De monovolume a hatch, a trajetória do Mercedes Classe A no mercado tem sido marcada por altos e baixos. Com a chegada da nova geração, o carro ficou com linhas arrojadas e impressiona pelo visual. Além disso, resolveram mudar tudo por dentro do Mercedes A250 e adotaram uma tela horizontal que serve de quadro de instrumentos e sistema multimídia, tudo para mostrar que marca sabe falar a língua dos jovens endinheirados, principal público-alvo da novidade.
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A questão é que, em primeiro lugar, as vendas de hatches de luxo sucumbiram no Brasil e esse tipo de carro passou a fazer parte de um nicho. Depois, o novo Mercedes A250 (R$ 194.900) tem uma grande pedra no sapato: o VW Golf GTI (R$ 151.530), hatch esportivo que custa bem menos e, no final das contas, acaba sendo mais interessante se a ideia é ter algo que seja bem ágil e empolgante na garagem, mas que não custe muito.
Não resta dúvida de que o novo Mercedes Classe A250 tem lá suas qualidades. Começa com a parte aerodinâmica impecável, com coeficiênte de arrasto (Cx) de meros 0,25, um dos mais baixos hoje em dia. Isso acaba ajudando na estabilidade e até na economia de combustível. O cuidado em atingir a perfeição em deixar o ar fluir com o máximo de facilidade é notada em detalhes como as ranhuras na parte de dentro dos retrovisores.
Mas tivemos mais decepções que boas surpresas no dia a dia com o novo A250. Ok, o motor 2.0 turbo, rende interessantes 224 cv e 35,7 kgfm a 1.800, coincidentemente a mesma força do GTI. Porém, tente acelerar um pouco mais forte e o controle de tração começa a ter um trabalho daqueles em evitar que as rodas dianteiras girem em falso. No caso da unidade avaliada, houve o piso molhado, dos dias chuvosos em São Paulo, como fator desvaforável.
Entretanto, a relação peso-potência abaixo de 7 kg/cv (6,45 kg/cv) do hatch complica um pouco o controle da frente do carro, que tende a ficar passarinhando ao pisar mais forte no pedal da direita. Não é à toa que o A250 tem versão com tração integral (4Matic) na Europa e em outros mercados. Além disso, a suspensão tem ajuste ligeiramente mais rígido que o ideal para o piso mal conservado da maioria das vias no Brasil, causando certo desconforto ao passar por piso irregular.
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Com apenas 10,4 cm de vão livre do solo, o A250 raspa com facilidade em valetas e obstáculos pelo caminho. Em compensação, nas curvas, o carro se sai bem, transmitindo segurança por estar sempre estável, ajudado pelos pneus de perfil baixo (225/45R 18), Hankook na unidade avaliada. Ponto positivo também para os competentes freios, a disco nas quatro rodas, mas a direção com assistência elétrica poderia ser um pouco mais comunicativa.
O câmbio é automatizado, de sete marchas e dupla embreagem, com hastes atrás do volante, mas o comando principal é a alavanca na coluna de direção. Acionando o modo sequencial, as trocas são feitas com rapidez. E conforme os dados da fabricante, o A250 Vision acelera de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos e atinge 250 km/h, números próximos do GTI (7 segundos e 238 km/h, respectivamente).
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Mercedes moderno, mas...
Na chuva que caiu na capital paulista durante o período que avaliamos no carro também foi possível notar que o limpador de para-brisa do A250, item que sempre foi um exemplo de eficiência nos Mercedes , não estava funcionando a contento. Ao contrário de vários modelos da marca alemã, desde o sedã E190, o limpador não vem com nada de diferente, como movimento semicircular, entre outros recursos, patenteados da fabricante. Um retrocesso?
Também foi difícil de acreditar, mas o retrovisor interno do A250 não é eletrocrômico. Pois é, para evitar ofuscamento, é preciso recorrer a antiga lingueta (dia/noite), igual a de qualquer carro popular. Também não nos conformamos de não ter encontrado uma entrada USB de fácil acesso, já que o padrão usado foi o USB-C. Apenas para emergências, há como recorrer a um cabo dentro do console central.
Se for levar cinco ocupantes, quem for sentado no centro do banco traseiro vai ficar incomodado não apenas pelo console central mas também pelo túnel estrutural do monobloco, por onde passa o eixo cardã das versões com tração intregral. Também achamos que o sistema de som poderia ter qualidade mais caprichada, de alta-fidelidade, equipamento levando muito em conta em um hatch com apelo esportivo que beira os R$ 200 mil.
Um das principais novidades do A250 Vision é a nova inteligência chamada MBUX (ou User Experience). O sistema funciona como a Siri da Apple, ou a Bixby dos celulares da Samsung. Basta pronunciar uma saudação, como “Olá, Mercedes”, ou “E aí, Mercedes”, para que a central pergunte o que você deseja fazer.
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Há uma verdadeira infinidade de funções, que vão desde ajustes do ar-condicionado, informações sobre o veículo e dados da rota. Ela atende até mesmo comandos muito específicos, como ligar a luz de leitura do lado esquerdo. Mas nem sempre essa tecnologia entende o que você fala. Confira o vídeo acima para entender na prática.
Conclusão
Beleza, arrojo e aspecto moderno o Mercedes A250 Vision tem de sobra. Mas decepciona por uma série de detalhes importantes que aparecem no dia a dia. Pelo o que custa, fica difícil recomendá-lo em vez do VW Golf GTI, um esportivo até mais empolgante de guiar e que pesa bem menos no bolso.
Ficha técnica
Mercedes-Benz A 250 Vision
Preço: R$ 194.900
Motor: 2.0, gasolina
Potência: 224 cv a 5.800 rpm
Torque: 35,6 kgfm a 1.800 rpm
Transmissão: sete velocidades, dupla embreagem
Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
Pneus: 225 / 45 R18
Porta-malas: 370 litros
0 a 100 km/h: 6,2 s
Vel. Máx: 250 km/h