A TAC, fabricante brasileira de utilitários esportivos, volta a operar em nível nacional. Com a entrada de um novo acionista majoritário, a empresa retorna das cinzas para bater de frente com o sucesso do Troller. Os executivos, entretanto, dizem que a marca nunca interrompeu completamente suas operações no Brasil, confeccionando veículos por encomenda entre 2014 e 2017. Pronta para outra, a marca continuará apostando no TAC Stark.
LEIA MAIS: Honda Civic Si: enfim, um esportivo de verdade
Fomos para Socorro (SP), um ponto turístico muito popular entre os praticantes de esportes radicais, para conhecer o TAC Stark em seu habitat natural: a lama. É onde o jipinho se sente mais à vontade, em meio ao mato e borrachudos. Em nossa programação, teríamos duas oportunidades de conferir o desempenho do rival do Troller.
A TAC convidou praticantes de off-road de sua equipe que disputam diversas provas em campeonatos em Minas Gerais para traçar uma trilha de nível sete. Trata-se de um trajeto sinuoso que apenas motoristas experientes na prática fora-de-estrada poderiam desbravar. Apesar de estar apertado no pequeno assento traseiro do Stark, deu para ver que o jipinho que trocou o sotaque sulista pela cidade de Sobral, no Ceará tem manchas de barro em seu DNA.
LEIA MAIS: Jeep Renegade Custom Diesel: um SUV sem frescuras
Estamos falando de um veículo muito simples. Sendo um projeto 100% brasileiro, o Stark usa peças de vários outros modelos. É quase como um jogo de adivinhação. O volante, por exemplo, marcou presença em diversos carros da linha Fiat durante a década passada. Quebra-sol, ar-condicionado, alavanca de câmbio, cluster e porta-óculos também vieram da antiga linha Doblò e Palio. Se você já teve um carro da Fiat daquela época, fica mais fácil de comparar. A qualidade dos materiais é exatamente a mesma.
O rei da floresta
Apesar de ser um jipe robusto, o Stark demonstra certa fragilidade no acabamento do interior. Enquanto andava no passageiro com o piloto da marca, tentei reparar em rangidos estranhos ou peças soltas no acabamento. Mesmo com mais de 40 mil quilômetros rodados, o carro parecia novo.
Você viu?
Foi legal ver o Stark passando dos 45° enquanto enfrentava uma subida cheia de terra. Originalmente, o motor 2.3 Turbo Diesel Intercooler entrega 127 cv e 32 kgfm, com caixa de câmbio manual Eaton, de 5 marchas. Além disso, sua carroceria de fibra confere um peso total reduzido aos 1.710 kg e, como tudo o que é feito neste material, é de fácil reparo.
O trajeto que fiz ao volante, entretanto, foi bem diferente dessa experiência. Dirigi um modelo modificado pelo proprietário, entregando 170 cv de potência. A suspensão também foi um pouco rebaixada para garantir mais estabilidade, uma vez que seu Stark é utilizado em ralis.
Chama atenção o curso da alavanca de câmbio, que é longo, e as mudanças de marcha deveriam ser feitas às 3 mil rotações. Nesta altura, o turbo já assobiava no motor, gerando aquele delicioso som agudo. Foi um trajeto curto, cerca de quinze minutos em estrada de terra batida e asfalto.
Conclusão
O TAC Stark parte de R$ 115.000, podendo atingir R$ 130.000 com a adição de equipamentos como: para-choques metálicos, guincho embutido, snorkel, rack bagageiro, bloqueio de diferenciais dianteiro e traseiro, homocinéticas mais resistentes, faróis de LED e diferentes configurações de rodas e pneus (que podem ser de 15, 16 ou 17 polegadas). A marca também criou os Stark Points, que já conta com quatro unidades (três em São Paulo, uma em Minas Gerais). Neles, os proprietários poderão fazer manutenções, serviços e até mesmo encontros.
LEIA MAIS: Ford Mustang x Chevrolet Camaro: esportivos travam confronto acirrado
Este é só o primeiro passo na consolidação do TAC Stark no Brasil. A fábrica da marca em Sobral conta hoje com cerca de 30 funcionários, com expectativa de mais 20 até o fim do ano. Além disso, de todos os 217 Stark vendidos desde 2009, 100 foram só no ano de 2018, conforme divulgado pela TAC. Há previsão de um investimento de R$ 150 milhões até 2022, com expectativas voltadas a uma nova variação mecânica, com motor flex e câmbio automático (atualmente só há um diesel com câmbio manual).
Preço: R$ 115.000
Motor: 2.3, turbodiesel
Potência: 127 cv
Torque: 32 kgfm
Transmissão: manual, cinco marchas
Suspensão: independente, braços sobrepostos (dianteira e traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira e traseira)
Dimensões: 4,08 m (comprimento), 1,88 (largura) 1,86 m (altura), 2,5 m (entre-eixos)
Porta-malas: 100 litros
0 a 100 km/h: 15,9 segundos
Consumo: 9 km/l na cidade, 12 km/l na estrada (fabricante)