Quem gosta de carros e está em uma situação financeira bem confortável acaba escolhendo um bom esportivo para andar no fim de semana – ou, para os mais entusiasmados, participar de competições e track days . A porta de entrada para o mundo da BMW M, com seus carros mais potentes, é o BMW M2 Coupé, um "brinquedinho" de 370 cv e que custa R$ 394.950 – R$ 70 mil menos do que o M3.
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Claro, a diferença de preço tem seus motivos. O BMW M2 é realmente um cupê do tipo 2+2 (ou seja, tem dois bancos traseiros no qual até crianças ficariam apertadas) e é o mais curto dos M. São 4,46 metros de comprimento, 2,69 m de entre-eixos, 1,85 m de largura e 1,41 m de altura. Em comparação com o M3, que é um sedã, são 21 cm a menos de comprimento e 12 cm de entre-eixos.
Ser menor tem suas vantagens. Pesa 1.495 kg, contra os 1.560 kg do M3. Essa diferença ajuda no desempenho. O M2 usa um motor 3.0, de seis cilindros em linha, com turbocompressor. Gera 370 cv e 47,4 kgfm a 1.400 rpm. Para lidar com esse desempenho está o câmbio automatizado, de dupla embreagem e sete marchas. Os dados fornecidos pela BMW dizem que o carro acelera de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos e alcança os 270 km/h.
O M3 tem 431 cv e 56,1 kgfm de torque, bem mais do que o M2, mas acelera de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos. Por isso, a diferença de preço não parece ser tanta e fica mais pelo tamanho e espaço para passageiros do que pelo desempenho. Porém, como a pegada do M2 é justamente ser um carro egoísta, para se divertir no fim de semana, isso não importa – afinal, quem tem dinheiro para um esportivo desses também tem um SUV grande na garagem.
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O melhor M
Declarar que o M2 é o melhor BMW M da atualidade é uma afirmação muito corajosa. Porém, poucos que tiveram a oportunidade de acelerar o cupê não dizem o mesmo. É um carro de emoção pura, daqueles que conquista as pessoas quando elas sentam atrás do volante e fazem as primeiras curvas. É viciante e fica difícil largar o pequeno esportivo depois de uma boa experiência.
Andando na pista, o M2 é um cupê muito bem acertado. Tem uma agilidade exemplar, pelo tamanho reduzido e a distribuição de peso que chega muito perto dos 50:50. Nas curvas, é só apontar com o volante e ele não só faz o resto como ainda pede que você pise mais no acelerador. O controle eletrônico de estabilidade segura o bicho, que quer fazer o que todo carro de tração traseira faz de melhor.
Sim, ele é uma máquina de drift. Passe o modo de condução para o modo Sport+ e o controle de estabilidade solta sua mão. Uma acelerada a mais em uma curva e a traseira começa a torrar os pneus. Tudo sob controle, pois basta um pouco de contraesterço para o esportivo voltar a andar em linha reta. E isso com o ESP ainda ligado, apenas em um modo mais suave de intromissão. Assim, qualquer um com um pouco de experiência ao volante pode se sentir o Ken Block em um autódromo por aí.
Fera das ruas
Ter um carro na garagem só para andar na pista no fim de semana pode ser chato. Se não for preparado, é claro que o dono vai querer dirigir em outras situações, até para pegar estrada. A boa notícia é que o M2 não é ruim na cidade e é até possível conviver com ele no corre-corre urbano, desde que se tome os devidos cuidados.
É um esportivo baixo, como é de se esperar, mas não a ponto de ter dificuldades para passar qualquer lombada. Obviamente, valetas mais fundas que desafiam até os SUVs são uma fraqueza mortal para o M2. Como sua suspensão tem um curso curto e um ajuste voltado para a pista (ou ruas em bom estado), tem que atravessar devagar.
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Conviver com o M2 pode dar certo. Sua condução é bem mais dura do que a de um carro mais popular, transmitindo as imperfeições do nosso asfalto direto para a cabine, o que aumenta a vibração e os ruídos. Novamente, não é nada muito terrível, já andei em carros (inclusive mais civis) que eram mais desconfortáveis do que o cupê.
O que pode desanimar as pessoas é que ele tem uma posição de dirigir bem mais baixa. Isso é ótimo para uma tocada esportiva, mas o malabarismo para entrar e sair do carro todos os dias é bem cansativo. E isso com um motorista de 1,63 m, para os mais altos é ainda pior. E mesmo com o banco e o volante devidamente ajustado. Como é curto, os bancos traseiros servem para praticamente nada. Dá para carregar alguma bolsa ou algo do tipo, e só. Pode até colocar alguém ali atrás, mas logo irá reclamar de que está apertado. Não foi feito para levar a família.
Se estiver no time dos solteiros, o M2 tem uma convivência mais fácil. O porta-malas é de 390 litros, mais do que muitos carros por aí (inclusive alguns SUVs). Dá para acomodar malas de viagem com facilidade, até mesmo se for com mais uma pessoa, desde que a bagagem não seja o equivalente a de alguém mudando de casa.
Como podemos esperar de um BMW, ainda mais um dos mais caros, o M2 tem uma boa lista de equipamentos. Tem seis airbags (frontais, laterais e de cortina), ar-condicionado automático de duas zonas, banco de couro com ajuste de altura para o motorista, volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade, faróis com lâmpadas de xenônio com ajuste de altura, central multimídia de 8,8 polegadas, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, controle de cruzeiro, rodas de liga leve de 17”, start-stop e controle de largada.
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No final das contas, o BMW M2 Coupé é um ótimo carro para quem quer ser divertir com um belo esportivo. E, surpreendentemente, consegue ser útil até para o uso diário. O preço é alto, mas vale o que ele entrega, já que estamos falando de um dos carros mais rápidos da atualidade feito pela BMW Motorsport. Será difícil que a marca supere o resultado que obteve com o pequeno cupê.