Se você não é usuário assíduo de internet, ou talvez não tenha interesse em saber mais sobre as expressões que o seu filho está usando hoje em dia, talvez se perca no conceito de “hype”. A palavra em inglês corresponde à promoção extrema de um produto; algo que todos estejam enfatizando ao exagero por simplesmente estar na moda. Transpondo este significado ao universo automotivo, podemos dizer que os SUVs são o “hype” da vez. A categoria registrou um aumento absurdo de vendas nos últimos anos, e todos querem um utilitário esportivo para chamar de seu. Em um cenário tão competitivo, como a Chevrolet Spin Activ 2019 pode se inserir?
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Clientes de SUVs compactos estão quase que 100% pautados pela emoção. Os utilitários custam tanto quanto carros médios, mas não entregam o mesmo espaço; excedem preços de esportivos, mas não proporcionam o desempenho equivalente. Entre suas vantagens, talvez a superação das lunares ruas brasileiras que ficam um pouco melhores em ano de eleição. Mas o que faria uma pessoa se desprender do que está na moda para adquirir algo mais prático e convencional? Eis que enumeramos todos os motivos que nos fariam comprar a nova Chevrolet Spin Activ , em uma categoria quase esquecida, porém totalmente racional.
Desde seu lançamento, a Chevrolet gosta de pautar a Spin como um utilitário esportivo. Não que o termo “monovolume” seja descartado, mas os últimos anos forçaram o modelo a competir com outra categoria de automóvel. Se antes tínhamos a Nissan Grand Livina, hoje precisamos nos contentar com um modelo solitário. Não tem problema, pois a Spin tem atributos de sobra para convencer os mais racionais e alguns indecisos.
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Na prática, seu entre-eixos de 2,62 m nem chega a ser tão superior em relação aos SUVs compactos. O Creta, por exemplo, tem 2,59 m, enquanto o Renegade tem 2,57 m. Mas o espaço interno da Spin continua sendo muito melhor graças ao banco deslizante que passou a ser item de série na linha 2019. Um passageiro mais alto - como é o meu caso - poderá ajustar a segunda coluna de assentos em onze níveis, para frente e para trás. Vale dizer que os bancos dianteiros também foram redesenhados para proporcionar mais espaço para os passageiros a segunda fileira. Considerando os 1,76 metro de largura, a Spin é capaz de levar cinco adultos com conforto.
Duas crianças não muito grandes conseguem viajar sem apertos na terceira coluna. Tem até porta-copos em ambos os lados para acrescentar um pouco mais de requinte. O banco corrediço é um dos motivos da Chevrolet não ter um tamanho exato para o porta-malas da Spin. A marca divulga que o modelo de cinco lugares tem entre 710 litros e 750 litros, enquanto o modelo Activ de sete lugares que testamos traz 162 litros.
As qualidades familiares da Spin ficam cada vez mais claras conforme descobrimos o modelo. A Chevrolet instalou um sistema de segurança que evita o esquecimento de crianças e objetos no banco traseiro, bem semelhante ao que foi apresentado no Equinox . O dispositivo reconhece se o motorista abriu as portas traseiras até dez minutos antes da partida, considerando que uma cadeirinha foi colocada na ancoragem Isofix. Trata-se de um ótimo sistema de segurança para diminuir o número de crianças esquecidas.
A Spin preserva a posição de dirigir dos monovolumes, mas está longe de ser um carro ruim de guiar. Afinal, ela não faz sucesso com as pessoas que mais entendem de carro no País - os taxistas, claro - à toa. O banco dianteiro é confortável, porém alto. Mesmo ajustando-o na posição mínima, sigo com a impressão de que estou mais elevado que o ideal. O volante multifuncional tem regulagem de altura, mas fica devendo a profundidade que faz tanta diferença para quem tem pernas e braços compridos.
Você viu?
Antes da partida, uma olhadinha no painel. O plástico duro que reveste toda a superfície recebeu uma nova textura que acrescenta toques de requinte. Arremates cromados em volta da central multimídia e saídas de ar dão o ar da graça, deixando a Spin ainda mais refinada. Tal como o Cobalt, feito em São Caetano do Sul (SP), o utilitário é bem montado e não passa impressão de fragilidade.
Chave na ignição e o novo cluster se acende. A GM pode ter sido muito feliz ao substituir o antigo painel de coloração azul, mas ficou devendo um computador de bordo mais completo com mostrador digital de velocidade.
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Grandalhona, a Spin pode parecer pouco maleável ao volante. Apesar do design que divide opiniões - agora mais elegante - sua dirigibilidade é um ponto a ser destacado. Guiando o utilitário na cidade e na estrada, fica claro que a posição de dirigir mais alta não é cansativa. Apesar do ângulo do banco, as costas ficam muito bem acomodadas, garantindo conforto ao motorista. O bom câmbio de seis velocidades, o mesmo do Cruze da geração anterior, tem um casamento feliz com o motor 1.8 de 111 cv a 6.000 rpm e 15,3 kgfm a 5.200 rpm. Bem escalonada, a transmissão permite trocas de marcha suaves, ainda que perceptíveis. O motor tem força suficiente para cumprir suas atividades urbanas, ainda que o motorista tenha que agredir o acelerador em ultrapassagens na estrada. O pênalti é não integrar controle de estabilidade e tração.
Conforme os dados divulgados pelo Inmetro, a Spin faz 7,0 km/l na cidade e 8,3 km/l na estrada com etanol. É melhor abastecer com gasolina, onde os números sobem para bons 10,3 km/l na cidade e 12 km/l na estrada. O tanque tem 53 litros de capacidade.
Uma família moderna precisa de um carro conectado. A Chevrolet está dando uma atenção especial para isso, disponibilizando o bom sistema MyLink. Rápido e intuitivo, conta com todas as conectividades Bluetooth, auxiliar e MP3. a GM ainda instalou o sistema OnStar de assistência, que funciona como um concierge pessoal. O dispositivo, é claro, só estará disponível através de uma assinatura.
A Chevrolet Spin Activ vale?
Pois bem, eis que chega a hora de colocar todos os preços de automóveis de sete lugares no papel e fazer a sua escolha. A Chevrolet Spin Activ
2019 custa R$ 79.990 com todos os equipamentos que mencionamos. Pelo preço, um de seus potenciais rivais seria o antiquado Doblò
, que está muito mais para um veículo comercial que automóvel. Ele deixa as lojas por absurdos R$ 87.190. Acima deles, o mais barato seria o novo Lifan X80 que chega por elevados R$ 129.990 e acaba entrando em uma categoria mais premium de SUV. É mais fácil fugir do “hype”, comprar a Spin e sair para curtir o fim de semana com a família. Confira a ficha técnica abaixo.
Preço: R$ 79.990
Motor: 1.8, quatro cilindros, flex
Potência: 111 cv a 6.000 rpm
Torque: 15,3 kgfm a 5.200 rpm
Transmissão: Automático, seis marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 195/65 R15
Dimensões: 4,36 m (comprimento) / 1,74 m (largura) / 1,68 m (altura), 2,62 m (entre-eixos)
Tanque : 53 litros
Porta-malas: entre 710 e 750 litros (162 litros com sete lugares)
0 a 100 km/h: 10,6 segundos
Vel. Max: 173 km/h