Carregadores de carros elétricos têm particularidades para cada usuário
Thiago Garcia
Carregadores de carros elétricos têm particularidades para cada usuário




Muito se fala sobre a necessidade do crescimento da infraestrutura de carregamento para carros elétricos . Entretanto, cada local possui um perfil próprio de uso e é necessário avaliar o que se espera do espaço, o fluxo, hábitos dos usuários para evitar investimentos equivocados e experiências frustrantes.

Para começar, precisamos avaliar se o local em questão tem um perfil de destino final do usuário, se é um carregamento de conveniência ou uma parada obrigatória para conclusão de rota. Às vezes, os perfis podem ser mal interpretados, o que gera projetos de instalação que não atendam ao usuário.

Para tanto, vamos falar um pouco sobre cada perfil de local:

“Destino”  pode ser considerado o final de um trajeto e que haverá uma estadia por um tempo prolongado, que pode ser desde horas até mesmo dias. Pode-se considerar como  “Destino” : residência, hotéis e até estacionamentos que o usuário passe o dia inteiro -- como no trabalho. 

Para atender um local como esse, deve-se pensar que o veículo ficará por muitas horas na mesma vaga, reduzindo a necessidade de carregadores mais potentes, mas apresentará uma baixa rotatividade do equipamento. O ideal, portanto, é que invista menos em carregadores potentes e mais na quantidade de equipamentos para atender ao público fixo, com 1 carregador para até 4 carros (que ficarão de 4 a 10 horas por sessão nesta vaga).

Os  “carregamentos de conveniência”  são mais comuns em locais de grande rotatividade, como shopping, supermercados, centros empresariais e estacionamentos de prédios comerciais. Por ser um local que não é buscado para a recarga como objetivo principal, espera-se que o tempo de cada carro seja reduzido (entre 1 a 3 horas) e que não necessariamente o usuário irá aguardar o carregamento completo.

Apesar de o carregamento não ser o foco principal do usuário, promover uma experiência positiva pode ser um fator decisivo para a escolha do local. Dessa forma, além da certeza de ter equipamentos suficientes para atender ao fluxo constante, a operação precisa ser eficiente. E, claro, contar com uma assistência disponível quando necessário.  

Cada local pode ter um perfil de público e necessita avaliar quais os modelos de carros mais presentes e o tempo médio destes carros. Neste caso, é mais indicado ter um número próximo à quantidade de veículos elétricos atendidos simultaneamente no local, sem se preocupar tanto com a potência, mas ciente que equipamentos “fracos” podem gerar feedbacks negativos.

Por último, os “carregadores de rota” são mais comuns em rodovias ou avenidas principais. Sua característica é a essencialidade para a conclusão do trajeto do usuário. O fluxo de usuários pode ter uma ocupação de algumas cargas por semana a carregamentos constantes. Independente do fluxo, a importância é extrema e exige monitoramento ativo para prever qualquer falha antes mesmo do recebimento de queixas dos usuários.

Em geral, o tempo de carregamento é menor que nos demais, entre 1 e 2 horas, mas os carregadores necessitam oferecer potências altas para promover autonomias grandes em curto período de tempo. O tempo mais curto para o carregamento deve ser o alvo a se buscar, pois garante que o usuário consiga concluir sua viagem em tempo satisfatório e ainda permite a disponibilidade do equipamento quando chegar o próximo carro.

Perfil do uso tem mudado

Não houve muita alteração no perfil dos locais nos últimos anos, mas o perfil do uso tem mudado para uma ocupação mais constante e frequência maior. Em diversos locais, os carregamentos fora de casa estão se tornando cada vez menos ocasionais para serem definidos como rotineiros. 

Com essa evolução em vista, sugere-se o desenvolvimento de locais com o perfil exclusivamente de serviço, onde o carregador é o objetivo principal do usuário. Muito desejado por motoristas de aplicativos, entregadores e até usuários sem carregador em suas residências, locais e equipamentos que garantam carregamento rápido e em quantidade suficiente para não gerar fila de espera.


Demanda deve aumentar ainda mais

Como exemplo, gosto de citar o carregador que mais utilizo. Trata-se de um carregador DC  de 50 kW da Shell Recharge, na Marginal Tietê, no bairro do Limão. Uma das poucas opções de carregamento em corrente contínua em São Paulo, principalmente quando se refere a carregamento para o Nissan Leaf, que usa plug CHAdeMO.  

Apresenta constantemente filas de carregamento pelos motoristas de aplicativos. Mesmo após a inauguração de mais três carregadores da Shell Recharge, na Grande São Paulo, a demanda ainda exige mais equipamentos na região. Ouso dizer que, ainda que dobremos a quantidade de carregadores, a busca será grande em todos os locais. 

Se um carregador em rota precisa ser rápido o suficiente para permitir a continuidade da viagem, os carregadores de serviço serão estratégicos para promover a continuidade da atividade laboral dentro do expediente de muitos profissionais. 

Agora que temos uma pequena ideia como avaliar, é hora de construir uma rede de carregamento de forma abrangente e adequada para cada finalidade. Lembre-se, sempre avalie o crescimento periodicamente conforme a demanda aumente. 


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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