A segunda geração do Honda HR-V estreou no mercado brasileiro em agosto de 2022 com a missão de suceder o carro que trouxe diversas inovações para o segmento de SUVs compactos , e chegou a ser o mais vendido entre o segmento em 2015 e 2016.
Em sete anos , muita coisa mudou e o próprio HR-V não é o mesmo. A segunda geração fez o SUV crescer e ficar mais tecnológico para acompanhar os rivais . Entretanto, em 2023, o HR-V foi “apenas” o 7º no ranking de vendas em seu segmento, perdendo para modelos menores. Entretanto, o HR-V Touring segue sendo um carro digno de elogios .
Visualmente, o HR-V é muito mais impactante que a geração anterior. A grade dianteira de tamanho avantajado e com acabamento em black piano nessa versão, dão estilo e imponência ao modelo. Os faróis finos em LED complementam o visual.
A lateral é caracterizada pelo caimento do teto que pode até parecer acentuado demais, mas casa bem com a proposta do modelo. Pessoas desatentas ou de altura mais elevada, podem acabar batendo a cabeça ao entrar nos assentos traseiros.
A traseira abriga o principal ponto visual do HR-V. A lanterna com acabamento “cristal” é um toque estético muito interessante, porém, é exclusividade das versões com motor 1.5 Turbo (Advance e Touring). As duplas saídas de escape também dão um visual diferenciado ao modelo.
Internamente, o padrão de bons acabamentos da Honda é mantido . Essa versão conta com bancos em couro e acabamentos na porta e painel também com o mesmo material. Particularmente, o tom claro desses acabamentos não me agradou, mas é algo que deve agradar os compradores dessa versão, que é a única que oferece couro claro.
Segundo a Honda, os assentos do HR-V contam com estrutura que ajuda na estabilização do corpo e reduz o nível de fadiga durante longas viagens. Não consegui testar nessa situação, mas durante a semana de teste, o banco se mostrou bem confortável .
O motorista tem ajustes elétricos para o banco , enquanto para o carona são apenas manuais. O painel de instrumentos é parcialmente digital . O lado direito abriga o medidor de velocidade, analógico, enquanto o lado do conta-giros é digital, servindo também para exibir informações diversas sobre o veículo.
O volante tem acabamento em couro e detalhes em black piano nos botões. A empunhadura é excelente e a resposta é bem rápida em manobras. Os ajustes de profundidade e altura facilitam para encontrar a posição de dirigir ideal.
O interior ainda conta com ar-condicionado de duas zonas , carregador de celular por indução , freio de estacionamento eletrônico e central multimídia de 8 polegadas . A central oferece conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, mas só consegui usar o Android Auto com cabo . A câmera de ré funciona de forma satisfatória e possui linhas dinâmicas , entretanto, a central poderia ser melhor , tanto em sentido de dimensões , mas em termos de sistema operacional, que parece ser antiquado . Vale elogiar os comandos físicos para o som, por exemplo.
Os bancos traseiros também são bem confortáveis, com exceção do assento do meio, de dimensões bem curtas. O túnel central é bem baixo, e junto com as saídas de ar traseiras e duas portas USB-A, facilitam a vida dos passageiros em viagens.
Outra funcionalidade interessante do HR-V Touring é a abertura elétrica do porta-malas , que pode ser realizada por botão, na chave ou apenas passando o pé abaixo do parachoque traseiro . Essa funcionalidade, por exemplo, é uma das que o ZR-V , não oferece.
Conforto e consumo impressionante
A bordo do HR-V é possível notar todo o trabalho da Honda em acertar a suspensão do SUV . O conjunto conta com configuração McPherson na dianteira e barra de torção na traseira , consegue filtrar bem as imperfeições do terreno. O ajuste é bem confortável e até levemente rígido, passando segurança sem a impressão de ser um carro molenga.
O consumo divulgado pela Honda no etanol é de 7,9 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada ; com gasolina, as médias sobem para 11,3 km/l na cidade e 12,6 km/l em rodovias . Alcançar e até ultrapassar essas médias na rodovia é extremamente fácil , o motor cresce de forma bem natural, principalmente utilizando o controle de cruzeiro.
Antes de falar do motor, é necessário falar do isolamento acústico do HR-V . O trabalho da Honda foi formidável neste sentido. Na cidade e estrada, pouco se escuta do ambiente externo. O ruído do motor raramente dificilmente invade a cabine, nem mesmo em acelerações onde a rotação vai às alturas.
