Os carros da inglesa Mini são totalmente voltados para imagem. Afinal, custam muito mais do que qualquer outro compacto, então eles vendem primeiro pelo estilo, para depois conquistar pela boa mecânica e acerto dinâmico. Só que são automóveis para casais e famílias pequenas, já que o espaço não é dos melhores. O Mini Countryman mudou isso, como o primeiro da marca a ter quatro portas e, em sua segunda geração, ficou ainda melhor.
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Antes montado em Araquari (SC), o Mini Countryman passa a vir importado. Com isso, o preço sobe para R$ 144.950 na versão básica Cooper, chegando a R$ 189.950 na configuração Cooper S ALL4. A diferença é justificada ao entrar no Countryman. O entre-eixos cresceu 75 mm, enquanto o comprimento aumentou em 202 mm. Não parece muito, porém notamos como é maior ao entrar.
Um dos executivos da BMW Brasil, com quase 1,90 m de altura, sentou de forma confortável atrás, logo depois de ajustar o banco do motorista para o seu tamanho. O teto foi desenhado de forma a ser mais fundo exatamente na área onde os passageiros estão, evitando batidas de cabeça. Esse é o Mini que dá para viajar com a família ou, para os solteiros, levar os amigos para a balada.
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Até o porta-malas está maior. Foi de 350 litros para 450 litros. Isso é mais do que um carro como Chevrolet Onix oferece. E ainda é possível rebater os bancos, formando um assoalho totalmente reto e aumentando a capacidade para 1.390 litros. Deu para notar que espaço não é um problema no Countryman.
Identidade própria
Um grande problema da geração passada do Countryman (e que eu concordo plenamente) era o seu design. Parecia um Mini de proporções maiores e isso não lhe caía bem, principalmente na parte da frente. Desta vez, saiu do forno com uma aparência bem mais agradável. A grade tem um formato diferente que passa a impressão de ser melhor, enquanto os faróis deixam de crescer pelas laterais do capô, adotando uma forma mais horizontal. Fica melhor ainda na versão S, que muda a entrada de ar e o para-choque.
Do lado de dentro, encontramos as mesmas mudanças da geração atual do Mini Cooper . Velocímetro e conta-giros ficam atrás do volante, como qualquer outro carro, deixando o centro do painel reservado para a tela do sistema multimídia. Nos modelos mais caros, esse display é de 8 polegadas sensível ao toque, enquanto a versão de entrada tem uma tela de 6,5 polegadas controlada por comandos no console central.
Como outros Mini, o Countryman tem um ar juvenil – para bem ou para mal. O círculo em volta da central multimídia brilha de cores diferentes, alguns botões (como o de partida do motor) ficam logo abaixo do sistema de som, com design retrô.
Custo tamanho-família
É um carro de R$ 145 mil e mostra que está no nível para este preço. Mesmo sua versão mais em conta vem ar-condicionado digital de duas zonas, bancos de couro com ajustes elétricos e memória para motorista e passageiro, volante multifuncional de couro com ajuste de altura e profundidade, sensor de estacionamento traseiro, controle de cruzeiro, faróis Full LED adaptativos, faróis de neblina de LED, rodas de liga leve de 17” e central multimídia com tela de 6,5 polegadas. Tem como opcional o pacote Parking, com sensor de estacionamento dianteiro e assistente; câmera de ré; faixas esportivas; e teto solar panorâmico.
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No Cooper Countryman, o motor é o 1.5 turbo, de três cilindros, capaz de gerar 136 cv entre 4.400 e 6.000 rpm, e 22,4 kgfm de torque entre 1.400 e 4.300 rpm. Tem um desempenho bem interessante, acelerando de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos, com velocidade máxima de 200 km/h. Sua transmissão é a automática de seis marchas, com trocas manuais na alavanca ou, nas versões mais caras, por aletas atrás do volante.
Fica ainda mais interessante na versão Cooper S, por R$ 164.950. Troca o motor pelo 2.0 turbo de 192 cv entre 5.000 e 6.000 rpm e com torque de 28,5 kgfm entre 1.350 e 4.600 rpm. Vira um foguetinho, pois leva 7,4 segundos para chegar aos 100 km/h e vai até 225 km/h. Além disso, recebe rodas de liga leve 18”, teto solar panorâmico e transmissão automática de oito marchas.
O modelo topo de linha é o Cooper S Countryman ALL4, por pesados R$ 189.950. Como o nome dá a entender, essa versão conta com tração nas quatro rodas, distribuída de acordo com a necessidade – embora nunca chegue a 100% dianteira ou traseira. É a configuração para quem gosta de gadgets , pois recebe o heads-up display (que mostra velocidade e informações do GPS), central multimídia com tela de 8,8 polegadas sensível ao toque, HD interno de 20GB, sistema de som Harman/Kardon, seletor de modo de direção (Sport, Mid e Green), câmera de ré e função de controle de arrancada. Os pneus passam a ser runflat.
Sem medo de terra
O teste feito pela BMW foi bem simples. Saímos de seu escritório na Zona Sul de São Paulo rumo à simpática cidade de Holambra (SP), dirigindo boa parte pela Rodovia Anhanguera. Perto da pequena cidade no interior paulista, o trajeto mudava para andar pelas estradas de terra entre as plantações e estufas da região. Os executivos da marca chamavam de soft off-road ( ou trilha leve). Então, não era nenhum Rally dos Sertões, mas também era um pouco mais acidentado do que o normal.
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No trecho asfaltado do teste, o Countryman movia-se como o esperado para um Mini. Estava na versão Cooper S 4ALL, então já coloquei no modo Sport, para ouvir o belo ronco do 2.0 e acelerar com vigor. Sempre que falam em Mini , as pessoas o comparam com um kart por sua resposta direta. Este não é uma exceção, sempre preciso nas curvas e com uma estabilidade de primeira linha.
No momento em que entramos na terra, veio a preocupação se dava para puxar muito na aceleração e passar nos buracos com velocidade. A organização tinha um condutor ditando o ritmo e resolvi fazer o mesmo que ele. E não foi nada difícil. Reduzia apenas para algumas valetas ou buracos mais profundos onde mesmo um SUV teria que atravessar com mais calma. A suspensão, mesmo no modo Sport, mantinha um bom nível de conforto (e que ficou bem melhor ao voltar para o modo Mid). Mesmo quando passamos por depressões maiores, o Countryman seguia firme e forte.
O Mini Countryman é ideal para quem sempre quis ter um carro da marca e ficava com um pé atrás pela falta de espaço. É funcional, cabe toda a família e continua uma delícia de dirigir e tem alguns equipamentos que até fazem inveja em alguns carros na mesma faixa de preço. Sim, ele custa um pouco demais para a realidade brasileira, mas quem quer um Mini sabe que é assim que funciona no Brasil –e a própria BMW tem consciência disso, projetando uma venda de 500 unidades por ano.