A Renault inaugurou o segmento de picapes menores que as médias e maiores que as compactas com a Oroch, em setembro de 2015. Quase seis meses depois chega a Fiat Toro, com desenho bem mais arrojado e sofisticação próxima de um SUV de luxo. Logo foi muito bem aceita no mercado. Agora, na linha 2018, o modelo da marca italiana recebe motor sem tanque auxiliar da partida a frio, sistema stop-start e função sport do câmbio automático de seis marchas, além de mais equipamentos.
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O problema é que parece que o sucesso subiu à cabeça da Fiat Toro e os preços atingiram um patamar acima do ideal. Hoje em dia, a versão mais em conta, com calotas plásticas, sem nenhum opcional, parte de R$ 88.980. Se quiser deixar a picape igual à unidade avaliada, esse valor sobe para R$ 98.103 com o kit Road, que entrou no lugar do Opening Edition. Inclui vários itens, como rodas de liga leve de aro 16, câmera de ré, central multimídia com GPS, sensor de chuva, crepuscular, entre outros equipamentos.
De outro lado, a Oroch. Tudo é mais modesto. Desde o visual até o nível de equipamentos, mas não se esqueceram de incluir o essencial e, desde o início do ano, a picape passou a ser equipada com o novo motor 1.6 SCe, mais eficiente que o anterior. Feito todo de alumínio tem concepção mais moderna, com duplo comando com variador de fase Isso acaba ajudando a manter um bom nível de eficiência, principalmente ligada ao consumo, menor que o da rival da Fiat. Além disso, o preço é bem mais em conta. No caso da versão Dynamique, que mais se aproxima do nível de itens de série da bem equipada Toro, parte de R$ 76.950 e chega a R$ 78.550 com itens como computador de bordo, rodas de liga leve de aro 16, sensores nos para-choque traseiros, controlador da velocidade de cruzeiro (“piloto automático”).
Uma das justificativas da grande diferença de preço entre as duas picapes (beira os R$ 20 mil) é que a Fiat só oferece a Toro 1.8 com câmbio automático de seis marchas e a Oroch 1.6 ainda não pode ser equipada com a caixa CVT que passou a estar disponível no Duster desde o final de junho último. Portanto, o modelo da Renault ainda vem apenas com caixa manual, de cinco marchas. No dia a dia, porém, isso não chega a ser um ponto muito contra, uma vez que o câmbio da Toro se mostrou indeciso nas trocas e acabou prejudicando ainda mais a falta de agilidade do modelo da Fiat, com relação peso-torque mais desfavorável (83,9 kg/kgfm ante 80 kg/kgfm da Oroch).
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Mesmo com algumas mudanças no motor 1.8 da Fiat, também adotadas no Jeep Renegade, a picape ainda pede mais fôlego em qualquer situação, principalmente nas ultrapassagens. Não foi à toa que resolveram lançar as versões 2.4. De qualquer forma, se não conseguiram dar mais agilidade à Toro 1.8, tentaram melhorar o consumo incluindo sistema stop-start de série. Mais uma vez, tentativa em vão. De acordo com o Inmetro, com apenas etanol no tanque, faz preocupantes 5,8 km/l na cidade e 7,4 km/l na estrada, números que passam para 8,3 km/l e 10,5 km/l com gasolina, respectivamente. Mais econômica, a Oroch, de acordo com a mesma fonte, é capaz de fazer 7,6 kml e 7,7 km/l com etanol e 11,2 kml e 12,5 km/l com gasolina. E apesar de ter velocidade máxima menor que a da Toro (161 km/h ante 175 km/l), o modelo da Renault faz de 0 a 100 km/h quase no mesmo tempo (12,5 s ante 12,2 s da Toro).
As aparências enganam
Não há como negar que o desenho da Fiat Toro dá um banho de design se comparado com o da Renault Oroch. A quantidade de detalhes arrojados da picape da marca italiana é numerosa. Já começa pelos feixes de LED das lanternas, que dão um aspecto agressivo e arrojado ao utilitário. As lanternas traseiras também chamam atenção, assim como a alta linha de cintura e a porta da caçamba bipartida e aberta para os lados, diferente do convencional. Entretanto, não basta viver de aparências. A Toro também se encaixa no grupo dos carros que valem mais a pena somente em certas versões. E é preciso pensar duas vezes antes de levar para a garagem essa com motor 1.8 e câmbio de seis marchas.
