Quando começaram a chegar com maior volume no Brasil, no início deste século, os carros chineses foram muito rejeitados pelos consumidores. Depois, na virada da primeira para a segunda década, tiveram um boom de vendas, devido ao baixo preço combinado com muitos equipamentos de conveniência. Tecnicamente, os carros chineses eram muito ruins – havia sérios problemas de dirigibilidade, ergonomia, acabamento e segurança.
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Porém, a oferta foi tentadora para muitos consumidores que pagavam o olho da cara por alguns equipamentos nas marcas tradicionais, de forma que a Anfavea reagiu e o governo obedeceu, lançando o programa Inovar-Auto. Assim, os carros chineses passaram cinco anos no ostracismo.
Mas agora eles estão de volta. A primeira marca a se movimentar foi a JAC Motors , que lançou o crossover T40. O carro agradou pelo design e pela qualidade, apesar de alguns pênaltis na dirigibilidade. A Lifan também planejou uma renovação de sua linha e a Chery foi adquirida pela Caoa. No Salão de São Paulo, apesar da ausência da JAC – que apresentou fora da feira o SUV T50 –, a Lifan mostrou o novo X80 e a Caoa Chery apresentou uma linha toda renovada, com três SUVs (Tiggo 5x, Tiggo 7 e Tiggo 8) e um sedã (Arrizo), além de modelos elétricos. Pode-se dizer com certeza que dessa vez os carros chineses vieram para ficar.
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O site Mercado Livre, especialista em classificados pela internet, já detectou esse movimento. Segundo a área de Classificados do Mercado Livre, a procura por carros chineses no site cresceu 29% em um ano, enquanto as marcas americanas, coreanas, europeias e japonesas tiveram uma queda entre -12% e -23% no período de doze meses. E a procura por carros chineses zero km aumentou 166%. É natural, principalmente devido ao JAC T40 e ao Caoa Chery Tiggo 2, que estão vendendo bem.
JAC J3 é o mais procurado entre os carros chineses
Quanto aos usados, segundo o Mercado Livre, os três carros chineses mais procurados são da JAC. O hatch J3 encabeça a lista com 13%, seguido dos sedãs J3 Turim e J5 e do Chery Tiggo, todos eles com 8% nas buscas do site. Depois aparecem um SUV da Lifan e um monovolume da JAC: o X60 e o J6 têm 7%. O pequenino Chery QQ vem isolado em sétimo lugar, com 6%. Em oitavo, empatados com 3%, estão o JAC J2, o Caoa Chery Tiggo 2 e o Chery Face. Outros carros chineses somam 34%. As marcas analisadas pelo Mercado Livre foram: Chana, Changan, Chery, Effa, Geely, Hafei, JAC, Jinbei, Lifan, Rely e Shineray.
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Diante disso tudo, muitos brasileiros estão se perguntando: já é hora de comprar um carro chinês? Aparentemente, sim. Pelo menos dois desses carros já se mostraram confiáveis e com bom custo/benefício: o JAC T40 e o Caoa Chery Tiggo2. O Lifan X80 não é barato, mas é um bom SUV. Ainda não sabemos como devem se comportar nas ruas o Arrizo, o Tiggo 5x, o Tiggo 7 e o Tiggo 8, todos eles fabricados no Brasil, mas no Salão de São Paulo eles surpreenderam pelo design, pela oferta de equipamentos, pelo acabamento requintado e pela qualidade dos materiais.
Outro carro que veio da China e fez sucesso no Salão foi o Ford Territory. Parece que não existe mais dúvidas de que os chineses aprenderam a fazer carros. Agora vão entrar na guerra do mercado, mas para isso ainda terão que investir na confiabilidade das marcas para acabar com o preconceito por parte dos consumidores sobre os carros chineses , que ainda é grande.