Confesso que foi uma experiência estranha dirigir um carro que leva o emblemático nome de um de meus esportivos favoritos, mas que foi totalmente desvirtuado. Durante os seis anos de ausência no mercado, o Eclipse passou de um belo cupê com motor 3.8 V6 para um SUV da moda que irá rivalizar com VW Tiguan e Jeep Compass. Ainda que diversos atributos continuem remetendo ao modelo clássico, o novo Mitsubishi Eclipse Cross 2019 traz algumas emoções interessantes.
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Esqueça qualquer ligação do Mitsubishi Eclipse Cross 2019 com o esportivo de mesmo nome que não seja o visual. De fato, colocando o novo modelo ao lado de Tiguan , Compass e 3008 , o carro tem o design externo como grande ponto de destaque. De acordo com os engenheiros da Mitsubishi, o “high hip point” (ou linha de cintura alta) é o responsável por acrescentar robustez à carroceria de um esportivo. Da metade para cima, o Eclipse é um cupê; da metade para baixo, um SUV médio.
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A dianteira não nega suas influências do novo Outlander, com design afiado e grade cromada que lembra um escudo. Com harmonia, passa a impressão de que seus faróis de neblina são maiores que os principais. A traseira, por outro lado, gerou muita polêmica nas caixas de comentários de nossas matérias sobre ele. A lanterna cortando o vidro traseiro forma um spoiler - novamente, uma referência ao Eclipse clássico. De minha parte, devo dizer que o Eclipse Cross é um pouco mais fotogênico que presencial, mas continua sendo um carro interessante no segmento com pouca ousadia.
Despojado por fora, o carro acaba pecando pela simplicidade na parte interna. Diferentemente de ASX e Lancer, que vêm com painel de plástico duro, o Eclipse Cross tem superfície emborrachada de ótima textura. As portas dianteiras também trazem uma combinação de borracha com detalhes de couro no apoio de braço. Na traseira, por outro lado, há plástico duro.
Tive a oportunidade de percorrer parte do percurso de 300 km entre Porto Alegre (RS) e a Serra Gaúcha no banco traseiro. Mesmo com a minha estatura (1,83 metro, bem acima da média brasileira de 1,73 m), tive espaço livre para as pernas. O encosto do banco traseiro é bem reclinado, de forma que o passageiro fique um pouco mais deitado que na maioria dos veículos. Há quem goste, mas, particularmente, prefiro um encosto mais na vertical. Ao longo da viagem, também senti falta de saídas de ar-condicionado para os ocupantes traseiros.
Quatro adultos e uma criança viajam com conforto. A tração integral da versão que testamos deixa o túnel central um pouco mais elevado (tem aproximadamente o tamanho de um tênis). É possível viajar com três adultos no banco traseiro, ainda que o meio seja uma posição ingrata.
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Passo para o banco da frente, onde posso desfrutar um pouco de seu conjunto mecânico. O Eclipse Cross surge sempre com o mesmo motor 1.5 turbo, de 165 cv e 25,5 kgfm de torque a 1.800 rpm, com câmbio automático continuamente variável (CVT), que simula oito marchas. Conforme apurado pela nossa reportagem, a Mitsubishi não tem planos de trazer o motor 2.0 aspirado que equipa o Eclipse de entrada nos Estados Unidos para o Brasil.
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Os anéis, saída de válvula e shape de cabeça de pistão já estão adaptados para a porcentagem de até 27% de etanol da gasolina brasileira. A Mitsubishi diz que o motor pode ser adaptado para atender aos modelos flex e equipar outros carros da linha.
O Mitsubishi Eclipse Cross 2019 é bom de dirigir?
Como qualquer carro com câmbio CVT, o Eclipse parece não entregar a potência como poderia. Uma caixa automática, de dupla embreagem, poderia deixá-lo ainda mais esperto para acelerações mais fervorosas e desencadear a força completa de seu motor 1.5 turbo. O objetivo, entretanto, não é agradar aos órfãos do cupê esportivo, apostando em um carro mais dinâmico e econômico para a cidade.
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Para a sorte de quem curte abusar do pedal do acelerador, a Mitsubishi focou em desenvolver um carro pontualmente equilibrado. A suspensão dianteira é McPherson, enquanto a traseira vem com o tipo multibraço com barra estabilizadora e molas helicoidais. Combinado aos pneus 225/55R com tecnologia nanobalance , o Eclipse garante mais equilíbrio e resistência para curvas em alta velocidade.
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Os itens de segurança também podem ser um fator de compra. Desde a versão básica (R$ 149.990), o modelo integra alerta de saída de faixa, sistema de prevenção de aceleração involuntária e nove airbags.
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Enquanto o Chevrolet Equinox é um canhão em retas, mas sofre um pouco nas curvas, o Mitsubishi Eclipse Cross é exatamente o contrário. Apesar de acelerar de 0 a 100 km/h em pacatos 11,4 segundos, seu comportamento dinâmico está mais próximo de um esportivo. Isso não significa que uma suspensão dura será incômoda. Feito no Japão, o modelo chega totalmente adaptado às condições encontradas no Brasil, pronto para enfrentar as nossas ruas esburacadas.
Conclusão
Vale destacar algumas das funcionalidades urbanas do Mitsubishi Eclipse Cross 2019, como o bom porta-malas de 473 litros que pode ficar ainda maior com o banco traseiro deslizante. Como os modelos testados vieram dos Estados Unidos, não tivemos a oportunidade de testar a central multimídia oficial que equipará os carros brasileiros. A marca japonesa estima que o modelo 4x4 corresponderá a 60% das vendas.
Ficha técnica:
Preço: a partir de R$ 149.990 (R$ 155.900 na versão testada)
Motor: 1.5, turbo, gasolina
Potência: 165 cv
Torque: 25,5 kgfm
Transmissão: CVT, oito velocidades
Suspensão: McPherson (dianteira), Multibraço (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira e traseira)
Porta-malas: 473 litros
Tanque 63 litros
0 a 100 km/h: 11,4 segundos
Consumo: 8,6 km/l (cidade) 11,4 km/l (estrada), com gasolina (Inmetro)