Então ele apareceu cortando uma nuvem de poeira entre uma série de outros esportivos da estacionados nos boxes. A cor fosca da carroceria contrastava com a grade frontal cromada naquele dia ensolarado no Autódromo Vello Cittá, em Mogi Guaçu (SP). Estava na hora de domar a fera, conhecida por alguns apelidos. “Diabo Verde” tem sido o mais usado. Agora, só mesmo acelerando para ver se o nada discreto Mercedes-AMG GT R é mesmo endiabrado.
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Já de balaclava e capacete, assumo o volante de três raios, de base achatada, revestido de microfibra, material semelhante ao usado nos carros de Fórmula 1. Na minha frente, vejo o velocímetro com marcação até 360 km/h e o contagiros que vai até 8.000 rpm, com grafismo amarelo e ponteiros vermelhos. Além disso, só deu tempo de notar o largo console central ao lado antes pisar fundo e contornar a primeira curva à esquerda com o Mercedes-AMG GT R
Uma pisada mais forte no pedal da direita acorda o V8 biturbo (pressão de 1,35 bar) , de 585 cv e brutais 71,9 kgfm de torque a partir de meros 1.900 rpm. Pelo tranco das costas no encosto do banco do tipo concha (parecido com os dos carros de corrida), o GT R já deu sinais que não é de brincadeira e que sob aquele enorme capô lá na frente existe muita força para o baixo peso (1.630 kg). De fato, são apenas 2,81 kg para cada cavalo vapor, o que explica a agilidade do carro em acelerar, frear e fazer curvas.
O ronco empolgante do V8 vem do sistema de escape com ponta de titânio e que vem com válvulas para fazer a voz grossa do GT R ecoar pelas paredes ao redor. E por causa de aceleração lateral do carro, indo de um lado para o outro, num ritmo alucinante, a lubrificação do motor é por cárter seco, o que também ajuda a baixar o centro de gravidade. Some a isso uma distribuição de peso de 47% no eixo dianteiro e 53% no traseiro e rodas de aro 19 montadas em grudentos pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 na frete e de 20 polegadas atrás e já no início da segunda volta você vai começar a sentir por que os pilotos precisam tanto de um bom condicionamento físico.
O veneno do "Diabo Verde"
A respiração começa a ficar ofegante e a adrenalina passa a circular. São efeitos do veneno do “Diabo Verde” em ação. Também impressiona a rapidez com que o câmbio de dupla embreagem e sete marchas 7 DCT faz as trocas com ajuda das hastes de fibra de carbono atrás do volante. A caixa é montada atrás do eixo dianteiro para também ajudar no equilíbro de peso e contribuir com a dinâmica do GT R, cujo eixo cardã de 1,3 metro pesa apenas 4 kg. Quer mais? A receita para tanta disposicão continua com a suspensão que tem amortecedores controlados eletronicamente a ajustáveis em três posições.
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E como se não bastasse tudo isso, o GT R ainda reserva outros recursos para justificar a fama de rei do famoso circuito alemão de Nurburgring, entre os carros de tração traseira, com o tempo de 7 minutos, 10 segundos e 9 décimos. De acordo com a velocidade, um defletor de ar se move debaixo do carro de fundo plano. Com isso, cria-se uma pressão aerodinâmica negativa, também coenhecida como “efeito solo”, que empurra o carro contra o chão com uma pressão que pode chegar a 40 kg a 250 km/h, conforme a fabricante.
Tem mais: As rodas traseiras também são direcionais. Acima de 100 km/h, giram na mesma direção (até 1,5 grau) que as dianteiras e no sentido oposto abaixo dessa velocidade graças a um sistema semelhante ao do rival Porsche 911. E para arrematar, o controle eletrônico de tração atua em 9 estágios. Assim, fica muito fácil se empolgar em uma boa pista fechada. No final da reta principal antes de chegar nos cones estratégicamente colocados para esfriar os ânimos, o GT R beirou os 200 km/h e logo freou com bom equilíbrio para algo em torno de metade disso para fazer a curva que se aproximava rapidamente. No limite, o carro pode acelerar de 0 a 100 km/h em míseros 3,65 segundos e atingir 318 km/h.
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Quando a adrenalina baixar, o Mercedes-AMG GT R pode vir com um poderoso sistema de som Burmester, de 1.000 watts de potência e 11 alto-falantes entre os opcionais. Há também freios a disco de fibra de cerâmica e cores especiais, estrutura metálica extra no interior, cintos de segurança de quatro pontos, entre outros itens pagos à parte. Com o pacote básico, o superespotivo chega ao Brasil pelo preço sugerido de R$ 1.190.900. Alguém se habilita?
Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 1.199.900
Motor: 4.0, V8, biturbo, gasolina
Potência: 585 cv a 6.250 rpm
Torque: 71,4 kgfm a 1.900 rpm
Transmissão: Automatizado, sete marchas, tração traseira
Suspensão:Independente (dianteira e traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e na traseira
Pneus: 275/30 ZR19 na frente e 325/30ZR 20 na traseira
Dimensões: 4,55 m (comprimento) / 2,00 m (largura) / 1,28 m (altura), 2,63 m (entre-eixos)
Tanque : 65 litros
Porta-malas: 350 litros
Consumo: 7 km/l (cidade) /8,5 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 3,6 segundos
Vel. Max: 318 km/h