Atualmente, mais de 60% dos carros vendidos no Brasil contam com câmbio automático , o que reflete uma preferência crescente no mercado, inclusive no segmento de seminovos. Esse tipo de transmissão se tornou praticamente obrigatória em muitos nichos, tirando o de entrada.
Entretanto, é comum que muitos condutores recém-chegados a esse mundo acreditem que câmbios automáticos duram para sempre. Na teoria, deveriam. Mas, como todo carro, a transmissão também necessita de cuidados. Dito isso, iremos explicar quais práticas você deve evitar para preservar o bom funcionamento da caixa de marchas.
1. Engatar a ré com o veículo em movimento:
Conhece aquele ditado "a pressa é inimiga da perfeição"? Ele se encaixa bem nessas situações. Muitos, quando vão manobrar, engatam a ré (R) com o veículo em movimento, mesmo a 2 km/h. Isso gera um tranco , o que, com o tempo, pode causar danos no sistema de transmissão.
2. Engatar o P com o automóvel em movimento:
Essa é outra prática recorrente que deve ser evitada. Ao engatar o P (park), sempre há uma trava de segurança e ela é feita justamente para essas ocasiões. Se a trava for forçada, é capaz de se romper e causar sérios danos na caixa de transmissão. Por isso, certifique sempre se o carro está totalmente parado antes de fazer essa passagem.
3. Primeiro o freio de estacionamento, depois o câmbio:
Esse tema é polêmico, mas é o que muitos mecânicos indicam. O correto é primeiro acionar o freio de estacionamento , que pode ser por uma alavanca convencional, um botão ou um pedal à esquerda dos demais, engatar o N (neutro) e depois colocar o câmbio na posição P (Park). Toda essa manobra, que depois vira um costume, é essencial para não colocar todo o peso do veículo em cima da engrenagem de transmissão.
4. Engatar o câmbio na posição N enquanto o veículo esteja em movimento:
Muitos condutores pensam que engatar no N (neutro) pode ajudar no consumo de combustível. Isso é mito. Na época que os carros com carburador, embora reprovável, essa prática até funcionava. Mas os carros atuais com injeção eletrônica, não há porque fazer a chamada ‘’banguela’’ , pois os carros não "injetam" combustível nessa hora, deixando o movimento das rodas como responsável por acionar os cilindros.
E o pior, além de perigosa , a prática de deixar o veículo "solto" pode gerar problemas no câmbio, uma vez que a lubrificação do sistema de transmissão é interrompida, podendo travar todo o sistema.
5. Troca de óleo e filtro:
Esse tema polêmico gera diversas discussões. Algumas montadoras colocam no manual que a troca não é necessária, um exemplo é a Volkswagen. A Honda alerta para trocar o fluido do câmbio CVT a cada 40.000 km ou 36 meses.
O atrito entre as partes internas é elevado e a temperatura alta pode ser a vilã, sendo algo pouco recomendado. Os problemas recorrentes com o fluido desgastado são trancos na troca de marchas. A transmissão também pode demorar para tracionar as rodas quando há aceleração. Então viu o fluido baixo ou com tom de cor preto, é porque está na hora de trocar.
Não é só o óleo que precisa ser trocado, o filtro dele também deve ser substituído. Cabe a ele reter e filtrar partículas e outras sujeiras que podem ser geradas pelo atrito entre as peças móveis da caixa.
7. Descansar a mão no câmbio:
Seja para repousar a mão no câmbio ou por mero vício, não é aconselhável o hábito, pois além de não ser seguro dirigir apenas com uma mão ao volante , o peso da mão pode forçar as engrenagens do sistema, o que compromete o correto funcionamento , como explicou Antônio Fiola, do Sindirepa-SP, em uma entrevista anterior.
“Com o carro em movimento, deve-se evitar a mão apoiada no câmbio, pois além de contribuir para o desgaste prematuro de componentes da caixa de câmbio, como engrenagens e sincronizadores, pode acarretar problemas no momento das trocas de marchas”, explicou Fiola.
8. Uso excessivo da posição N (neutro)
Muitos têm o costume de, em qualquer parada, colocar no modo N . O fato é que nesse tipo de sistema já foi projetado para ser deixado em D em semáforos, ou demais situações em que o carro fique por pouco tempo parado, sem que isso danifique o câmbio.
Com o hábito de ficar colocando em N em toda parada, futuramente a mania vai provocar o desgaste acentuado e danificar o sistema , até porque a comodidade da transmissão automática está em justamente deixar que o carro poupe trabalho. É só pisar no freio e esperar. Além disso, tem carros que tem o controle de neutro automático.
O que não gera problema:
Há práticas que não vão gerar nenhum problema futuro. Uma delas é colocar o câmbio nas posições 3, 2 e 1 - variam em número de carro para carro -, que indicam apenas que essas marchas serão retidas, algo ideal para forçar uma redução, arrancar em pisos de baixo atrito ou garantir que o freio motor seja induzido mais rapidamente. A verdade é que são raros os câmbios modernos que oferecem esse recurso datado.
Da mesma maneira, algumas transmissões também contam com trocas sequenciais na alavanca ou borboletas, que possibilitam cumprir as mesmas funções acima, mas com mais agilidade. Foram elas que substituíram as clássicas posições descritas no parágrafo anterior. Também há a opção L (Low), que busca marchas baixas para enfrentar as situações descritas acima.
Não fique preocupado com reduções que poderiam "estourar" o motor em carros manuais, os automáticos não deixam você fazer mudanças sequenciais que possam prejudicar o conjunto motriz.