Certo dia, enquanto almoçava com um executivo da BMW do Brasil, disseram que a marca alemã já não se entende mais como uma montadora de carros. Agora, preferem o termo “empresa de mobilidade urbana”. Isso mostra que estamos passando por uma era transitória, onde a indústria que evoluiu e se instaurou durante o século XX já não faz mais sentido.
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Para cada novo prédio que surge em construção nos nossos bairros, já imaginamos o impacto que isso terá no trânsito local. Todos aqueles novos moradores, com suas máquinas poluidoras que ocupam grande espaço no meio urbano, indo para as mesmas concentrações de empresas. A Tijuca, no Rio de Janeiro, a Vila Olímpia, em São Paulo e a Savassi ,em Belo Horizonte, ficam abarrotadas de adultos estressados e infelizes.
Conforme pesquisa feita pela empresa Tom Tom (aquela dos navegadores GPS), entre as cidades brasileiras, São Paulo caiu bastante no ranking dos maiores índices de congestionamento, ocupando apenas o 71° lugar no mundo, mas ainda há muito a avançar. No Brasil, porém, Rio de Janeiro está em 8°, atrás apenas de Chengdu (China), Istanbul (Turquia), Bucareste (Romênia), Chongquing (China), Jacarta (Indonésia), Bangkok (Tailândia) e Cidade do México.
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Neste cenário, muitos já pensam em deixar o automóvel de lado. Não apenas pelo alto valor para se manter um veículo (com pneus, seguro, licenciamento, combustível e manutenção), mas também pelo preço para tirar uma CNH, que já encosta em R$ 1,4 mil. Para a nossa sorte, o Brasil teve alguns avanços bem interessantes em novas soluções de mobilidade.
A última milha
Quem anda pela zona sul de São Paulo viu que a região foi tomada por bicicletas e patinetes elétricos . Eles funcionam bem para acabar com o problema conhecido internacionalmente como “ the last mile ” (a última milha).
Em alguns casos, até há uma estação do metrô, ou terminal de ônibus nas intermediações do trabalho, mas as pessoas preferem ir de carro e parar num lugar mais próximo. Os aplicativos de patinetes e bicicletas servem como uma solução inteligente para este problema, facilitando o trajeto que deveria ser feito a pé.
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Para que o uso seja eficaz, é necessário que o cidadão tenha uma estrutura especial para seu uso. Há seis anos, a prefeitura começou a expandir as ciclovias na capital paulista e, até dezembro último, a cidade já atingiu 468 km, tornando-se a maior da América Latina e superando Paris (394 km) e Amsterdã (394). Não é à toa que muita gente mudou de hábito, preferindo bicicletas e patinetes.
Mas o transporte público continua sendo um empecilho. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que 80% dos cidadãos entrevistados se dizem insatisfeitos com o trânsito e com a qualidade do transporte público em suas cidades no Brasil. O mesmo levantamento ainda diz que 58% dos motoristas deixariam o carro em casa se as condições fossem melhores. Em qual perfil você se encaixa? Responda abaixo.
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Em contraste, a Prefeitura de São Paulo reduziu a frota de ônibus em 1 mil veículos, aumentando o número de baldeações para moradores da periferia em 2019. Isso acarreta em mais tempo de deslocamento, além de ônibus lotados. Para o professor de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília, Joaquim Aragão, a baixa qualidade do transporte público aumentou a preferência por motocicletas. “As pessoas preferem arriscar a própria integridade física em acidentes que ficar duas horas em pé no ônibus”, disse à Agência Brasil
Na Europa, a Mini apresentou um conceito de scooter elétrico com as linhas arredondadas e o estilo retrô. O motor é instalado na roda traseira e funciona a partir de baterias de íons de lítio compactas, que são recarregadas em tomadas de energia domésticas convencionais, com a ajuda de um cabo de carregamento integrado à parte traseira da motocicleta. Sem dúvidas, uma alternativa mais inteligente e sustentável que veículos convencionais, porém insegura.
Veículos alternativos e sustentáveis
A popularização de veículos elétricos pode ajudar a reduzir a poluição dos grandes centros urbanos. De acordo com um estudo divulgado pelo Instituto de Saúde e Sustentabilidade do Rio de Janeiro, a poluição no trânsito já mata mais que acidentes de carro na cidade. Entre 2006 e 2012, o levantamento mostrou que 36.194 mil pessoas morreram de problemas respiratórios, enquanto apenas 16.441 estiveram envolvidas em fatalidade de trânsito.
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Mas ainda existem contrastes quando falamos sobre aposentar a ideia de ter um carro. Como foi dito por Maurício Feldman, CEO da Volanty (plataforma de venda de seminovos), carros ainda são associados ao prestígio social. “Muitas vezes, esta é uma das compras mais valiosas que uma família pode fazer na vida”, ressalta o executivo. “Mesmo com os custos e o atrativo dos aplicativos, o cidadão leva em conta a conveniência, liberdade e praticidade de se ter um automóvel.” Em que time você fica nesse debate de contrastes sobre mobilidade urbana ?
*Com informações da Agência Brasil