Fábrica da Fiat em Betim (MG), que acaba de receber investimentos de R$ 500 milhões, apenas para fabricar novos motores
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Fábrica da Fiat em Betim (MG), que acaba de receber investimentos de R$ 500 milhões, apenas para fabricar novos motores

Além do balanço mensal, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) passa a mostrar algum estudo sobre as razões pelas quais a indústria automotiva não deslancha no Brasil. Dessa vez, apresentaram detalhes sobre como a burocracia e a alta carga tributária consome dinheiro e força de trabalho no País.

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Focando apenas no setor automotivo, a Anfavea calcula um gasto anual de R$ 2,3 bilhões só com esse custo burocrático-tributário, valor maior que o R$ 1,5 bilhão previsto com Pesquisa e Desenvolvimento no programa Rota 2030. “Ou acabamos com esse sistema tributário ou ele acaba com o Brasil”, afirma Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea.

O executivo citou como exemplo o fluxo de importação do airbag, item obrigatório nos veículos nacionais, que demanda 15 passos burocráticos de requerimentos, o que pode demandar 50 dias de processamento.

De fato, é um caso sério não apenas a questão da burocracia, quanto várias outras, entre as quais, a carga tributária. Para se ter uma ideia, os carros vendidos no Brasil com motor de 1.0 litro de cilindrada tem 37,2% de imposto. Isso siginfica que de R$ 33.290 que custa um Renault Kwid básico, R$ 12.300 é imposto. Achou muito? Então saiba que em modelos com motores acima de 1.0 até 2.0, a alíquota sobe para 43,7%.  Enquanto isso, no México, paga-se apenas 16% de imposto, independente do carro em questão.

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Se o caro leitor achou essa questão do imposto um absurdo, lamento informar que isso é apenas a ponta do iceberg , Existem vários outros entraves que tornam a indústria automotiva no Brasil pouco competitiva em relação a outros mercados. Mesmo assim, a Anfavea mantém a previsão de alta de 11,4% nas vendas em 2019 em relação ao ano anterior e divulga resultados positivos em maio em relação ao mês de abril.

 Setor automotivo continua marchando no País

Fábrica da GM Brasil, também recebe investimentos para produção de novos produtos
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Fábrica da GM Brasil, também recebe investimentos para produção de novos produtos



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No mês passado, foram vendidos 245,4 mil unidades de automóveis e comerciais leves, ante 231,9 mil de abril, o que representa um crescimento de 5,6%. Na comparação nos cinco primeiros meses de 2019 em relação ao mesmo período de 2018, houve uma alta de 12,5% (964,8 mil ante 1,085 milhão). Mas isso é atacado.

No varejo, segundo o presidente da Fenabrave,  Alarico Assumpção Júnior, em maio, o mercado apresentou estabilidade com relação ao mês de abril. "Ao analisar o desempenho, em dias úteis, sendo 22 dias em maio, contra 21 dias em abril, o mercado evoluiu 0,78%, no setor como um todo. Esta estabilidade é o reflexo da frustração da população, causada pela demora na aprovação das Reformas, o que resulta na queda das expectativas, tanto do consumidor, quanto do empresário", explicou

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Esta estabilidade é o reflexo da frustração da população, causada pela demora na aprovação das Reformas, o que resulta na queda das expectativas, tanto do consumidor, quanto do empresário", explicou o Presidente da entidade. 

E este voo de galinha em que anda a economia no Brasil acaba deixando o setor automotivo em compasso de espera em relação à provação das Reformas necessárias para o País não entrar em colapso, mas também leva à alternativas, como novos acordos comerciais, visando as exportações. De acordo com a Anfavea, existem conversas avançadas com a União Europeia, que deverá a passar a render frutos dentro de dois anos.

BMW X1 exportado
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Com novos acordos comerciais, indústria automotiva deverá passar a exportar mais

Também há conversas com outros países, como o Canadá e o próprio México, com o qual o Brasil mantém atualmente um acordo de livre comércio para automóveis e comerciais leves que deverá ser ampliado com a inclusão de caminhões. São movimentações para deixar de depender da quase falida Argentina para exportar. A projeção para 2019 é que ocorra uma queda de 42,2% nas exportações em função, principalmente, na forte crise no país vizinho.

Diante de todos os problemas a serem enfrentados, pelo menos, os avanços em termos de eficiência e segurança dos carros vendidos no Brasil estão assegurados pelo novo regime automotivo, o Rota 2030, o que siginifica que virão modelos de melhor qualidade pela frente para o consumidor. Boa notícia também é que, apesar dos pesares, a Anfavea vem tendo boas impressões da equipe que cuida da aprovação da reforma da Previdência.

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Embora exista um caminho tortuoso pela frente, tudo indica que o setor automotivo deverá continuar se desenvolvendo no Brasil. Há muito no que avançar nas questões burocráticas, tributárias e de infra-estrutura, mas temos um potencial grande, o tal do "gigante adormecido" que precisa acordar e se dispor a caminhar a passos largos.

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