O motor 1.5 turbo de 177 cv e 24,5 kgfm de torque (com etanol ou gasolina), move os 1.422 kg do HR-V Touring com bastante facilidade. Retomadas são bem suaves. A transmissão é do tipo CVT que simula até sete velocidades e não passam aquela sensação de “enceradeira” que outros carros com esse câmbio emitem.
Em estradas, o conjunto dá bastante confiança para realizar ultrapassagens, já que o torque é entregue entre 1.700 e 4.000 giros , e em velocidade de cruzeiro, dificilmente o HR-V passa das 2 mil rotações .
Sensibilidade
O pacote de segurança e auxílio ao condutor “ Honda Sensing ” é uma grande aposta da marca japonesa, tanto que as versões EX e EXL , as mais básicas do modelo, trazem o Honda Sensing como “sobrenome” no configurador da marca, para mostrar aos possíveis compradores que já contam com essas funções.
Desde a versão EX, o Honda Sensing adiciona Controle de Cruzeiro Adaptativo que pode parar o carro e fazê-lo voltar a se movimentar conforme o trânsito, frenagem autônoma de emergência , sistema de permanência em faixa , sistema de mitigação de evasão da pista e ajustes automáticos dos faróis . Além disso, o HR-V Touring traz freio de estacionamento eletrônico , freios ABS com distribuição eletrônica , controle de tração e estabilidade, controle de descida e de partida em rampa , seis airbags e sistema Lane Watch , que é uma câmera instalada no retrovisor direito.
O Honda Sensing merece muitos elogios , já que funciona de forma excelente, conseguindo até fazer algumas curvas de forma autônoma . Ajustando a distância de detecção para o carro da frente, a condução em estradas é extremamente segura.
Entretanto, o Lane Watch pode ser irritante. A ideia pode ser interessante em mudanças de faixa (da esquerda para a direita somente), mas, por utilizar a central multimídia para exibir as imagens da câmera, pode atrapalhar no uso de aplicativos de navegação , por exemplo.
Mas como o HR-V atrapalha a vida do ZR-V?
Não se confunda pela sopa de letrinhas, são modelos diferentes e com propostas diferentes. Utilizando a mesma plataforma do Civic , ZR-V é 18 cm maior em comprimento , 2 cm mais baixo, 5 cm mais largo, e apenas 4 cm maior no entre-eixos que o HR-V. Em termos de porta-malas, o ZR-V tem 35 litros a mais de capacidade que os 354l do HR-V . O vão livre do solo do HR-V é 4mm maior do que no ZR-V.
Além disso, o ZR-V não conta com abertura elétrica do porta-malas, saída de ar-condicionado para os bancos traseiros, e oferece apenas motor 2.0 aspirado de 161 cv e 19,1 kgfm de torque , apesar de custar R$ 214.500 , ou seja, R$ 18.700 a mais que o HR-V Touring . Em contrapartida, o ZR-V traz teto solar , o que não é oferecido nem como opcional para o irmão menor.
O que pode fazer o consumidor preferir o ZR-V em relação ao mais acessível HR-V ? O ZR-V conta com volante e interior diferenciados do irmão menor, mas são parecidos. Vendido em versão única, o ZR-V também traz acabamento de couro em tom claro. O teto solar pode ser um grande diferencial, a central multimídia é 1 polegada maior, mas traz uma interface melhor. No fim das contas, o gosto pode influenciar mais do que o pacote completo.
Conclusão :
O HR-V é um carro tão bom e tão completo, que acaba atrapalhando a vida do seu “irmão maior”. Ano passado, em volume de vendas, superou em cerca de cinco mil unidades o Toyota Corolla Cross , seu principal rival, apesar de não oferecer versões híbridas. O HR-V tem tudo para continuar sendo um sucesso, mas a Honda precisa se atentar e já pensar em versões híbridas e até mesmo uma opção 100% elétrica do modelo , uma vez que os rivais chineses estão explorando esse segmento, e o HR-V é bom demais para ficar a ver navios.
Ficha Técnica Honda HR-V Touring
Motor : 1.5 turbo flex, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, turbo, injeção direta, 177 cv de potência a 6.000 rpm, 24,5 kgfm de torque entre 1.700 e 4.500 rpm na gasolina e etanol
Câmbio : automático do tipo CVT com sete marchas simuladas, tração dianteira
Direção : elétrica
Suspensão : McPherson na dianteira e barra de torção na traseira
Freios : discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus : 215/60 R17
Dimensões : 4,38 metros de comprimento; 1,79 m de largura; 1,59 m de altura; 2,61 m de distância entre-eixos; porta-malas de 354 litros; e tanque de 50 litros