A Citroën já foi a fabricante de automóveis mais vanguardista do pedaço mas, de uns tempos para cá, parecia ter perdido apetite pelo novo, contentando-se em vestir carrocerias diferentes sobre plataformas Peugeot desprovidas de qualquer originalidade tecnológica.
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Esta semana, a marca do “double chevron” mostrou a terceira geração do modelo Citroën C4 para o mercado europeu. Seu maior apelo é ter uma versão totalmente elétrica — a base é a mesma CMP do Peugeot 208 II, mas com entre-eixos esticado de 2,54m de para 2,65m (a mesma medida adotada no utilitário Peugeot 2008 II, lançado no fim do ano passado).
O C4 entrou na onda do crossover e agora tem linhas musculosas e uma traseira de “hatch cupê” — no mesmo espírito do brasileiro VW Nivus , que começa a ser vendido este mês. A principal inspiração para o estilo, porém, vem do Citroën GS, hatch compacto produzido de 1970 a 1986.
Fabricado na Espanha, o novo modelo tinha sua apresentação agendada para o Salão de Paris, em setembro, mas o evento foi cancelado por causa da pandemia de Covid-19. Assim, o início das vendas na Europa foi adiantado para julho.
Lá, o novo modelo substituirá, ao mesmo tempo, não somente o C4 hatch normal (que deixou o nosso mercado em 2014, mas ganhou nova geração na França), como também o C4 Cactus.
Estão previstas ainda uma versão sedã (para 2022) e um utilitário maior do que o Cactus atual (em 2023). Vale dizer que a plataforma CMP já está sendo produzida na Argentina, para o novo Peugeot 208, que chegará em breve ao Brasil. E é a Argentina quem ainda fabrica o velho sedã C4 Lounge.
Na mesma base do Peugeot 208
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A Citroën ainda não revelou as características técnicas do modelo, o que só acontecerá em uma “live” no dia 30 de junho — mas já podemos prever que a versão elétrica ë-C4 terá o mesmo conjunto de motor elétrico e bateria dos irmãos e-208, e-2008, Opel Corsa-e: motor elétrico dianteiro, de 100kW (o equivalente a 136cv), com bateria de íon-lítio de 50kWh. A valer esta configuração, a aceleração de 0 a 100km/h pode ser feita em apenas 8,1s e a velocidade máxima é controlada eletronicamente em 150km/h.
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A autonomia é de pouco mais de 300 quilômetros. Nos carros elétricos da PSA, a recarga total da bateria leva 16 horas em uma tomada doméstica normal. Em um carregador do tipo wallbox, para a parede da garagem, o tempo cai para cinco horas e 15 minutos. Em um supercarregador de posto, basta meia hora para repôr 80% da bateria.
As outras opções devem ser equipadas com o tricilíndrico a gasolina 1.2 Puretech turbo, com até 155cv de potência (dependendo da versão), ou com o motor turbodiesel de quatro cilindros 1.5 BlueHDi . Na Europa, ambos podem vir atrelados a um câmbio manual de seis marchas ou a uma caixa automática de oito velocidades.
Das (poucas) fotos do novo C4 que foram mostradas esta semana, vale destacar ainda o interior ultraminimalista com painel todo digital. Em vez o seletor do câmbio automático é embutido no console — nada de alavanca.
A nova plataforma CMP tem como característica a suavidade ao rodar, proporcionada pelos amortecedores com batentes hidráulicos progressivos.
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Fato é que o grupo FCA (Fiat Chrysler), de olho nessa plataforma e no conjunto usado nas versões 100% elétricas dos PSA (Peugeot, Citroën e Opel). Esta é uma das principais razões para os dois grupos estarem estudando uma fusão.