Numa roda de amigos, quando o assunto são carros franceses, a polêmica rola solta, com direito a boas risadas e até algumas discussões um pouco acaloradas, pois há muitos que gostam deles. E esses indivíduos não estão errados, uma vez que o preconceito ainda permanece, mas não é merecido, na maioria dos caso s.
Brincadeiras à parte, os franceses são bons no que fazem e bastante ligados ao nosso país. Você sabia, por exemplo, que o primeiro veículo a rodar no Brasil foi um Peugeot ? Sim, o carro foi um um Peugeot Type 3 , em 1891, modelo que teria sido encomendado por ninguém menos que Alberto Santos Dumont (sim, o inventor do avião) , que presenteou seu irmão, Henrique. O veículo causava espanto ao circular pelas ruas de São Paulo, ainda no século XIX.
Mas, sem mais delongas, preparamos uma listinha de cinco carros franceses que podem ser, sem dúvida, uma mão na roda para você. Mas tenha paciência e segure a ansiedade para fazer um ótimo negócio com boas “lasanhas francesas”.
1) Peugeot 307
Se você está pensando em comprar um hatch com apelo esportivo e, de quebra, - sem trocadilhos, por favor - um excelente nível de equipamentos, o Peugeot 307 , lançado em 2002, pode ser uma alternativa na sua lista de usados. Quer algumas vantagens?
A sua lista de equipamentos é bem farta, mesmo mais simples Soleil já vinha com ar, direção hidráulica, trio elétrico, airbags e freios ABS . Já a intermediária Passion recebia a mais: ar-condicionado digital, porta-luvas refrigerado, vidro elétrico nas portas traseiras e até banco do passageiro com regulagem de altura.
Mas não se empolgue. O pedal da embreagem pode apresentar rangidos e a suspensão traseira tem o curso muito curto. Com cinco pessoas e trafegando no exemplar piso brasileiro, são notórias as batidas secas vindas de trás. Respire fundo e vamos lá!
Olho vivo também no câmbio automático (a partir dos modelos 2004) de quatro marchas, uma caixa que costuma apresentar dificuldades na hora de engatar as marchas. E também atente aos ruídos e vibrações no acoplamento do coletor com a tubulação de escape. Ah, e evite as raras versões sem ar-condicionado, a menos que você queira casar com ele e se divorciar de sua esposa. Dê preferência às versões flexíveis e com câmbio manual.
Entre os motores, havia o 1.6 16V de 110 cv e 2.0 16V (Rallye) com duplo comando de válvulas e 138 cv . A tecnologia flexível só viria em junho de 2008 para o Feline 2.0 (151/143 cv) que, em 2004, substituiu a Passion .
Apesar dos pesares, o hatch ainda tem um estilo que agrada e se bem escolhido, pode ser uma tremenda escolha, mas olho vivo na manutenção , hein?
2) Renault Mégane
Você que é pai de família e está atrás de um sedan que ofereça algo a mais em termos de mecânica, acabamento, espaço interno e nível de equipamentos por um preço bem camarada? Se a sua resposta for sim, por que não pensar no Renault Mégane?
Pelo menos aí você não vai cair na mesmice do bem desenhado Chevrolet Vectra ou dos inquebráveis Honda Civic e Toyota Corolla .
Agora, prepare o bolso, pois o sedan é custoso para manter. Em compensação, um de seus concorrentes é o mais barato de se comprar. Pode achar um 1999, por exemplo, por módicos R $12 mil . É para se aventurar numa relação duradoura extraconjugal, não?
Ele apareceu por aqui em fins de 1997, importado da Argentina – dois anos depois do lançamento na Europa - com uma nova proposta no segmento de veículos médios . Inicialmente veio a versão sedan RT e RXE e motor 2.0 16V de 115 cv.
Já em 2006, a marca francesa lança a terceira geração do Mégane, produzida no complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais , no Paraná. Chegou apenas na versão sedan 1.6 16V flexível (115 cv com álcool e 110 cv na gasolina) nos acabamentos Expression e Dynamique. O câmbio era sempre o manual de cinco marchas, apostando no baixo preço. Mas esta estratégia de vendas nunca foi motivo de comemorações.
Em julho de 2006, por exemplo, foram emplacadas apenas 539 unidades, contra 3.275 do Civic, 2.946 do Corolla e 2.276 do Vectra . O grande destaque era o exclusivo sistema de cartão de ignição, que dispensava a chave convencional, além do botão Start/Stop, recurso que liga ou desliga o motor no botão.
Se você quiser mais desempenho em sua vida, vá de 2.0 16V de 138 cv, com câmbio sequencial de quatro marchas (o AL4, a mesma caixa problemática da Peugeot e Citroën) , disponível somente no pacote completo. Aproveite que há a opção do câmbio manual de cinco marchas. O sedan saiu de cena só em 2010.
No entanto, o espaço interno não é o ponto forte, visto que passageiros com estatura acima de 1,80 m ficam apertados nos bancos traseiros. Outro ponto crítico é a visibilidade traseira , prejudicada por vários pontos cegos.
Se você quer se aventurar com ele, fuja da roubada evitando a qualquer custo as versões dos primeiros anos, unidades que apresentavam muitos problemas tais como reparos em fechaduras, bomba e tanque de combustível, alto-falantes, para-brisa e luz do air bag, além de outros itens.
