Jeep Renegade: o SUV mais vendido do Brasil em 2019 parte de R$ 79.990, mas 70% de suas vendas são para frotistas
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Jeep Renegade: o SUV mais vendido do Brasil em 2019 parte de R$ 79.990, mas 70% de suas vendas são para frotistas

Os Jeep Renegade e Compass estão liderando o mercado de SUVs em 2019 e, por isso, a FCA tem muito a comemorar, certo? Sim. Mas não totalmente, pois existe um novo elemento no mercado da mobilidade: o patinete elétrico.

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Patinete elétrico compartilhado em Curitiba: um modelo como este da foto pode custar até R$ 4.200.
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Patinete elétrico compartilhado em Curitiba: um modelo como este da foto pode custar até R$ 4.200.

Para ocuparem, respectivamente, a oitava e a décima posições no ranking de vendas, o Renegade e o Compass estão sendo vendidos com altos descontos. São as chamadas vendas diretas, feitas em lotes para frotistas. Na média, esse tipo de venda já responde por 40% dos negócios da indústria automobilística. No caso dos SUVs da Jeep, porém, é muito maior: o Jeep Renegade tem 70% de suas vendas feitas com altos descontos e o Jeep Compass tem 64%.

Esse fenômeno está ocorrendo porque o automóvel está deixando rapidamente de ser um símbolo de liberdade. O fordismo (sistema de produção em série iniciado em 1913) deu tão certo que simplesmente não há mais espaço nas ruas das grandes cidades. Até mesmo em estradas o espaço está cada vez mais reduzido.

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Carro: sinônimo de liberdade

Compass: o segundo SUV mais vendido da Jeep custa R$ 103.990 e ocupa a décima posição no ranking geral
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Compass: o segundo SUV mais vendido da Jeep custa R$ 103.990 e ocupa a décima posição no ranking geral

Andar de carro sempre foi um símbolo de liberdade. Tanto que o escritor francês Jean Baudrillard, em sua obra O Sistema dos Objetos, classificou o automóvel como “o objeto sublime”, conforme relato em meu livro Revolução no Jornalismo Automotivo (disponível no site da Amazon nos formatos impresso ou e-book).

Baudrillard escreveu que possuir um carro é como possuir um passaporte para a liberdade. Se o deslocamento é “uma necessidade” do ser humano e a velocidade representa “um prazer”, a posse de um automóvel é quase um diploma de cidadania. “A carta de motorista é a credencial desta nobreza mobiliária cujos costados são a compreensão e a velocidade máxima”, diz Baudrillard.

Embora seja um ícone do capitalismo e fundamental para o deslocamento dos indivíduos que movimentam a economia, o automóvel só tem o papel que tem porque a sociedade o fez assim. Ninguém nasce precisando de um carro. Não existem necessidades materiais que sejam naturais para o ser humano.

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Por isso, cabe a pergunta: será que a liberdade ainda está num automóvel? As montadoras tentam de todas as formas nos convencer que um SUV é o atual espírito de liberdade. Ele seria para os dias atuais o que um Ford Mustang conversível foi para o fim dos anos 60, por exemplo. Ou que o um Chevrolet Corvette representou para os jovens americanos no pós-guerra dos anos 50.

Mas, vejam que incoerência, a maioria dos SUVs é feito para o trânsito urbano! Ou seja: nem precisa de tração 4x4. São muitas as pessoas que compram SUVs com esse espírito. Mas não são todas. E cada vez mais a população das grandes cidades do mundo está adotando as bicicletas e os patinetes elétricos como a melhor forma de mobilidade. É a nova febre no Brasil, seguindo o que acontece na Europa.

Patinete elétrico da Yellow: modelo compartilhado virou uma febre nas principais cidades brasileiras.
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Patinete elétrico da Yellow: modelo compartilhado virou uma febre nas principais cidades brasileiras.

Agora, vamos a um detalhe importantíssimo: a questão financeira. O Jeep Renegade mais em conta sai por R$ 79.990. Ele vem com aquele motor 1.8 flex amarrado e beberrão. Com a gasolina no preço que está, não é nada animador. Já o Compass mais acessível custa R$ 103.990. Ele tem motor 2.0 e entrega mais status ao seu dono do que o Jeep Renegade. Mas será que esse status ainda tem o valor que tinha perante alguns setores da sociedade? Ou será que status mesmo é comprar um patinete elétrico e sair por aí driblando o trânsito?

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Um patinete elétrico desses que a gente vê nas calçadas para serem compartilhados pode custar entre R$ 2.000 e R$ 4.200. Estou pegando exemplos de um modelo da MobGo e outro da InMotion. Mas existem patinetes elétricos muito mais baratos. No site do Mercado Livre, por exemplo, é possível encontrar patinetes tipo E-Scooter ou Look Young por R$ 800 divididos em 12x de R$ 75.

Claro que um patinete elétrico não faz o que um carro faz. Menos ainda se esse carro for um SUV 4x4, como algumas versões do Renegade e do Compass. Porém, o patinete também não desvaloriza horrores, não fica 90% do tempo parado, não paga estacionamento, não tem IPVA, não tem seguro que custa o olho da cara, não requer manutenção caríssima nem outros empecilhos financeiros que têm afastado principalmente os jovens da compra de carros.

Apesar do Jeep Renegade e do Compass, é diante disso tudo que algumas montadoras estão absolutamente envolvidas com o futuro da mobilidade, como é o caso da Toyota, da Honda e da Nissan. Elas ainda mantém o discurso de que o carro é liberdade, mas já perceberam que, em muitos carros, a liberdade é exatamente o oposto: estar fora do carro. Num patinete elétrico, por exemplo.

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