Quer mais uma razão para por em dúvida se a Toro 1.8 vale mesmo a pena? O diâmetro de giro de altos 12,2 metros, ante 10,7 m da Oroch, o que facilita bastante as manobras em lugares apertados, como estacionamentos de shoppings e condomínios. A picape da Renault é bem mais fácil de manobrar, inclusive pelas dimensões um pouco mais compactas (4,70 m de comprimento por 1,82 m ante 4,91 m por 1,84 m da Toro). Portanto, a Oroch se mostrou mais prática no dia a dia. Entretanto, se for mesmo usar a caçamba, a da Fiat é um pouco mais espaçosa, com 820 litros ante 683 da Renault. Mas é bom lembrar que para ambas levarem motos é preciso adotar um extensor de caçamba.
Além da questão da aparência, a Toro 1.8 só se sai melhor que a Oroch na questão dos equipamentos disponíveis. A sofisticação da picape da Fiat é maior. Mas alguns itens soam como um certo exagero e uma picape. Na Oroch Dynamique, como a avaliada, existe o essencial e até algo a mais, como multimídia com GPS, faróis auxiliares de neblina e barras metálicas na capota para ajuar a levar bagagem extra. Mas bem que a Renault poderia oferecer uma câmera de ré para facilitar as manobras de estacionamento.
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Em movimento, ambas as picapes se saem bem no dia a dia, passando por piso irregular sem reclamar e contornando com certa segurança as curvas, lembrando que a Fiat Toro vem com controle eletrônico de estabilidade (ESP), item que não é oferecido nem como opcional da Renault Oroch, cujo nível de ruído diminuiu bastante com o novo motor 1.6 SCe, assim como a vibração, o que levou a um bom ganho de conforto. Nas duas picapes a visibilidade é boa, mas o ângulo de visão dos retrovisores da Toro é consideravelmente maior. Mas é bom recolhê-los ao passar por lugares apertados.
Conclusão
O pareo entre a Toro 1.8 e a Oroch 1.6 não é fácil. Mas o modelo da Renault sai com uma vitória apertada por ter evoluído nas questões de desempenho, consumo e conforto com o novo motor 1.6, por ter o essencial na versão Dynamique e pela grande diferença de preço na comparação com a rival da Fiat, embora seja mais estilosa e equipada.
Se quiser uma Fiat Toro, pense nas versões 2.4 e na diesel 2.0, que fazem mais sentido levando em conta não apenas o porte da picape, mas também o nível que sofisticação proposto para o modelo. Assim, como picape intermediária, a Fiat 1.8 não justifica o que custa, ainda mais levando em conta o conjunto e o pacote de equipamentos da Oroch Dynamique.
Além da Fiat Toro e da Renault Oroch, outras picapes intermediárias estão para serem lançadas. Uma delas é a que será feita sobre a mesma plataforma do Polo. Além disso, tem a versão de produção da Hyundai Creta STC.
Ficha Técnica - Fiat Toro Freedom 1.8 AT
Preço: a partir de R$ 88.980
Motor: 1.8, quatro cilindros, flex
Potência: 139 cv (E) / 135 cv (G) a 5.750 rpm
Torque: 19,3 kgfm (E) / 18,8 kgfm (G) a 3.750 rpm
Transmissão: Automático, seis marchas , tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Multibraço (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / tambores (traseiros)
Pneus: 215/65 R16
Dimensões: 4,92 m (comprimento) / 1,84 m (largura) / 1,68 m (altura), 2,99 m (entre-eixos)
Tanque: 60 litros
Caçamba: 820 litros
Consumo etanol: 5,8 km/l (cidade) / 7,4 km/l (estrada)
Consumo gasolina: 8,3 km/l (cidade) / 10,5 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 12,2 segundos
Velocidade máxima: 175 km/h
Ficha Técnica - Renault Oroch 1.6 Dynamique
Preço: a partir de R$ 76.950 ( unidade avaliada, R$ 78.550)
Motor: 1.6, quatro cilindros, flex
Potência: 120 cv (E) / 118 cv (G) a 5.500 rpm
Torque: 16,2 kgfm a 4.000 rpm
Transmissão: Manual, cinco marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Multibraço (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / Tambores (traseiros)
Pneus: 215/65 R16
Dimensões: 4,69 m (comprimento) / 1,82 m (largura) / 1,70 m (altura), 2,82 m (entre-eixos)
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 683 litros
Consumo etanol: 7,6 km/l (cidade) / 7,7 km/l (estrada)
Consumo gasolina: 11,1 km/l (cidade) / 11,2 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 12,5 segundos
Velocidade máxima: 161 km/h