Você já ouviu falar da Waymo? Provavelmente não. Mas esta é uma das empresas que irão revolucionar a locomoção no mundo com carros autônomos. Quando alguém mencionar a Waymo entenda que estamos falando basicamente do Google ou da Alphabet, dona de todo conglomerado.
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Resumindo: a Waymo é o braço da gigante da tecnologia que desenvolve projetos de carros autônomos . Os trabalhos começaram em 2008 com um primeiro protótipo. E nós já sabemos que o Google nunca foi uma simples plataforma de buscas. Pode até ter nascido assim, mas rapidamente virou uma empresa repleta de informações, e com o DNA da inovação.
Existiria um grupo para solucionar os desafios dos automóveis sem motorista?
São muitos os candidatos, mas a Waymo é uma das que largam na frente. Ela até já se aventurou a produzir carros, mas a decisão mais acertada parece mesmo a união com montadoras. As grandes do setor automotivo tentam se reinventar como empresas de tecnologia. Mas é difícil competir com quem já nasceu digital. Com o trabalho em conjunto, todos saem ganhando.
Tanto que esta semana, no Salão do Automóvel de Nova York, a Waymo apresentou um carro do mercado premium, que contará com a sua tecnologia autônoma: o Jaguar I-Pace. E mais, ele será elétrico, o que traz energia limpa para carros inteligentes. Os testes começam ainda este ano.
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O anúncio trouxe até detalhes do tamanho da frota, e tudo indica que não é um golpe de marketing. A expectativa é que 20 mil unidades estejam circulando nas ruas em 2020. O utilitário esportivo da Jaguar será usado num serviço de táxi conduzido por inteligência artificial. Não é a primeira vez que a Waymo faz uma parceria. Já fizeram parte de seus testes, por exemplo, o Toyota Prius, o Lexus RX 450H e a minivan Chrysler Pacifica.
Outra empresa que ajudou no desenvolvimento dos autônomos junto com a Waymo foi a Lyft, que por aqui é pouca conhecida. Mas trata-se de uma concorrente direta da Uber nos Estados Unidos. Todo desenvolvimento dos autônomos até 2020, quando a Waymo pretende dar um passo decisivo, terá durado pelo menos 12 anos.
Tempo suficiente
Mais uma pergunta difícil de responder, afinal, na semana passada ocorreu o primeiro acidente com morte envolvendo um carro autônomo. Esta semana o CEO da Waymo lamentou o fato, mas não perdeu a oportunidade de criticar o carro da Uber, que circulava pelas ruas do Arizona, nos Estados Unidos, e atropelou uma mulher que atravessava a rua fora da faixa de pedestres. Para John Krafcik, um automóvel da Waymo teria lidado melhor com a situação.
Um dos motivos da declaração é basicamente técnico. Existe uma escala de autonomia dos carros de acordo com a tecnologia. (Iremos voltar a este tema oportunamente). Basicamente, o carro da Uber operava num nível em que o automóvel realiza todas as funções, mas em caso de perigo o motorista precisa estar atento para assumir o controle.
Já faz algum tempo que a Waymo percebeu em testes que o motorista nestas situações perde completamente a concentração. Ele se distrai, foca em outras coisas, por isso, é quase impossível que diante do risco consiga tomar uma decisão rápida e acertada. Com estas informações, a Waymo acredita que o carro precisa ser totalmente autônomo eliminando a interferência do motorista, e ela trabalha nesse sentido.
A declaração de John Krafcik mostra que o Google ou Waymo, claro, estão bem próximos do objetivo tanto que não recuaram nos testes mesmo quando outras empresas anunciaram a interrupção temporária diante do acidente fatal.
Mas a afirmação do executivo também pode ser vista por outro ângulo. Seria uma alfinetada no programa da Uber. No mês passado, a Uber concordou em pagar US$ 245 milhões à Waymo para encerrar um caso nos tribunais americanos.
Toda confusão começou quando um engenheiro da Waymo decidiu deixar a empresa e fundar sua própria startup, chamada Otto, focada em tecnologia autônoma para caminhões. Pouco depois, a empresa dele foi comprada pela Uber. Não demorou muito tempo para surgirem desconfianças.
Mas a ação na Justiça só começou com o vazamento de um e-mail que continha detalhes técnicos da Uber. A Waymo afirmou que era um projeto idêntico ao seu e passou a acusar o engenheiro de roubar 14 mil arquivos sigilosos. Alegou que a Uber levou meses para desenvolver uma tecnologia que ela tinha demorado anos para alcançar. A Uber não assumiu o roubo das informações, mas concordou em pagar uma indenização.
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A corrida para ver quem sai na frente nos autônomos ainda está aberta, e definitivamente não é uma brincadeira para amadores. Nenhuma empresa ainda colocou em grande escala no mercado de carros autônomos . Qual seria a sua aposta? Bem, este é um assunto em discussão aberta e, em breve, voltaremos ao tema.