A vida do Citroën C3 Aircross nunca foi fácil no Brasil. E ficou ainda mais difícil com a invasão de SUVs compactos como Honda HR-V, Jeep Renegade, Nissan Kicks e companhia, nos últimos três anos. Some-se a isso ainda o fato de ter sido equipado com o ultrapassado câmbio automático de quatro marchas e temos um carro que ocupa apenas o 44° lugar no ranking dos 50 modelos mais vendidos do mês pelo balanço da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos).
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Lançado no Brasil em agosto de 2010, o Citroën C3 Aircross já está com a nova geração prestes a começar a ser fabricada na China, no ano que vem. Terá aspecto arrojado e será baseada no protótipo C-Aircross, mostrado no Salão de Genebra (Suíça), em março último. Portanto, passaram-se mais de seis anos e meio até a Citroën resolver lançar o modelo com um câmbio automático com boa eficiência no Brasil. Será que não foi tarde demais para tentar recuperar algum espaço no mercado?
Bem que a fabricante se esforçou em dar um ar de grade importância a uma novidade que já deveria fazer parte dos itens disponíveis no carro há um bom tempo. Mostrou o carro para a imprensa em um hotel de luxo, no interior de São Paulo, dentro de um condomínio em que é expressamente proibido tirar fotos e passar de 30 km/h, sob o risco de ser multado em mais de R$ 1.300. Nada simpático, não? De qualquer forma, até conseguir percorrer mais de uma dezena de quilômetros e chegar à portaria principal, foi essa a velocidade que conseguimos atingir.
Parado em frente ao portão de ferro protegido por seguranças equipados com rádios comunicadores e tal, eis que o C3 Aircross 2018, pintado de Dark Carmin (nova cor metálica que muda de tom conforme e luminosidade) entra na estrada para por à prova o funcionamento do câmbio automático de seis marchas, feito pela fabricante japonesa Aisin e que já equipa há tempos diversos outros modelos da própria PSA (Peugeot-Citroen), como os sedã 408 e C4 Lounge, o hatch 308 e a minivan C4 Picasso.
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Os efeitos do "novo" câmbio
É claro que o comportamento do carro melhorou. Agora tem um sistema de transmissão capaz de proporcionar um melhor nível de eficiência quando o assunto é não apenas desempenho, como economia de combustível e nível de ruído, que diminuiu bastante na linha 2018 feita em Porto Real (RJ) pelo o que notamos durante o test drive em trecho rodoviário. No que se refere à economia, a fabricante diz que a redução de consumo foi de 5% com o modo ECO ligado, em trechos urbanos, na comparação com o C3 Aircross de quatro marchas. E, no cômputo geral, o carro ficou até 7% mais econômico com a sexta bem longa (0:671:1), usada como sobremarcha, apenas para poupar combustível.
Mas não adianta pisar fundo no C3 Aircross. Com motor 1.6 que teve as curvas de torque e potência alterados, o carro foi feito para rodar com conforto, sem muita pressa. Agora são 118 cv (ante 122 cv anteriormente) e 16,1 kgfm (contra 16,4 kgfm a 4.000 rpm). Em sexta marcha, a 120 km/h, o ponteiro do contagiros aponta um pouco menos de 3.000 rpm, mantendo o interior em silêncio. Ouve-se mais o ruído do atrito dos pneus com o piso e o vento batendo na grande área frontal corrigida do carro, de 0,89 m2, uma das maiores entre os modelos com o mesmo porte do modelo da marca francesa que leva razoáveis 403 litros no porta-malas, o suficiente para uma família de quatro pessoas.
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Alto, o carro inclina mais do que o ideal nas curvas e conta com posição dirigir elevada, deixando a avalanca do freio de estacionando lá embaixo, exigindo esticar bem os braços para alçançá-la. A direção com assistência elétrica é bem leve nas manobras e vem com volante de base achatada. E a visibilidade é boa, favorecida pela boa área envidraçada. Portanto, trata-se de um modelo familiar para viajar com certo conforto, sem nenhuma pretensão esportiva, o que fica claro pelos números modestos de desempenho: 0 a 100 km/h em 13,1 segundos e 172 km/h. Pegada off-road? Com um vão livre do solo de apenas 12,9 cm é bom não passar de trechos de terra batida.
Preços e equipamentos
O C3 Aircross 2018 chega em duas versões e com uma cor, a Dark Carmin. A mais em conta é a Live (R$ 67.990), que conta com ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro bipartido, cinco de segurança de três pontos para todos os ocupantes, computador de bordo, direção elétrica assistida, central multimídia com tela touchscreen de 7 polegadas, faróis de neblina, faróis DRL, porta-luvas refrigerado, rodas de liga leve de 16 polegadas, vidros elétricos, retrovisores laterais elétricos e travas elétricas.
E o topo de linha é o Shine (R$ 76.400), que acrescenta ar-condicionado automático, bancos de couro e tecido, câmera de ré, controle de cruzeiro, estepe externo com capa, pneus 205/60, sensor de estacionamento traseiro, sensor de chuva, sensor crepuscular e volante de couro.
Com esses pacotes e câmbio de 6 marchas como novidade, o Citroën C3 Aircross 2018 deverá ter cerca de mil unidades vendidas até o fim do ano, de acordo com as previsões da fabricante, que conta atualmente com 109 concessionárias no Brasil.
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