
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quarta-feira uma ordem executiva que estabelece tarifas de 25% sobre carros e caminhões leves não fabricados no país, além de determinados componentes automotivos. A medida, que entrará em vigor em 2 de abril, impactou imediatamente o mercado de ações.
As ações da General Motors (GM) sofreram uma queda de mais de 8% no início das negociações de quinta-feira, enquanto a Ford registrou uma diminuição de 3%. A Stellantis, conglomerado americano focado no mercado europeu, viu seus papéis recuarem quase 4%. Fabricantes europeus, japoneses e coreanos também foram afetados pela notícia.
Apesar de a medida visar principalmente montadoras estrangeiras, as empresas nacionais também expressaram preocupação. GM, Ford e Stellantis, conhecidas como as "Três Grandes" dos EUA, mantêm unidades de produção no Canadá, México e China, prevendo um aumento nos custos de produção devido ao impacto das tarifas na cadeia de suprimentos.
Impacto nas peças e componentes
A ordem executiva e o documento informativo publicado pela Casa Branca incluem na lista de produtos sujeitos às tarifas itens como motores, transmissões, peças de powertrain e componentes elétricos. Essa extensão da medida para além dos veículos completos amplia o alcance e o potencial impacto econômico das novas taxações.
Trump denominou o dia 2 de abril, data prevista para o anúncio de tarifas adicionais, como "Dia da Libertação" para os Estados Unidos. O presidente afirmou que outros países têm "explorado" a economia americana e que as novas tarifas são "recíprocas", visando estimular um crescimento econômico sem precedentes no país.
A Casa Branca projeta uma arrecadação anual de 100 bilhões de dólares (R$ 573 bilhões) com as novas tarifas. No entanto, análises de várias empresas de dados sugerem que os preços dos automóveis não premium podem aumentar entre US$ 3.000 e US$ 12.000 (R$ 17,2 mil a R$ 68,8 mil), dependendo do modelo, como resultado direto dessa medida.
Montadoras europeias já começam a traçar estratégias para lidar com as novas tarifas. A BMW indicou que absorverá os custos por um curto período, enquanto a Porsche sugeriu que repassará os aumentos diretamente aos consumidores. Essas diferentes abordagens refletem a complexidade do cenário que se desenha para o setor automotivo.
O analista Dan Ives, da Wedbush, caracterizou as tarifas iniciais como "um obstáculo semelhante a um furacão" para as montadoras estrangeiras e muitas americanas. Ele ressaltou que a situação ainda pode mudar, sugerindo que as tarifas atuais podem ser parte de uma estratégia de negociação mais ampla.
O mercado e a indústria automotiva agora aguardam mais detalhes sobre a implementação das tarifas. As próximas semanas serão cruciais para entender melhor o impacto total desta medida protecionista na indústria automotiva global e nas relações comerciais dos Estados Unidos com seus parceiros internacionais.