A fascinação por motocicletas equipadas com motores de quatro cilindros em linha é antiga, mas foi com a Honda CB 750 Four, de 1969, que ela atingiu praticamente todos os motociclistas, mesmo aqueles que nunca tiveram em suas mãos uma quadricilíndrica. A princípio a atração era principalmente visual, já que o largo motor praticamente extrapolava os limites laterais demarcados pelo tanque de combustível, criando uma aparência musculosa. Mas era também auditiva, pois logo se descobriu o famoso escapamento quatro-em- um, sem silencioso, resultando em um dos mais belos roncos oriundos de uma motocicleta.
LEIA MAIS: A Honda CB 650F e seus quatro cilindros. Confira mais detalhes
Quase 50 anos depois, uma das muitas descendentes da CB 750 Four, a Honda CBR 650F – e sua versão naked CB 650F –, não precisam mais do visual do motor e nem do som do escape para atrair seus adeptos, mas sim de bastante tecnologia e precisão de pilotagem. Lançadas já como versões 2018, as duas 650 produzidas em Manaus, AM, foram apresentadas à imprensa em um local igualmente cativante: o novíssimo Autódromo Internacional de Curvelo, em Minas Gerais, na cidade de mesmo nome distante 164 km de belo Horizonte. O Circuito dos Cristais, como já é conhecido, foi perfeito para essa avaliação, com seus 4.400 metros de pista e 17 curvas de vários tipos, inclusive em desnível. Tudo fez parecer o trabalho uma grande diversão, moto e pista.
A Honda CBR 650F 2018 mudou pouco, mas em pontos estratégicos, que a fizeram ficar um pouco mais rápida em retomadas e mais estável em frenagens e curvas. As duas versões, esportiva e naked, têm o motor DOHC de quatro cilindros em linha e refrigerado a água de exatos 649 cm 3 , com potência de 88,5 cv e torque de 6,22 kgfm. São 1,5 cv a mais que as 650 2017, graças a um novo sistema de captação de ar para o motor, com dutos mais largos, e um novo escapamento, resultando em um fluxo mais livre.
O câmbio continua com seis marchas, mas as relações da 2ª, 3ª e 4ª marchas foram encurtadas, de forma que a motocicleta acelera e retoma mais rapidamente, sem que fosse alterada sua velocidade final.
LEIA MAIS: Honda CB500X se mostra uma moto versátil. Confira a avaliação
Na parte ciclística, manteve-se o quadro de aço do tipo diamante, mas a suspensão dianteira passa a ser progressiva, com amortecimento muito mais firme em tocadas esportivas, quando ela se aproxima do final de curso. O sistema de duas válvulas de passagem de óleo extra tem o nome de SDBV (Showa Dual Bending Valve).
Visualmente, as mudanças tanto na CB 650F quanto na CBR 650F podem ser mais facilmente notadas colocando a versão 2018 ao lado da 2017: carenagem menor na CB e nova carenagem na CBR; faróis de leds em ambas, assim como o painel de instrumentos totalmente digital, motor, balança traseira e rodas pretas (estas antes eram douradas) e, é claro, novos grafismos.
A Honda CBR 650F não é uma superesportiva como a CBR 600RR, por esse motivo na tocada extremamente rápida em um circuito oficial podemos notar seus limites mais próximos. Mesmo assim, a experiência é fantástica, principalmente após algumas voltas “pegando a mão” da motocicleta e do traçado. Carenagem não é suficiente para uma motocicleta ser esportiva, a CBR ficaria mesmo muito melhor na pista se tivesse guidão bem mais baixo.
LEIA MAIS: Kawasaki Z800 vai bem em qualquer situação: pista, cidade ou na estrada
Mas não é uma moto de pista...
Já a naked CB 650F tem uma posição de pilotagem mais elevada, apesar da redução da altura do guidão de 2017 para 2018. A ausência da carenagem é sentida, tanto quanto à aerodinâmica quanto ao peso do conjunto: a CB tem a frente mais leve, parecendo ser mais fácil de ser pilotada no limite, mas é preciso manter o peso mais à frente, principalmente nas altas velocidades de fim de reta.
A Honda CB 650F e a Honda CBR 650F têm preços de R$ 33.900 e R$ 35.500 e estão disponíveis nas cores vermelha e azul.