
A Tesla demitiu Matthew LaBrot, gerente de programas da área de Aprendizado e Desenvolvimento, após ele declarar publicamente apoio a uma carta escrita por funcionários da empresa que pede a substituição de Elon Musk como CEO.
A informação foi divulgada pelo próprio LaBrot em sua página no LinkedIn, onde afirma que sua demissão ocorreu apesar do bom desempenho de sua equipe. Segundo ele, a decisão está diretamente ligada à sua posição em relação à liderança da empresa.
“Fui demitido do emprego dos meus sonhos na Tesla. […] Meu desempenho no trabalho e o desempenho da minha equipe não tiveram nada a ver com minha demissão. Fui demitido por causa disso”, escreveu, se referindo à carta publicada por colaboradores.
A carta em questão, redigida e assinada por um grupo de colaboradores com título “Funcionários da Tesla contra Musk”, aponta diretamente CEO como o responsável pela crise de imagem e pelo enfraquecimento da demanda por veículos da empresa.
“Os consumidores não estão abandonando a Tesla porque estão perdendo o interesse em veículos elétricos. [...] Mas porque as pessoas não querem mais se associar a Elon Musk. É isso. Essa é a verdade”, diz um trecho.
O documento reconhece os feitos históricos de Musk, mas afirma que o protagonismo hoje afasta clientes, paralisa estoques e prejudica a força de trabalho.
A carta menciona números da Cox Automotive indicando que, enquanto o mercado de veículos elétricos cresceu 10% nos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2025, as vendas da Tesla caíram 9%. Segundo os signatários, o problema “não é de produto, é de liderança”.
Até o momento, a Tesla não se pronunciou oficialmente sobre a demissão de LaBrot nem sobre a carta dos funcionários.
Cultura de inovação vs. cultura de silêncio
A postagem do antigo gerente também revela um ambiente de temor: “Ouvi de muitos funcionários que sentem o mesmo, mas não se sentem seguros em dizer isso”, escreveu LaBrot.

Em um setor que tradicionalmente valoriza lealdade ao fundador, a rebelião interna revela um cansaço crescente com a figura centralizadora de Musk, que recentemente acumulou polêmicas — de declarações controversas sobre política e diversidade a disputas trabalhistas.
Nos bastidores, há também uma preocupação comercial. Modelos atualizados do Model Y estão estagnados em pátios de distribuição.
“A qualidade está alta. A produção está forte. Mas a demanda quebrou”, diz a carta. “Isso não é um problema de produto. É um problema de liderança.”
Um divisor de águas?
O episódio expõe o conflito central de empresas fundadas por ícones visionários: até que ponto a figura do fundador pode ser preservada quando se torna um obstáculo à missão que ele mesmo criou?

Para os funcionários signatários, a resposta é clara: “A Tesla está pronta para seguir em frente. E nós estamos prontos para seguir em frente sem Elon como CEO.”
A crise interna, somada à queda nas vendas e ao aumento da concorrência no mercado de elétricos, coloca a Tesla diante de uma escolha difícil.
Para investidores, clientes e funcionários, a próxima curva da empresa não será apenas de tecnologia — será também de identidade.
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