Carro elétrico
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A mobilidade elétrica deverá consumir 3% de toda a energia elétrica produzida no Brasil até 2060. A projeção, realizada pela consultoria Aurora Energy Research, considera um cenário em que os  veículos elétricos alcancem 20% de participação na frota nacional nas próximas três décadas e meia.

O impacto no Sistema Interligado Nacional (SIN) dependerá diretamente dos padrões de recarga adotados pelos usuários. Caso os carregamentos sejam realizados de forma distribuída e em horários de menor demanda, os efeitos sobre a rede elétrica poderão ser significativamente reduzidos.

A análise revela uma transformação estrutural na matriz de demanda energética brasileira, que deixará de ser predominantemente impulsionada pelos setores industrial e residencial para incorporar cada vez mais o consumo de tecnologias emergentes, como a mobilidade elétrica.

Novas tecnologias pressionam matriz energética

Além dos veículos elétricos, outros dois segmentos tecnológicos devem aumentar expressivamente sua participação no consumo energético nacional. Os data centers poderão representar 4% da demanda total até 2060, operando continuamente devido à necessidade de funcionamento ininterrupto.

Meta data center, Altoona
Divulgação
Meta data center, Altoona

A Aurora estima que a capacidade instalada desses centros de processamento de dados no Brasil chegue a 4,75 GW até 2035. Contudo, já existem aproximadamente 15 GW em pedidos de conexão solicitados, indicando um potencial crescimento ainda maior.

A produção de hidrogênio verde por meio de eletrolisadores deve ser responsável por até 8% do consumo elétrico brasileiro em 2060. Este crescimento será impulsionado tanto pelo mercado interno quanto por oportunidades de exportação, especialmente para países europeus.

Desafios de infraestrutura

Apesar do potencial de crescimento, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) rejeitou, em 2025, os primeiros grandes projetos de data centers e de produção de hidrogênio, alegando riscos de sobrecarga no sistema elétrico nacional.

O Ministério de Minas e Energia projeta a possibilidade de disponibilizar até 3 GW adicionais de capacidade de conexão até 2032, valor ainda insuficiente para atender à demanda crescente desses novos segmentos.

A consultoria apresentou dois cenários possíveis para o futuro energético do país. Um prevê crescimento acelerado, exigindo 36 GW adicionais em fontes renováveis e 14 GW em usinas térmicas para suprir a nova demanda.

O segundo cenário considera maior flexibilidade no consumo, especialmente de veículos elétricos e eletrolisadores. Esta abordagem permitiria melhor aproveitamento da energia solar e redução de desperdícios em até 55% até 2060, otimizando a utilização dos recursos energéticos disponíveis.

Atualmente, veículos elétricos, data centers e produção de hidrogênio representam apenas 2% da demanda energética brasileira, mas esse percentual deve aumentar oito vezes nas próximas décadas, alcançando 16% do consumo total de energia elétrica no país.

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