Chega a ser irônico. Na semana em que a greve dos caminhoneiros começou a afetar os postos de gasolina de São Paulo, nossa redação queimou litros de gasolina acelerando Camaro e Mustang sob os olhares incrédulos de quem não conseguia abastecer. Com o fim do comparativo, volto à nossa redação para andar um pouco mais com o Porsche Panamera 4 E-Hybrid, o sedã esportivo que dá risada de quem ainda não entrou de cabeça no mundo dos carros híbridos. Esnobes? Somos sortudos, eu diria.
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O Porsche Panamera híbrido chama muita atenção na rua. As pessoas sempre dão aquela virada de pescoço para apreciá-lo mais uma vez. Os mais atentos chegam a apontar para o emblema “hybrid” que discretamente ilustra o para-lamas do modelo. Este é o único recurso externo para sacar que estamos tratando de um carro híbrido.
Desvio das filas imensas nos postos de gasolina da zona sul, enquanto saboreio a sensação de ser um milionário que apostou na tecnologia híbrida e se deu bem. Como a maior parte das pessoas já está trocando o carro pelo transporte público, parece até que desfilo em uma passarela.
Caminho livre para algumas puxadas mais assíduas. Este 911 travestido de sedã familiar aposta em um vigoroso V6, 2.9 biturbo, com 330 cv, com câmbio automático PDK, de oito marchas. Neste caso, também há um motor elétrico que, individualmente, produz 136 cv e 40,8 kgfm de torque, gerando até 50 km. Uma das grandes críticas ao Toyota Prius é o seu desempenho, entregando menos de 100 cv. Mas, faça as contas. No caso do Panamera híbrido, são 462 cv e 71,4 kgfm de torque, contando as duas unidades. Um supercarro para quem quer economizar.
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Claro, há um bom pacote de baterias para segurar a brincadeira. Com 14 kW/h, o conjunto foi desenvolvido pela Samsung e pesa 130 kg. Mas o híbrido parece não sentir as mais de duas toneladas. Como o ex-jogador de basquete Shaquille O’Neal, o Panamera consegue ser pesado, largo e incrivelmente ágil. Pisando fundo, grudo nos confortáveis bancos em couro premium enquanto o monstro chega a 100 km/h em apenas 4,7 segundos.
A distribuição de potência entre as quatro rodas varia em 10%, entre 80% na traseira e 20% na dianteira, mas também é possível jogar toda a força do carro para a parte de trás, o que seria apenas recomendado para situações de pista, dependendo do “braço” do motorista. O Panamera híbrido pode ser bem traseiro, ainda mais fazendo curvas em velocidade.
É uma pena que sua usabilidade no Brasil, ainda esteja um pouco comprometida. O Porsche Panamera ocupa uma faixa da Marginal Pinheiros por inteiro. O carro tem 1,93 metro de largura, dificultando a vida de quem vai manobrar. Como nosso estacionamento não é dos maiores, pedi para o gerente reservar uma vaga exclusivamente para o nosso monstro - onde costumam colocar picapes médias. Portanto, acostume-se a reservar a melhor vaga para não passar apuros. Na hora de sair, a altura do solo também é um problema. A rampa da redação nem chega a ser tão íngreme, mas o Panamera cisca o chão no meio. Consequência dos 3,1 metros de entre-eixos.
Ostentação fora do normal
O Panamera é o que chamamos de plug-in hybrid. Ou seja, é possível carregar suas baterias durante desacelerações e frenagens além, é claro, da tomada elétrica. O tempo para recarga varia entre quatro e oito horas em uma tomada convencional de 220V. A Porsche também disponibiliza uma tomada industrial de cinco pinos e 7,2 kWh, que é capaz de carregar o Panamera por completo em apenas duas horas. Nem precisamos utilizar, pois a marca nos entregou o carro com tanque de gasolina e carga elétrica, ambos cheios.
Na Europa, onde a energia elétrica é mais em conta durante a madrugada, os carregadores smart conseguem encontrar os melhores momentos para a recarga. Algo que não traz benefício algum ao consumidor brasileiro, mas vale a menção…
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Não dá para extrapolar com o pedal do acelerador nas ruas, mas não passei vontade. No ano passado, tive a oportunidade de acelerar o monstro na pista da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo. O Panamera surpreende por seu equilíbrio e disposição para acelerar. No modo Sport, o ronco muda, a suspensão fica ainda mais rígida e o Panamera revela o que tem de melhor. Uma delícia de guiar.
O Porsche Panamera 4 E-Hybrid custa R$ 554.000. Com tudo isso, seria possível levar Mustang e Camaro juntos para a garagem. Mas com os postos de combustível do jeito que estão, você apostaria em qual modelo? O nosso Camaro, por exemplo, está aferindo 4.9 km/l no consumo médio mostrado pelo computador de bordo. Mas, conseguimos devolver o Panamera para a Porsche com o tanque quase cheio de gasolina...
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Ficha Técnica:
Preço: R$ 554.000
Motor: V6 , 2.9, híbrido
Potência: 462 cv
Torque: 71,4 kgfm
Transmissão: Sequencial de oito velocidades
Suspensão: adaptável, a ar
Freios: Discos de cerâmica
Dimensões: 5,04 m (comprimento) / 1,93 m (largura) / 1,22 m (altura)
Tanque : 90 litros
Consumo: Até 40 km/l no modo híbrido // autonomia de 50 km apenas com motor elétrico
0 a 100 km/h: 4,6 s
Vel. Max: 269 km/h