Oito marcas disputam o concorrido mercado de picapes no país e elas se movimentam para trazer modelos renovados, além de inéditos. A expectativa é favorável às vendas. O Brasil tem uma particularidade nesse segmento. Por aqui, 70% da comercialização de picapes giram em torno do agronegócio. Depois de uma supersafra em 2017, a expectativa para esse ano da produção agrícola também é boa, o que representa um grande estímulo para essa categoria de veículos.
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Neste primeiro trimestre do ano, as vendas acumuladas de automóveis, picapes e furgões cresceram 14,6%, o melhor resultado no período desde 2015. No segmento de picapes com preços até R$ 150 mil, a Toyota Hilux e a Chevrolet S10 disputam a liderança. O ranking nesta categoria mais cara ainda tem a Ford Ranger, Volkswagen Amarok, Mitsubishi L200 e Nissan Frontier.
Mas o sucesso da Fiat Toro trouxe um novo competidor para o jogo numa categoria que podemos definir como um novo conceito de picape. Ela é mais compacta, racional, tem bonito visual, conforto, a praticidade de uma carroceria monobloco e a tecnologia da Jeep, parceira na FCA. E um detalhe importante: é mais barata com preços mais competitivos. Custa a partir de R$ 89 mil com motor 1.8. A Toyota Hilux (2.8), por exemplo, vai sair por R$ 109 mil. Mas, neste caso, a comparação de preço é um tanto injusta já que existem diferenças grandes no motor e na carroceria.
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A Toro vendeu cerca de 50 mil unidades em 2017 enquanto a Toyota Hilux e a Chevrolet S10 tiveram vendas ao redor de 34 mil unidades cada. Não à toa, a concorrência já começa a se mexer para criar uma rival com o mesmo porte e preço da Toro, mas não será fácil.
Interessante que o ano passado foi marcado por poucas novidades no segmento de picape. Apenas a Nissan Frontier e Mitsubishi L.200 ganharam novas gerações, mas suas vendas ficaram abaixo das expectativas.
Novas picapes
A partir de 2018, o cenário promete ser mais agitado. A Volkswagen já lançou a Amarok V6, que chega ao mercado com o status de mais potente do Brasil. A marca alemã anunciou ainda que terá mais uma picape para enfrentar diretamente a Toro. Deve manter também a Saveiro nas pequenas picapes, seguindo a mesma estratégia de vendas da Fiat que tem também a Strada.
Além de renovar a S10, a Chevrolet quer entrar nessa briga da VW e Fiat e planeja uma nova picape nesse mesmo conceito: a Authority, oriunda da plataforma global GEM 2 (Global Emerging Markets) de baixo custo que vai renovar toda a sua linha de compactos.
A Renault tem a Oroch que poderia ser a única concorrente da Toro, pelo porte e preço, mas sem grande sucesso. Agora, a marca francesa vai entrar no segmento de picape média com a Alaskan. O modelo já está presente na Europa e em alguns mercados da América Latina e teve confirmada a sua estreia no Brasil.
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Assim como a Alaskan, a Mercedes-Benz vai usar a plataforma da Nissan Frontier, para a sua inédita picape Classe X. A montadora alemã traz a apresentação em seu site brasileiro como “a primeira picape de sua espécie e uma potente máquina para todo os terrenos e aventuras.” Chega no final do ano.
A Toyota Hilux está sendo renovada e a chinesa JAC também deve apostar neste mercado com a T6. A Fiat-Chrysler prepara a chegada no Brasil da recém-lançada RAM 2500, com uma das possibilidades abertas com o fim do INOVAR-AUTO, o incentivo nacional que dava privilégios para produção local.
O começo das picapes nacionais
Mesmo sendo um país de grande vocação agrícola, durante três décadas foram poucas as opções de picapes brasileiras. A Ford e GM, particularmente, disputaram sozinhas este mercado até o início dos anos 1990. A Dodge, do grupo Chrysler, fabricou a D100, mas durou pouco.
A Ford saiu na frente com a F.100 em 1957 na sua antiga fábrica do Ipiranga, na capital paulista. No ano seguinte, a Chevrolet iniciou a produção da C-3110, logo substituída pela C-14.
A F.100 ficou em linha por mais de 20 anos quando a Ford substituiu o modelo pela F.1000, em 1979, como uma picape inovadora da renomada Série F”, segundo a publicidade da época. Por sua vez, em 1985, a Chevrolet colocou no mercado a D.20, com cabine simples e dupla que ficou no mercado até 1997.
Apenas na década de 1990, esse mercado se modernizou com a chegada da Ranger e S.10, das marcas americanas, e a japonesa Hilux que logo conquistou o mercado.
Agora, a lista de picapes aumentou muito até com subcategorias. Toda essa transformação e as novidades para os próximos anos mostram um olhar das montadoras mais atento para um segmento que durante anos foi ignorado.