Certa vez, questionei o presidente da JAC Motors do Brasil, Sérgio Habib, sobre o mercado de sedãs compactos. Sua resposta foi breve, como sempre: “prefiro vender SUVs. A categoria dos compactos de três volumes está em queda”. Tal como a Caoa Chery, a marca chinesa representada pelo Grupo SHC está focando em uma linha completa de SUVs para diversas categorias. Entre os quais, o JAC T50 CVT ganha novo fôlego.
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Muitos chamariam a mudança de “facelift”, mas o JAC T50 CVT traz alterações mais significativas. O carro está na linha tênue entre uma reestilização e um modelo realmente novo. A começar pelos faróis dianteiros, que raramente são trocados nas mudanças de "meia vida". Diferentemente de HR-V e Renegade , o T50 se transforma por completo, com novo formato mais moderno e afinado.
Não para por aí. O T50 também surge com novo para-choque, agora mais esportivo e elegante. Em sua silhueta, onde as mudanças foram bem mais discretas, temos novas rodas de liga leve baseadas no modelo menor, o T40.
O SUV chinês tem bons 4,35 metros de comprimento, mantendo a média de tamanho do Honda HR-V (4,29 m) e Jeep Renegade (4,23 m). Partindo para a traseira, as lanternas também são novas. O desenho mais afiado deixa o SUV mais protuberante, fazendo-o parecer ainda maior.
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Bem, a aparência do T50 por fora é condizente com o que encontramos por dentro. Diferentemente do T40, que nasceu como um hatch e no meio do projeto acabou virando um SUV, o T50 se orgulha de suas características de utilitário esportivo. Com 1,84 metro de altura, fiquei bem no banco traseiro. Além do bom espaço para os joelhos, minha cabeça se manteve distante do teto. Não dá para dizer o mesmo do HR-V, onde os mais altos sofrem com a queda da traseira.
O painel é completamente novo. Do modelo anterior, a JAC preservou apenas a maçaneta e o acendedor de cigarros. Destacamos o uso de bons materiais, com revestimento macio cobrindo a parte frontal do painel. A central multimídia flutuante, de oito polegadas, tem sistema rápido e intuitivo, com a possibilidade de parear celulares Android e iOS. A única ressalva fica por conta da aspereza da superfície da tela.
Espaçoso para pessoas e malas, o T50 também assegura que levará a bagagem de toda a família sem qualquer aperto. São inigualáveis 600 litros de capacidade, muito superiores aos 475 litros do Duster e os 437 litros do HR-V. Na prática, o porta-malas do T50 chega a ser maior até que o do Audi Q5.
Com bom espaço interno e para as bagagens, o JAC T50 parece ser uma daquelas recomendações para famílias que viajam muito. Não é difícil achar a melhor posição para dirigir, pois o T50 conta até mesmo com regulagens de altura e profundidade para o volante.
Você viu?
O painel de instrumentos também é novo, mostrando que nem todas as mudanças foram positivas. Os dígitos na tela são muito pequenos e a qualidade não é das melhores, tornando a visualização bem difícil. Ao menos, o T50 consegue ser o carro mais completo de sua categoria. Tem até câmera 360° para ajudar nas manobras mais complicadas, recurso presente apenas no Nissan Kicks , em suas versões mais caras.
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Chave presencial, direção elétrica, computador de bordo, vidros com função "um toque", retrovisores elétricos rebatíveis e faróis com regulagem de altura do facho do farol são alguns dos itens que tornam o T50 o mais equipado do segmento.
Também não faltam itens de segurança. De série, há controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, sistema de assistência de frenagem e monitoramento da pressão dos pneus são alguns dos ítens que marcam presença. Porém, modelo poderia, ao menos, contar com airbags de cortina, mas fica apenas com os dois frontais.
A partir de agora, o T50 virá equipado com o mesmo motor 1.6 das versões mais caras do JAC T40. Nesse caso, estamos falando de um 1.6 DVVT, com 138 cavalos e 17,1 kgfm a 4.000 rpm. Aliado ao câmbio CVT, o carro vai de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos e tem máxima de 198 km/h, conforme a fabricante.
O T50 é pesado. São 1.320 kg que dificultam a vida do motor e do câmbio na estrada. Em ultrapassagens, o SUV sofre para efetuar suas tarefas e o barulho do conjunto acaba invadindo a cabine. Essa é a principal consequência de um câmbio CVT, onde ganha-se em conforto em detrimento do desempenho.
JAC T50 CVT: vale a compra?
Rodar no etanol poderia render alguns cavalos a mais para o JAC T50. Infelizmente, os executivos da JAC dizem que o tempo para desenvolver um motor flex acabaria atrasando o lançamento. O etanol é mais corrosivo que a gasolina, exigindo mais cautela por parte das fabricantes em todos os componentes que entram em contato com o combustível. Este tópico já está no cronograma da marca, e deve acontecer ao longo de 2019.
A versão que andamos para tirar as primeiras impressões sai por R$ 87.990. Mas JAC T50 CVT traz o conjunto mais completo de sua categoria. Além disso, o carro recebeu várias modificações no visual, tanto por dentro como por fora, algo que pode ser considerado mais do que uma simples reestilização.
Ficha técnica
Preço: R$ 87.990
Motor: 1.6, gasolina
Potência: 138 cv a 6.000 rpm
Torque: 17,1 kgfm a 4.000
Transmissão: automática, CVT
Freios: discos ventilados (dianteira), sólidos (traseira)
Suspensão: Independente (dianteira), eixo de torção (traseira)
Dimensões: 4,35 m (comprimento), 1,76 m (largura), 1,64 m (altura), 2,56 m (entre-eixos)
Porta-malas: 600 litros
Tanque: 45 litros
0 a 100 km/h: 11,3 segundos
Consumo: 10 km/l (cidade), 12 km/l (estrada)