Pensando bem, R$ 100 mil é muito dinheiro. Quando se fala de carros, os especialistas de mercado das fabricantes concordam que a renda mensal de quem procura um veículo desse valor costuma ser de R$ 20 mil ou mais — muito além dos R$ 2.154 de renda per capita média entre os assalariados, segundo o levantamento mais recente do IBGE (2017). Desse modo, o que se compra hoje em dia, por menos de R$ 100 mil, que venha com conforto, desempenho, segurança, equipamentos, eficiência, assistências e outros atributos de modelos “premium”?
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Mesmo que venha sem banco de couro, até antes do Volkswagen Jetta 2019 de entrada ter sido anunciado para o mercado, entre carros equipados com acessórios de luxo de última geração, à venda por menos de R$ 100 mil, temos apenas Ford Focus SE Plus (R$ 91.000) — com alguns adicionais para a versão Titanium (R$ 101.800) — e o Chevrolet Cruze LT 1.4 turbo (R$ 96.790).
Em relação a ambos os rivais, o sedã da VW não conta com faróis de neblina, e nem câmera de ré. Ante o Focus, não tem as trocas de marcha no volante, rebatimento elétrico dos retrovisores e retrovisor fotocrômico, enquanto não traz o sistema de recuperação de direção e o sistema concierge OnStar do Cruze. Mas, ao contrário de ambos, vem com faróis de LED, freio de estacionamento elétrico, porta-luvas climatizado, sensor de proximidade dianteiro, além de ser o mais rápido de 0 a 100 km/h.
Tudo bem que as marcas japonesas são mais conhecidas pelos baixíssimos níveis de depreciação e têm a fama da ótima confiabilidade, tudo bem que o Mitsubishi Lancer é um sedã médio que custa menos de R$ 80 mil, e tudo bem que outro deles, o Nissan Sentra de entrada, também um dos mais em conta (custa pouco mais de R$ 80 mil) e traz mais equipamentos que o Toyota Corolla de entrada (R$ 90 mil). Mas enquanto falarmos de equipamentos de última geração em carros de R$ 120 mil para mais, os modelos de marcas asiáticas abaixo dos R$ 100 mil não têm a menor chance.
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Saindo do pequeno comparativo com os rivais, o lançamento da VW traz, além de itens mais simples: ar-condicionado digital de duas zonas, seis airbags, sensor de chuva, controle de estabilidade, start-stop, assistente de partida em rampas, central multimídia de 8 polegadas com conectividade Android Auto e Apple Car Play, limpador de pára-brisa automático, vetorização de torque sensor de estacionamento dianteiro e traseiro e volante multifuncional. Quem pagar R$ 10 mil a mais pela versão Comfortline, levará rodas de 17 polegadas (ante as 16 da versão de entrada), seletor de modo de condução e os bancos de couro.
Ao volante da nova versão do Volkswagen Jetta 2019
Os proprietários do Jetta da geração anterior — já considerado um carro de entusiastas — têm atributos em seus carros que não verão no modelo 2018 e 2019. Vinha com câmbio de dupla embreagem e suspensão multilink no eixo traseiro, bem como motor 2.0 turbo na configuração mais completa. Agora o carro está mais pacato e é preciso ter uma certa paciência com o conjunto do Jetta, que leva alguns instantes para responder depois de pisar no acelerador, mas mesmo assim, o desenvolvimento do motor em todas as faixas de rotação é invejável para a sua categoria — não à toa que vai até 100 km/h em 8,9 segundos, de acordo com os números da fabricante.
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Quanto à sensação do “chão”, é bastante confortável — devido ao alongamento da distância entre-eixos e os pneus de perfil 60 (mais altos) — e transmite uma sensação de firmeza em curvas rápidas e mais acentuadas. Ainda falando em sensações, causa boa impressão a estabilidade do sedã da VW e o baixo nível de ruído.
Não realizamos testes instrumentados, mas ante os rivais da sua categoria, o sedã atrai pela mecânica eficiente, com consumo de combustível (gasolina) na casa dos 11 km/l na cidade e 14 km/l na estrada, de acordo com o Inmetro. E são números que parecem mesmo condizer com a realidade, uma vez que viajamos mais de 150 km com o carro, em trechos de cidade e rodovia, e o ponteiro de combustível pouco saiu do lugar.
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Com relação ao Volkswagen Jetta 2019 de entrada, a marca pode ter uma ameaça dentro da própria linha: o Virtus GTS. Se for lançado, usará o mesmo conjunto mecânico 1.4 TSi com câmbio automático de seis marchas. O Virtus esportivo, ainda sem data para ser lançado, pode custar próximo dos R$ 100 mil, oferecendo mais versatilidade, com 22 cm de comprimento a menos.
Ficha Técnica - VW Jetta 250 TSI 1.4
Preço: R$ 99.990
Motor: 1.4, quatro cilindros, turbo flex
Potência: 150 cv a 5.000 rpm
Torque: 25,5 kgfm a 1.400 rpm
Transmissão: automático, seis marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / discos sólidos (traseiros)
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: 4,70 m (comprimento) / 1,80 m (largura) / 1,47 m (altura), 2,69 m (entre-eixos)
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 510 litros
Consumo etanol: 7,4 km/l (cidade) / 9,6 km/l (estrada)
Consumo gasolina: 10,9 km/l (cidade) / 14 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 8,9 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h