
A China deve assumir a liderança global na produção de lítio — matéria-prima essencial para baterias de carros elétricos — já em 2025, superando a Austrália.
A estimativa aponta para uma produção até 10 mil toneladas métricas superior à australiana no próximo ano.
Mesmo com empresas operando no vermelho, apoio do governo chinês, pressão local por empregos e ambição de manter a liderança em mobilidade elétrica sustentam o avanço do país no setor.
Expansão estratégica na mineração de lítio
Dados da Fastmarkets, divulgadas pela Reuters, indicam que a China poderá produzir entre 8.000 e 10.000 toneladas métricas de lítio a mais do que a Austrália em 2025.
Com isso, o país do oriente consolidará sua posição como maior fornecedora global do metal. Em 2023, a China ocupava o terceiro lugar no ranking.
A previsão de longo prazo projeta que, até 2035, a produção chinesa chegará a 900 mil toneladas métricas, frente às 680 mil da Austrália, 435 mil do Chile e 380 mil da Argentina.
“A China tem uma estratégia muito clara para desenvolver seus recursos minerais”, afirmou Paul Lusty, chefe de pesquisa da Fastmarkets, durante conferência em Las Vegas.
Lítio mais caro, mas abundante
O crescimento chinês se apoia na exploração de lepidolita, tipo de minério rochoso rico em lítio e comum no sul do país.
A extração, porém, é mais cara e ambientalmente sensível que a feita a partir de salmouras, devido à liberação de resíduos tóxicos como tálio e tântalo.
Ainda assim, mineradoras chinesas mantêm altos volumes de produção, motivadas por incentivos estatais e pela necessidade de preservar empregos nas regiões produtoras.
“Essa produção contínua — apesar da falta de lucratividade — começa a fazer muito mais sentido quando você considera todos esses fatores”, explicou Lusty.
Cadeia automotiva e refino sob controle
Além de liderar a extração do lítio, a China também domina o refino do metal, etapa essencial para transformar a matéria-prima em componentes de baterias, como os cátodos.
Hoje, cerca de 70% do refino mundial está concentrado no país — porcentual que deve cair para 60% até 2035 com o avanço de concorrentes internacionais.
A supremacia também se estende à indústria automotiva: mais de 60% dos veículos elétricos vendidos no mundo em 2024 foram comercializados na China, segundo dados da LG Energy Solutions.