Aberta até amanhã, a LAAD, maior feira do setor da Defesa do Brasil , serve de palco para várias empresas apresentarem suas soluções para diferentes segmentos, sendo um deles o mundo dos veículos de guerra, mas também há espaço para modelos civis. Um dos lançamentos mais chamativos é a Toyota SW4 Civil super blindada da Combat Armor Defense .
O utilitário grande recebeu blindagem do nível 3
. Assim falando, parece que é a mesma coisa que o 3-A, nível encontrado na maioria esmagadora dos blindados disponíveis no mercado nacional, porém a verdade é que trata-se de um bicho bem diferente.
São pedidos R$ 680 mil pelo carro inteiro, o que nem é tanto, uma vez que uma SW4 Diamond sai por R$ 420.090. Não parece ser um problema para o público endinheirado e que precisa desse patamar de blindagem. Segundo a Combat Armor Defense, foram vendidos dez carros em apenas dois dias.
Embora seja controlada com maior rigor pelo Exército, a proteção desse nível é resistente a disparos de armas muito mais pesadas. Enquanto o nível 3-A é voltado à proteção de armas leves, exemplos de uma pistola 9 mm, revólver 38 ou a famosa Magnum 44
, o 3 é capaz de resistir, ainda que um tempo, a tiros de fuzis, entre eles, os FAL 7.62 mm, um clássico do Exército Brasileiro, AK-47 7.62 mm, arma de origem soviética famosa por ter matado mais pessoas do que qualquer outra, e AR-15 ou M16 de 5.56 mm
, todos peso-pesados usados pela criminalidade em alguns grandes centros urbanos brasileiros.
Em material divulgado pela Dupont, um projétil de fuzil 7.62 mm é capaz de gerar 3.265 joules, unidade de energia, enquanto um 38 gera um pouco mais de 500 joules
. É outro mundo.
Para resistir a esse tipo de ameaça, o peso da proteção é muito maior do que o nível 3A, f icando entre 800 kg e 900 kg contra cerca de 250 kg da blindagem inferior
. Nada de vigilantes do peso nesta hora, pois a SW4 Diamond já pesa mimosos 2.175 kg. Sim, o utilitário chega a cerca de três toneladas. O equivalente aos maiores hipopótamos. Quer um parâmetro automotivo? O Renault Kwid Outsider marca 825 kg na balança.
Tamanha diferença é explicada não apenas pelo aço de 7 mm das partes opacas, as que não são envidraçadas, como também pelos vidros. Eles têm 4,1 centímetros de espessura.
É algo exótico até para a proteção de altas autoridades. O próprio presidente Lula conta com carros blindados no nível 3-A, até porque os modelos de passeio da frota não resistiram ao peso todo exigido pela proteção 3. Nem pensar em carregar tudo isso em um Mitsubishi Outlander ou Ford Fusion, dois carros utilizados nos comboios. Ainda bem que há outras medidas de segurança.
O corpanzil é carregado pelo mesmo motor 2.8 diesel de 204 cv e 50,9 kgfm de torque. É uma sobrecarga e tanto, embora o propulsor seja conhecido pela sua robustez e confiabilidade.
Vale lembrar que nenhum blindado é feito para ficar sob fogo cerrado por muito tempo, pois a proteção não é como nos filmes, o objetivo dela é permitir que o veículo e seus ocupantes possam resistir tempo suficiente para escapar daquela situação
. Se a SW4 Civil ganhar velocidade, duvidamos muito que alguma barreira ficará intacta ao ser atingida por um SUV de quase três toneladas. Ser pesado tem sua vantagem.
Curiosamente, o acabamento interno é basicamente o mesmo de uma SW4 normal. Dá para notar o overlap dos vidros (borda reforçada para proteger os cantos) e outros detalhes, além da própria grossura da área envidraçada, mas nada que tenha transformado a cabine.
De acordo com dados da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), o mercado se expandiu ferozmente entre 2021 e 2022, passando de 20.024 para 25.916 veículos protegidos
. O Brasil teria a maior frota de veículos protegidos por blindagem do mundo.