Os SUVs continuam ganhando as ruas enquanto exercem um papel fundamental para as fabricantes. A Ford inaugurou a receita de como criar um utilitário compacto, em 2003, quando lançou o EcoSport sob a mesma plataforma do compacto Fiesta - e todas as outras vieram atrás. Na prática, continuam sendo veículos compactos (tanto em estrutura quanto conjunto mecânico), mas atraídas pelo visual aventureiro as pessoas acabam se mostrando dispostas a pagar caro por esse tipo de carro.
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Eis o principal tópico pelo qual todas as fabricantes correm contra o tempo para lançar mais e mais SUVs: eles são rentáveis. Gasta-se pouco em engenharia (afinal, as bases já existem), o interior não precisa ser tão requintado na montagem e o conjunto mecânico é aproveitado de hatches menores. Os SUVs já correspondem a 25,7% do mercado nacional, de acordo com balanço de agosto publicado pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos).
É natural que as marcas tentem elevar as vendas de outros modelos acrescentando apelo aventureiro. Da mesma forma, outras preferem se distanciar dos SUVs como se estivessem lançando um veículo próprio e exclusivo, que você jamais encontraria na concorrência. É neste ponto que a sigla SUV (Sport Utility Vehicle) ganha variações estranhas nos setores de marketing.
Vamos tomar o Ka Freestyle como exemplo. A Ford poderia chamá-lo de hatch aventureiro ou qualquer outro nome, mas preferiu CUV (Compact Utility Vehicle). Na prática, trata-se de um compacto de suspensão elevada e alguns apliques que acrescentem imponência. A nomenclatura ajudou a Ford a manter o Ka entre os três veículos mais vendidos do Brasil.
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Nos últimos anos, a Renault também está distanciando o Stepway dos hatches para enquadrá-lo como SUV. A primeira iniciativa foi remover o nome Sandero e tratar do Stepway como se fosse um veículo exclusivo. Durante o lançamento da linha 2020, a marca homologou o aventureiro como SUV junto ao Inmetro, por conta da altura em relação ao solo, ângulo de ataque e saída. E o que mais chama atenção é que apenas a versão manual ganhou a classificação. Na versão CVT, o Stepway é chamado de “Cross-Light”, mas um entre os nomes estranhos de hoje.
Ford e Renault tentam acrescentar o status de “SUV” aos compactos para aumentar suas vendas, e isso é natural. Mas as nomenclaturas também podem sofrer alterações em modelos maiores e mais requintados. Este é o caso da Fiat Toro, picape que é considerada um SUP (Sport Utility Pick-up).
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Durante o lançamento da picape, a marca tentou forçar a expressão SUP como categoria. Além disso, os executivos passaram a chamar o veículo de “o Toro”, no masculino.
A BMW, que faz tanto sucesso com sua linha de utilitários, também mudou a nomenclatura convencional para SAV (Sports Activity Vehicle) quando lançou o X2. De acordo com a fabricante, o novo modelo está mais para esportivo que um SUV. Em vez de chamá-lo de crossover, preferiram enquadrar o X2 em outra categoria.
No meio de tantas denominações, onde entram os “crossovers”? Com exceção da Toro, todos os modelos anteriores poderiam ser enquadrados dessa forma. São veículos de passeio que adotaram características de utilitários para melhorar o apelo de mercado. Algumas marcas com DNA mais aventureiro acabam aderindo a este critério, e a Mitsubishi é uma delas.
Para ser classificado como SUV, um carro da Mitsubishi precisa ser montado sobre chassi, como Pajero Sport, Dakar, Full e a saudosa TR4. Na visão da marca dos três diamantes, veículos como ASX, Eclipse Cross e Outlander são “crossovers”.
Vem aí, os SUVs-cupê
Como o design da maioria dos SUVs já está ficando batido, o jeito é inovar no desenho- e na nomenclatura! A Fiat já revelou que seu próximo SUV terá uma queda acentuada na traseira, como um cupê esportivo. A partir disso, surgiu o termo SUV-cupê, que também deverá ser adotado pela Renault se o Arkana realmente for lançado no Brasil.
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No fim das contas, as nomenclaturas são elaboradas pelas equipes de marketing, e não engenharia. As vendas do Renault Stepway manual não são computadas entre os SUVs pela Fenabrave, da mesma forma que a Fiat Toro continua aparecendo entre as picapes. A maneira como os carros são catalogados por suas fabricantes e o Inmetro pouco importam para o público geral, mas pode causar revolta dos mais entendidos.
De todos os nomes que enumeramos acima, qual é o mais estranho?