Se você tiver um pouco mais de dinheiro, invista na perua Estate, que se tornou um clássico dentro da categoria. Só que apele para a versão 2.0 manual ou 1.6. Problemáticas, as automáticas serviram apenas para incendiar a discussão sobre os carros franceses.
3) Citroën Xsara Picasso
Esqueça o nome! A família cresceu e, por conta disso, você pede um carro mais espaçoso e versátil. Neste caso, por que não considerar o Citroën Xsara Picasso ? A minivan começou a ser comercializada em 2001, mesmo ano em que passou a ser fabricada em Porto Real, Rio de Janeiro, tendo sido o primeiro modelo nacional da marca.
O Picasso foi feito na mesma plataforma do Xsara hatch , uma estratégia repetida pelos concorrentes Renault Scénic e Chevrolet Zafira , ambos também feitas no Brasil.
Com desenho ousado, causou polêmica e dividiu opiniões, mas era unânime quando o assunto era nível de equipamentos, espaço interno e conforto. Desde a versão GLX já era possível encontrar CD player, painel central digital (sem conta-giros), ar-condicionado, direção hidráulica, computador de bordo, trio elétrico, airbag duplo frontal e lateral e três bancos traseiros individuais, além de curiosas mesinhas tipo avião atrás dos encostos dianteiros.
Na topo Exclusive , agregava rodas de alumínio, freios ABS e revestimento de couro dos bancos, que se somavam a um simpático e prático carrinho para as compras no porta-malas. Outro atrativo era o sistema de ar-condicionado para os passageiros na parte traseira, opcional para as duas versões.
Havia duas opcões de motores: o 1.6 de 118 cv e o 2.0 de 138 cv, sendo que apenas este último contava com a já citada caixa automática de quatro marchas , que deve ser evitada com toda força. Afinal, você não quer dar argumentos aos que têm preconceito contra os franceses.
Entre os pontos que deixam a desejar, segundo relatos de donos estão diâmetro de giro do carro, algo que exige paciência nas manobras; isolamento acústico ruim; escassez de peças e mão de obra cara.
Por outro lado, tem um dos melhores custo-benefícios e oferece muito espaço, além dos três bancos traseiros serem removíveis, o que faz com que o porta-malas aumente de 550 litros para 2.128 litros.
4) Renault Clio
Está a fim de um segundo carro para trabalhar ou ir à faculdade, mas faz questão que ele seja compacto, com bom acabamento, econômico e, acima de tudo, gostoso de dirigir? Se você se encaixa neste perfil, que tal o Renault Clio hatch?
Ele foi lançado no final de 1999 inicialmente nas versões básica RL 1.0 de 59 cv (que vinha com rodas de aço e para-choques sem pintura), RN 1.0 e 1.6 de 90 cv e RT 1.6, que agregava a mais o ar-condicionado, volante com regulagem de altura, faróis de neblina, rodas de liga leve 175/65 R14, trio elétrico, cd player e bancos bipartidos.
A versão esportiva Si – eis a sua chance de ter um raríssimo Si, por menos de R $20 mil - só apareceria em 2000, equipada com motor 1.6 16V, com oito válvulas a mais e 110 cv . No ano 2000, vieram os novos motores 1.0 (70 cv) e 1.6 (102 cv), ambos 16V, disponíveis para a RN e RT.
O grande atrativo do hatch são os seus equipamentos. O Clio foi lançado por aqui com duplo airbag de série, algo que ele perdeu nos modelos mais recentes . Ainda traz barra de proteção nas portas, cintos de segurança de três pontos e apoios de cabeça para os quatro ocupantes.
Com várias versões e opções de motor, foque nas flexíveis. Elas começaram a ser oferecidas a partir de 2004 (1.6 de 115/110 cv) e 2005 (1.0 de 77/76 cv). Você só deve evitar as versões mais simples sem direção hidráulica , pois será um sofrimento no dia a dia.
Fuja das séries especiais como Jovem Pan, Air, Tech Run etc. Apesar de algumas delas parecer um bom negócio na hora da compra por geralmente oferecerem diversos itens de série em comparação às tradicionais, na hora da revenda, a situação fica complicada , sobretudo se tiverem cores vibrantes.
5) Citroën C4 VTR
O esportivo foi lançado em 2006 e até hoje chama muito a atenção por onde passa por conta de seu estilo arrojado e esportivo. Destaque para o vigia traseiro bipartido, uma solução bem interessante por conta da traseira alta que favorece nas balizas apertadas.
Ideal para os jovens, solteiros e que não fazem questão das portas extras da versão C4 Hatch , importada da Argentina a partir de 2009.
O VTR é algo raro de se achar por aí no mercado de usados, pois a sua importação da França só se estendeu até o segundo semestre de 2009. Portanto, se você não é do tipo discreto e quer ser diferente dos outros, está aí a sua chance.
O cupê esportivo traz um empolgante motor 2.0 16v de 143 cv . E a boa notícia é que ele não é tão gastão a ponto de você se perguntar por que tomou aquela decisão.
Outro ponto positivo está na lista de itens de série, que inclui até itens de segurança que concorrentes como o Golf e Astra sequer imaginariam ter. São os exemplos dos airbags laterais e de cortina, controle de tração e faróis de xenon. E então se você está pensando em ter um, corra, pois as chances de ter um e em bom estado são raras. No final, são seus amigos que ficarão babando quando verem esse hatch francês.