
Os carregadores rápidos de veículos elétricos, vistos como símbolos da transição para uma mobilidade mais limpa, também podem ser fonte de poluição do ar.
Um levantamento realizado em 50 estações de recarga em Los Angeles, nos Estados Unidos, mostrou que a concentração de partículas finas nesses locais superou a média urbana e, em quase metade dos pontos, ultrapassou as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A medição registrou 15,2 microgramas de partículas por metro cúbico – resultado superior ao encontrado em áreas urbanas como parques e ligeiramente acima do observado em postos de gasolina.
Segundo os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), a emissão ocorre principalmente por ventiladores que resfriam os gabinetes de energia dos carregadores, lançando poeira e resíduos ao ar.
Riscos e respostas do setor
Com a instalação de 703 novas estações no segundo trimestre, os Estados Unidos já somam 11.400 pontos de recarga rápida, e centenas de outras devem ser abertas até o fim do ano.
O avanço da rede, porém, pode consolidar um problema de saúde pública se ajustes técnicos não forem adotados agora.
Empresas afirmam que já estudam soluções. A ChargePoint, maior operadora norte-americana, disse que vai incluir filtros de ar nos equipamentos.
A Tesla, cuja rede de Superchargers foi analisada, não respondeu ao pedido de comentário do site Bloomerang, que divulgou o resultado dos estudos.
Especialistas em qualidade do ar ressaltaram no estudo que, embora o impacto dos carregadores seja relevante, os veículos a combustão e os postos de gasolina continuam sendo fontes de poluição muito maiores.
Ainda assim, defendem que a expansão da infraestrutura elétrica venha acompanhada de normas para reduzir o risco de material particulado.
Próximos passos
Os autores do estudo recomendam que novos carregadores evitem ser instalados perto de escolas e áreas residenciais.
Também sugerem a adoção obrigatória de filtros em equipamentos de alta potência.
Sem esses ajustes, alertam, a promessa de uma transição “mais limpa” pode ser comprometida pela própria tecnologia que busca substituir os combustíveis fósseis.