Para quem fica nas arquibancadas, aquelas luzes cortando a escuridão parecem meteoros passando rentes à pista. Dentro do carro, como mostra com maestria o famoso filme 24 Horas de Le Mans, a visão é bem mais crítica. Não é à toa que na corrida de longa duração mais famosa no mundo sempre acontecem acidentes, como o que sofreu o personagem interpretado por Steve McQueen a bordo do seu lendário Porsche  917 .

Confesso que cheguei a voltar à cena no DVD várias vezes para captar o momento exato em que, durante a madrugada, McQueen falha por um piscar de olhos e perde o controle do carro. Mas nunca iria imaginar que, um dia, iria estar de balaclava e capacete, no Autódromo de Interlagos, ao volante do novo Audi  RS3 , de 367 cv, procurando os pontos e tomada e tangência com ajuda dos faróis com lâmpadas de LED

Sim, eles são importantes. Já dizia o mestre Ayrton Senna: um dos princípios básicos da pilotagem é olhar adiante e estar preparado para agir na hora certa. Ok, o pessoal da Audi foi cuidadoso em iluminar alguns pontos da pista e corajoso por ter colocado um esportivo topo de linha, como o RS3 , no meio da escuridão de Interlagos pela primeira vez na história dos lançamentos no Brasil.  Mas, mesmo com farol alto, dependendo da velocidade, ficou a impressão de que precisaria de um pouco mais de treino para me acostumar com a pilotagem noturna a bordo do"hot hatch" que chega às lojas por nada menos que R$ 290.990. Caro? Para quem quer emoção ao volante, é uma boa pedida.

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Divulgação

Audi RS3

Se estiver numa pista, como foi o caso do nosso teste drive noturno, comecei experimentando o controle de largada. Pé esquerdo no freio, o direito no acelerador, giro alto e... Bang! O RS3 disparou como um tiro, tirando o fôlego de quem estiver dentro do carro tamanha a aceleração. De 0 a 100 km/h, a Audi diz que o hatch esportivo precisa de apenas 4,3 segundos, mas você jura que é menos do que isso, porque perde a noção de tempo e espaço por alguns instantes enquanto o carro parte em disparada, ajudado pela relação peso-potência bem favorável, de apenas 4,4 kg/cv.

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 O ronco do motor 2.5, de cinco cilindros, turbo, com intercooler (refrigerador de ar da turbina) vai ficando mais grave conforme o ponteiro do contagiros vai ganhando altitude. Aliás, é possível comandar os flaps do sistema de escapamento pelo modo de condução (Drive Select), assim como o tempo de resposta do acelerador e da direção, além do ajuste da suspensão,  de uma maneira parecida com o acontece com os carros de corrida hoje em dia. Mas, como tinha direito a apenas duas voltas, o negócio era me concentrar no comportamento do carro no modo em que o carro estava acertado (Dynamic, com controle de estabilidade na opção Sport, um pouco mais permissivo, que o convencional).

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Sistema de escapamento do RS3 é controlado por flaps

 Barulhinho bom aquele entre as trocas do câmbio automático S-Tronic, de sete marchas, com dupla embreagem.  E sentir o quanto o torque máximo de 47,4 kgfm empurra suas costas contra o encosto do banco ao acelerar. Toda essa força aparece em apenas 1.625 rpm, de acordo com a Audi e trabalha em harmonia com as relações de marcha bem escalonadas. Ainda conforme a marca alemã, os engates ficaram mais rápidos nesta nova geração do RS3 , cuja tração integral funciona com perfeição de acordo com as condições de aderência. O eixo traseiro pode receber entre 50% e 100% da tração e ajuda a manter o carro grudado no chão em parceria com a suspensão controlada eletronicamente com pivô de alumínio e os pneus de perfil ultrabaixo 235/35R.  Claro que a altura do solo 25 mm menor que no A3 Sportback e a maior rigidez torcional da carroceria também contribuem com o comportamento irrepreensível do RS3 nas curvas.

 Na hora de frear, os discos dianteiros contam com 370 mm de diâmetro e os traseiros com 310 mm, maior que muita tampa de panela de macarrão por aí. É pisar no freio de notar que o RS3 é mesmo um carro bem equilibrado e que transmite segurança em qualquer situação, como seu para notar no final da reta dos boxes, em direção ao S do Senna, quando o velocímetro encostou na marca dos 200 km/h.  Era o final da segunda volta, quando pediram para diminuir antes de entrar na área em que montaram a entrada e a saídas dos carros, já que os boxes de Interlagos ainda estão em reforma.

Não há dúvida de que o novo RS3 evoluiu em relação ao anterior,  que já tinha bons 340 cv e a agilidade de um digno esportivo. Agora resta apenas esperar para uma avaliação mais detalhada, durante o dia e em situações mais próximas do dia a dia, tanto em trechos urbanos quanto rodoviários.  Entretanto, assumir o volante desse “hot hatch” à noite, numa pista de corrida, vai ficar para sempre na minha memória. E tornou mais curiosa e atenta a maneira de assistir as 24 Horas de Le Mans. 

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