O transporte marítimo de veículos elétricos e híbridos plug-in foi suspenso de forma imediata semanas após o incêndio e a perda do navio Morning Midas, que levava mais de 3 mil carros próximo às Ilhas Aleutas.
A decisão atinge rotas entre Estados Unidos, Havaí, Guam e Alasca e amplia o debate sobre a segurança das baterias de íons de lítio em embarcações.
A medida foi anunciada pela Matson, uma das principais transportadoras de cargas para regiões insulares do Pacífico, que afirmou que só retomará o serviço quando padrões mais rígidos de segurança forem definidos.
Preocupação com segurança e impactos
Em carta enviada aos clientes, a Matson justificou a suspensão pelas “crescente preocupação com a segurança no transporte marítimo de veículos com grandes baterias de íons de lítio”.
A empresa destacou que está envolvida em grupos de trabalho voltados ao tema e apoia a criação de protocolos industriais para reduzir os riscos.
No Havaí, onde há mais de 37 mil veículos elétricos registrados, a decisão preocupa consumidores e concessionárias que dependem do transporte marítimo para abastecer estoques.
Em Guam, revendedores relataram prejuízos e destacaram que os elétricos, pela autonomia limitada, são bem adaptados ao uso em ilhas.
Apesar da suspensão para elétricos, o transporte de veículos a combustão continua operando normalmente.
A Matson também mantém serviços de cabotagem entre ilhas no Havaí, mas o impacto logístico para carros movidos a bateria é imediato.
Incêndio do Morning Midas
O incêndio no Morning Midas ocorreu próximo às Ilhas Aleutas, no Alasca, e resultou na perda total do navio. A embarcação transportava mais de 3 mil veículos, incluindo elétricos e híbridos.
Esse episódio reforçou preocupações já existentes no setor após outros incidentes semelhantes, como o incêndio na Rodovia Fremantle, em 2023, e a perda do navio Felicity Ace, em 2022.
Segundo especialistas, as baterias de íons de lítio apresentam alto risco de combustão e, em ambiente marítimo, as dificuldades de combate ao fogo tornam a situação ainda mais crítica.
Além disso, em embarcações que transportam carros dentro de contêineres, como ocorre nas rotas da Matson, a vigilância é limitada em comparação com navios dedicados exclusivamente a veículos.
Medidas preventivas
Antes da suspensão, a Matson havia adotado medidas como uso de câmeras termográficas para monitorar variações de temperatura e a implantação da ferramenta Viking HydroPen, capaz de perfurar contêineres e extinguir focos de incêndio internos.
A companhia também desenvolveu treinamentos específicos para tripulações e criou um Grupo de Trabalho para Transporte Seguro de Veículos Elétricos.
Mesmo assim, após os recentes incidentes, a empresa optou por interromper preventivamente o serviço.