Está comprovado que a crise econômica que assola a maior parte da sociedade não afeta parcela mais rica da população. Um estudo divulgado pelo O Globo aponta que a renda da metade mais pobre da população caiu 17,1% entre 2014 e 2019. enquanto a concentração monetária do 1% mais rico avançou 10,1%. Neste cenário, um SUV caro como o Audi Q8 faz muito sentido em nosso mercado.
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A marca alemã também diz que o Brasil mantém a décima colocação no ranking do mercado global de artigos de luxo, incluindo aparelhos eletrônicos, vestuário e automóveis, mas queimar dinheiro continua fora de cogitação. Este seria o primeiro grande trunfo do Audi Q8 , uma vez que o SUV realmente faz parecer que o proprietário desembolsou uma nota por ele.
Por fora, traz o design de “SUV-cupê” que está tão na moda nos dias de hoje. A sacada da Audi foi esconder a coluna central para ampliar a área envidraçada em sua silhueta. Com a queda ao fim da traseira, o Q8 parece um esportivo que injetou esteróides, distanciando seu design de um eventual “banheirão” - mesmo com 4,9 m de comprimento.
O focinho de javali fica ainda mais agressivo com a grade dianteira pintada em preto brilhante neste pacote Performance Black, que pode ser encomendado por R$ 531.990. Em relação ao modelo convencional de R$ 471.990, acrescenta som premium Bang & Olufsen, teto interior em preto, acabamento mais refinado nas soleiras das portas em alumínio, capa do espelho retrovisor, kit S-Line e pinças de freio em vermelho. Tudo isso por R$ 60 mil!
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O minimalismo que está tão na moda no design de interiores se repete no habitáculo, onde o Q8 aposta na simplicidade para conquistar os endinheirados. Apesar do estilo sóbrio, conta com iluminação de LED com mais de 30 opções de cores, cluster 100% digital e ar-condicionado quadrizone.
A central multimídia estreia um sistema de nova geração, abandonando o antigo joystick que ficava no console central. Além de touchscreen , a grande tela de 10 polegadas traz uma resposta ao dedo do motorista, como se estivesse apertando um botão que afunda. Abaixo, há outra tela de 8,6 polegadas com controles climáticos e funções de conforto. A inspiração no Range Rover Velar é clara.
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Mas nem tudo é perfeito neste SUV de luxo. O Q8 não traz equipamentos simples como carregador de celular por indução e conectividade wi-fi, mas os executivos garantem que isso será resolvido no futuro.
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No modo off-road, o SUV mostra uma animação dele próprio na central multimídia, contando com diversas informações sobre inclinação, nível e distribuição de torque. Por alguns instantes, voltei a me sentir no modelo de luxo da Land Rover. O diferencial central da tração quattro é totalmente mecânico e banhado a óleo, transferindo as forças do eixo dianteiro e traseiro em proporção 40:60.
A suspensão também se eleva, dependendo do modo de condução escolhido pelo motorista no seletor. De acordo com a marca, ela pode chegar a até 254 milímetros com a suspensão pneumática adaptativa e 220 milímetros com a padrão.
Na pista
Após o trajeto na terra, teria direito a duas voltas no Autódromo Velo Città para avaliar o comportamento dinâmico em situações extremas. Apesar do tamanho, é um SUV muito equilibrado na pista, mas carece de motor em algumas retomadas. A unidade 3.0 V6 pertence à mesma família do propulsor do Q7 , desenvolvendo 340 cv de potência e mais de 50 kgfm de torque. A transmissão tiptronic de oito velocidades proporciona trocas rápidas, fazendo o utilitário de 2.3 toneladas acelerar de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos.
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Fica claro que a Audi deu preferência por um SUV mais ponderado para as grandes cidades. O Q8 não é dos mais ágeis, mas pode ser provocado em curvas fechadas sem escorregar.
O principal rival do Audi Q8 é o Range Rover Velar R-Dynamic HSE V6, que custa R$ 487.270. A marca alemã foi capaz de projetar um SUV menos veloz, porém à altura do rival inglês, em um confronto que poderia ser resolvido nos detalhes. Neste momento, o que poderia justificar a escolha entre um e outro seria o design de utilitário-cupê, ou uma carroceria clássica.