Pense em quantos carros temos no mercado atualmente que podem carregar sete pessoas. São poucos e com uma grande variação de preço: Chevrolet Spin, Chevrolet TrailBlazer, Dodge Journey, Hyundai Grand Santa Fe, JAC J6, Land Rover Discovery e a recém-reestilizada Citroën Grand C4 Picasso. Embora haja demanda por veículos espaçosos, como os SUVs, a procura pelos que tem uma terceira fileira de passageiros é pequena. Por isso, é bom que exista uma resistência por parte da Citroën, que insiste na Grand C4 Picasso.
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Vendida entre R$ 131.400 e R$ 142.00, a Citroën Grand C4 Picasso é a variação de sete lugares da minivan C4 Picasso. Passou por uma reestilização recentemente, que chegou ao Brasil no mês de abril. Apesar do alto valor, a Citroën sabe que venderá pouco e o traz em baixa quantidade, para manter a imagem de marca com veículos versáteis e espaçosos. E espaço é o que não falta neste carro.
Como outros modelos de sete lugares , o Grand C4 Picasso utiliza uma terceira fileira de assentos que pode ser rebatido para aumentar o espaço do porta-malas. Infelizmente, sofre do mesmo problema que quase todos os carros desse tipo, com bancos que são mais indicados para crianças pelo pouco espaço para pernas. Há um pequeno espaço depois dos bancos, onde ficam as ferramentas, como macaco.
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Outro problema de usar a terceira fileira é que ela acaba com o espaço do porta-malas, que cai de 575 litros para apenas 130 l. Isso atrapalha em viagens , já que falta espaço para levar bagagens, ainda mais para os sete passageiros. Não há muito o que fazer, já que o carro mede 4,59 metros de comprimento e tem 2,84 m de entre-eixos.
Por esse preço, tinha que vir bem equipado. A versão Seduction, por R$ 131.400, vem com ar-condicionado automático digital de duas zonas, central multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas e Bluetooth, rodas de liga leve de 17” diamantadas na cor preta, retrovisores elétricos rebatíveis, sensor de chuva, sensor crepuscular, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, fixação ISOFIX para cadeiras infantis, sensor de estacionamento traseiro e para-brisa Zenith (aquele que é mais longo do que os demais). O único opcional é adicionar GPS 3D, Wifi e espelhamento de celular à central multimídia, por R$ 2.500.
O modelo mais caro é o Intensive, por R$ 142 mil. Adiciona o painel digital de 12 polegadas, teto panorâmico, faróis autodirecionais com xênon, partida por botão, câmera de ré, lanternas de LED, faróis de neblina com cornering light e a central multimídia ganha GPS. Tem dois pacotes opcionais. O Comfort, por R$ 10.500, traz bancos dianteiros de couro com massagem e apoio de perna para o passageiro, visão 360° por câmeras e monitoramento de ponto cego. Já o pack Luxe adiciona central multimídia com entrada de som e vídeo e duas telas LCD no apoio de cabeça dos bancos dianteiros, dois fones de ouvido sem fio, leitor de placas de velocidade, alerta de ponto cego e de faixa com correção automática, retrovisores eletrocromáticos e faróis altos automáticos.
O diabo está nos detalhes
Um carro deste tamanho precisaria de um motor grande para aguentar movê-lo com capacidade total. Usa o velho conhecido 1.6 turbo do Grupo PSA, com 165 cv e 24,5 kgfm a 1.400 rpm, abastecido apenas com gasolina e acoplado ao câmbio automático de seis marchas. A fabricante diz que ele acelera de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos, nada mal para uma minivan de 1.430 kg.
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Traduzindo esses números para a vida real, a Grand C4 Picasso tem pique para as ruas. Como o torque aparece a 1.400 rpm, basta acelerar um pouco e a minivan já acelera vigorosamente. A transmissão é um pouco indecisa, principalmente quando aliviamos o pé pouco antes da troca de marcha, fazendo com que o sistema mantenha o motor gritando na marcha atual, sem saber se deve reduzir ou manter a velocidade.
Seu consumo é adequado para seu tamanho. Faz 8,7 km/l na cidade e 11,0 km/l na estrada, segundo o teste oficial do Conpet-Inmetro. Fica a sensação de que poderia ser mais econômica se o câmbio fosse mais preciso nas trocas.
Outro problema é o painel de instrumentos. Fica posicionado no centro do carro e, por algum motivo, é levemente inclinado para cima, obrigando o motorista a ficar em uma posição mais alta para visualizá-lo adequadamente. Além disso, acaba desviando o olhar que deveria estar no trânsito. Como é uma tela de 12”, mostra informações até demais, o que leva um tempo para acostumar. E, como a maioria dos carros da marca francesa, tem ergonomia confusa, além da posição estranha dos porta-trecos.
O trabalho será todo do motorista, pois os passageiros não tem do que reclamar. A suspensão macia aumenta o conforto a bordo, sem transmitir demais as imperfeições do solo ou pular em lombadas. Seu isolamento acústico filtra boa parte dos sons de fora, exceto quando a transmissão mantém o motor em giro alto, porém é uma situação mais específica.
O Citroën Grand C4 Picasso é uma boa aposta da marca em um segmento quase morto. Considerando o que oferece, o preço não está tão fora da realidade (se considerarmos o quanto custam os SUVs de sete lugares). Poderia ser melhor se alguém da Citroën sentasse no carro e percebesse as falhas na ergonomia e tivessem tirado alguns momentos para ajustar melhor a transmissão. No entanto, são problemas com os quais é possível conviver e os prós superam os contras.
Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 131.400
Motor: 1.6, turbo, quatro cilindros, gasolina
Potência: 165 cv a 6.000 rpm
Torque: 24,5 kgfm a 1.400 rpm
Transmissão: Automática, seis marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / discos sólidos (traseiros)
Pneus: 205/55 R17
Dimensões: 4,59 m (comprimento) / 1,82 m (largura) / 1,63 m (altura), 2,84 m (entre-eixos)
Tanque : 57 litros
Porta-malas: 575 litros
Consumo: 8,7 km/l (cidade) /11,0 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 8,7 segundos
Vel. Max: 210 km/h