Após avanços nas negociações, Fiat-Chrysler Automobiles e PSA finalmente assinam o acordo de fusão nesta quarta-feira (18), criando o quarto maior grupo automotivo do mundo em vendas e terceiro em arrecadação. O nome da aliança ainda não foi revelado, mas a integração deverá acontecer entre 12 e 15 meses.
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Em comunicado, as companhias confirmam que a aliança será dividida igualmente (50% para FCA, 50% para a PSA, diferentemente do acordo entre Renault e Nissan). O grupo será liderado pelo atual presidente da PSA, Carlos Tavares, e o executivo-chefe da FCA , John Elkann. A nova diretoria contará com 11 membros, não necessariamente alinhados com uma das fabricantes.
A aliança espera volume anual de vendas na casa de 8,7 milhões de unidades, com a expectativa de arrecadar US$ 190 bilhões em uma margem de lucro de 6,6%, tomando como base os resultados de 2018.
Os impactos da aliança
As fabricantes se comprometem com o compartilhamento de plataformas, famílias de motores e desenvolvimento de novas tecnologias, alavancando a produção e aumentando a margem de lucro de seus produtos. Para exemplificar, a aliança declara que dois terços de sua produção nos próximos anos será concentrada em duas plataformas (compacta e média), com potencial anual para emplacar mais de 3 milhões de automóveis em todo o mundo.
“Temos a oportunidade de conquistar uma posição mais robusta na autoindústria mundial, com produtos limpos, sustentáveis e tecnológicos”, diz Tavares. “Tenho confiança de que, com o talento e mindset de ambas as companhias, nossa aliança será conduzida com muito vigor e entusiasmo”.
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Mike Manley, CEO da FCA, ainda diz que ambas as companhias enfrentaram momentos difíceis nos últimos anos, emergindo com resiliência para a criação da aliança. “Duas grandes fabricantes estão unindo suas marcas, habilidades e potencial de produção. Tenho certeza de que nos tornaremos mais ágeis, inteligentes e competitivos”, finaliza o executivo, que ainda não teve seu papel revelado dentro da aliança.
Novos desafios
Em 2018, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (Dacia e Datsun) se tornou o maior grupo automotivo do mundo, com 10,7 milhões de emplacamentos agregados. Na segunda colocação, surge o Grupo Volkswagen (Audi, Porsche, Skoda e Seat) com 10,6 milhões, seguido de perto pela Toyota (Daihatsu e Lexus) e seus 10,5 milhões.
A nova joint entre FCA e PSA contará com treze marcas para correr atrás das rivais, sendo elas Citroën, DS, Opel/Vauxhall e Peugeot pelo lado francês e Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati e Ram pelos italianos.
Sonho antigo de Marchionne
Este é o quarto “casamento” da Fiat desde que se aliou à Daimler AG em 1998. A parceria com o grupo alemão acabou em 2007, com fortes acusações de um relacionamento abusivo e desigual, comandado pela FCA. Em seguida, veio a parceria com o banco de investimentos privados Cerberus Capital, que durou apenas dois anos.
Em 2009, o ex-presidente da Fiat , Sergio Marchionne, conduziu a integração da Chrysler com uma divisão entre acionistas e os governos americano e canadense. A marca italiana levou cinco anos para adquirir 100% da companhia, oficializando a criação da Fiat-Chrysler Automobiles em 2014.
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Desde a década passada, Marchionne - que faleceu em julho de 2018 - já visualizava a integração da FCA com outra gigante do setor automotivo. De acordo com o executivo, as fabricantes estariam desperdiçando bilhões de dólares desenvolvendo os mesmos componentes, plataformas e tecnologias.