A promessa é ambiciosa: revolucionar o mercado e tornar os carros elétricos acessíveis a todos os europeus. Para cumprir a meta, o grupo Renault mostrou esta semana o Dacia Spring, um modelo popular “a bateria” que será vendido no Velho Continente a partir do segundo trimestre do ano que vem. Acha que já viu a “novidade” em algum lugar? Sim: trata-se de uma versão elétrica do Renault Kwid, tão conhecido no Brasil.
Como faltam alguns meses para a chegada do Dacia Spring às concessionárias da Europa, o preço oficial ainda não foi anunciado. A maioria das estimativas fala em 15 mil euros — o equivalente a R$ 98 mil, pela atual cotação do (desvalorizado) real.
É caro e nada popular para os padrões brasileiros? Sim... Mas, na Europa, tal valor não compra sequer compactos movidos a gasolina, como as versões de entrada do novo Peugeot 208 1.2 ou do atual Renault Clio 1.0 . Lembre-se ainda que lá os salários e o poder de compra dos trabalhadores de classe média são bem maiores que os de cá...
Elétricos como o Renault Zoe passam dos 30 mil euros (são quase R$ 200 mil!). Em resumo: o Dacia Spring custará metade do preço dos atuais carros elétricos “de entrada” europeus.
Além de ser vendido de forma convencional, o Spring será usado no serviço de compartilhamento Zip, em Paris e Madri.
Apesar de usar a marca romena Dacia, o Spring vendido na Europa será importado da China. Sua produção estará a cargo da joint-venture Dongfeng-Renault que, desde 2019, fabrica o Renault City K-ZE (também com monobloco do Kwid e o mesmo trem de força que será usado no Dacia Spring). A maior diferença entre esse dois elétricos é a grade - a outra é que o City K-ZE é vendido na China pelo equivalente a R$ 50 mil.
Autonomia de 295 km
O monobloco é igual ao do Kwid brasileiro, mas no lugar do motor 1.0 flex de três cilindros, o Spring
traz um motor elétrico de 33kW (44cv) e 12,7kgfm, alimentado por uma bateria de 26,8kWh.
Tal conjunto é suficiente para o Spring acelerar de 0 a 100km/h em 15s e alcançar a máxima de 125km/h. A autonomia é de 225km (ciclo WLTP) ou 295km rodando apenas na cidade, que é o habitat do carrinho.
O ponto para recarga está no meio da grade, atrás do logotipo da Dacia. Em uma tomada doméstica, são necessárias longas 14h para ter as baterias a 100%. Nos carregadores rápidos, chega-se a 80% da carga em uma hora.
O interior é simples como o do Kwid nacional. Traz, contudo, painel de instrumentos totalmente digital e um seletor giratório no lugar da alavanca de marchas(algo dispensável em um automóvel elétrico).
A lista de equipamentos inclui seis airbags, piloto automático, controle eletrônico de estabilidade e freagem autônoma de emergência.
Há ainda a versão Cargo, com quatro portas e dois lugares — em vez do banco traseiro há uma área para carga. Esses veículos comerciais gozam de benefícios fiscais em países como Portugal.