Portanto, não é à toa que a marca desenvolveu faróis bastante avançados. No caso do R8 V10 Plus, são os primeiros a laser disponíveis em um carro produzido em série. Conseguem ter o dobro do alcance dos de LED. No facho alto, chegam nos 600 metros, de acordo com a fabricante. E o pacote tecnológico continua com outros equipamentos, como o som de 550 watts e que vem com alto-falantes até nos encostos de cabeça. outro destaque é o o ar-condicionado digital que mostra a temperatura nos próprios botões.
Das pistas também veio também toda a parte aerodinâmica, inclusive na parte de baixo do carro, e o desenvolvimento do V10, de 610 cv e 51,1 kgfm de torque a 6.800 rpm, que tem 5.2 litros de cilindrada e trabalha sem sobrealimentação. Entretanto, entre outros recursos, tem duplo sistema de injeção que funciona 85% do tempo como direta e 15% indireta, dependendo do regime de rotação, que pode chegar a 8.250 rpm ao atingir a potência máxima. E na transmissão, além da tração integral, destaca-se também o câmbio de dupla embreagem e sete marchas.
Mercado de luxo
A nova geração do R8 V10 Plus chega ao Brasil no restrito segmento de superesportivos, do qual fazem parte modelos como o Porsche 911 Turbo S (R$ 1,2 milhão) e o Nissan GT-R (R$ 900 mil). O primeiro consegue atingir 330 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 2,9 segundos. E o outro faz o mesmo em 2,5 segundos e 313 km/h, respectivamente. São números compatíveis com os do supercarro da Audi (0 a 100 km/h em 3,2 s e 330 km/h). Há também o Mercedes-Benz AMG GT R, que também sai por R$ 1,2 milhão, que faz de 0 a 100 km/h em 3,6 segundos e atige 318 km/h.
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A briga de gigantes, de fato, é bem quente, mas levando em consideração a relação entre preço e desempenho, o Audi R8 V10 Plus está bem posicionado, levando ainda mais em conta que outros supercarros, como a Ferrari 488 GTB, que custa o dobro do preço (algo em torno de R$ 2,5 milhões), tem praticamente o mesmo rendimento, uma vez que a marca italiana diz que a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 3 segundos, com máxima e 330 km/h. No caso do Lamborghini Huracán ( cerca de R$ 1,9 milhão), mais uma vez temos um supercarro com desempenho bem parecido com o do Audi, com 0 a 100 km/h em 3,2 segundos e maxima de 325 km/h.