A chegada do BYD Dolphin Mini prometeu revolucionar o mercado de carros 100% elétricos no país. Mesmo mais caro do que o especulado, o modelo já faz sucesso entre os clientes da marca e está próximo de ser o líder de vendas da BYD por aqui. Muito se especula que o compacto pode ser o primeiro carro produzido localmente pelos chineses , mas o cenário pode ser diferente.
Segundo a coluna de Paula Gama, no portal Uol , o raciocínio de que uma produção local tornaria o modelo mais acessível é mais lógico, afinal, o custo de transporte do modelo será reduzido, e o Dolphin Mini não precisaria pagar mais imposto de importação, que é de 18% para carros elétricos a partir de 1º de Julho .
A coluna ouviu o consultor automotivo Ricardo Bacellar , que afirmou que a questão não é tão fácil de ser resolvida.
"O mercado chinês é muito maior do que o brasileiro e, portanto, tem muito mais escala, o que influencia muito no custo de produção e, portanto, no preço. A menor escala no Brasil traz uma influência negativa quando se pensa no valor final do produto", afirma Bacellar.
Outro fator que pode “jogar contra” os modelos importados na hora de se nacionalizar é a carga de impostos e leis trabalhistas brasileiras, que são diferentes das em vigor na China.
"Trabalhadores brasileiros contratados no regime de CLT têm direitos e benefícios que encarecem demais o custo da produção", afirma.
Vale lembrar ainda que os modelos aqui produzidos terão tributos como IPI, ICMS e PIS/Cofins. Somando todos esses fatores, a produção local não só do Dolphin Mini, mas também dos demais modelos de BYD e GWM (que também tem uma fábrica adquirida no Brasil), pode não resultar em preços mais baixos.
Concorrência pode ditar os preços
"Se você produz um carro onde há concorrência acirrada, você reduz sua margem porque quer concorrer. Quando o carro tem pouca ou nenhuma concorrência, você tem menos apetite para baixar a margem, ou seja, vende o carro um pouco mais caro porque tem uma disputa menor", afirma o especialista.
Somente o Renault Kwid E-Tech - importado da China - é mais acessível que o Dolphin Mini, comparando apenas os carros elétricos oferecidos no Brasil.
Veja uma galeria com imagens do BYD Dolphin Mini
Além de precisar recuperar investimentos na fábrica, a BYD já confirmou que terá um centro de desenvolvimento em Salvador , que será responsável por desenvolver um sistema híbrido flex para seus carros. O especialista diz que esses custos serão repassados ao consumidor em algum momento.
"É interessante para a montadora a longo prazo produzir no país, é importante para a criação de emprego e renda, mas o foco não é a redução no preço. Nessa perspectiva, a discussão sobre redução da cadeia de impostos para quem produz no país é muito mais importante do que a elevação para quem traz produtos importados".