O lançamento do Toyota Corolla híbrido marca o início de um novo período na indústria automotiva brasileira. Trata-se do primeiro modelo eletrificado feito em solo nacional, e ainda que o conjunto mecânico seja importado do Japão - com apenas alguns componentes regionais - é o impulso do Brasil nos trilhos da sustentabilidade, tecnologia e economia de combustível.
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A marca japonesa espera vender 4,5 mil unidades do novo Toyota Corolla por mês, sendo que 1 mil serão da versão Altis híbrida que avaliamos no litoral de São Paulo. Como chamariz, a fabricante colocou exatamente o mesmo valor do modelo a combustão na versão eletrificada: a partir de R$ 124.990.
“Ok, mas qual a dificuldade de desenvolver um modelo híbrido flex?”, talvez esteja se perguntando. O etanol é mais corrosivo que a gasolina, portanto, componentes como mangueiras, bomba de combustível, bicos injetores e velas precisam ser substituídos na versão bicombustível.
Na prática, é o mesmo motor 1.8, de 98 cv do Prius, com diferencial reduzido para melhorar o desenvolvimento da potência. A energia também parte de dois propulsores elétricos que geram 72 cv (um deles substitui o motor de arranque). Apesar de não divulgada pela Toyota, a potência combinada fica na casa dos 123 cv na versão flex.
O câmbio automático CVT, continuamente variável, também foi importado do Prius, com engrenagens planetárias (sem correia e polia). Diferentemente do modelo 2.0 Dynamic Force, o Corolla híbrido não simula marchas para se aproximar de uma transmissão automática convencional. Este detalhe exclui a possibilidade de trocas manuais, tanto na alavanca quando nas aletas atrás do volante.
Gosto muito da posição de dirigir dos modelos feitos sob a plataforma TNGA (também utilizada na Lexus ). A engenharia permite que o motorista fique mais próximo do assoalho, com requintes de esportividade. O volante que antes era muito fino fica mais encorpado, revestido com materiais de melhor qualidade. O painel 100% digital reproduz o gráfico de energia, mostrando o diagrama de funcionamento dos motores e recomposição da bateria a partir da cinética.
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Tudo o que eu já gostava no Corolla ficou ainda melhor no modelo renovado. A suspensão traseira abandona o antigo eixo de torção e ganha um novo arranjo do tipo multilink para amenizar os impactos nas ruas mais esburacadas. Na dianteira, a nova geometria proporciona maciez e ao mesmo tempo continua favorecendo uma condução mais direta.
Nas rodovias que ligam o Guarujá (SP) à capital, fico seguro para acelerar no asfalto molhado. Além da nova plataforma que é 60% mais rígida, a versão Altis inclui o pacote Safety com controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência e alerta de saída de faixa. O Corolla faz boa leitura de suas extremidades e pode frear com força caso seja “cortado” no trânsito com o ACC ativo.
Pisando fundo, o sedã leva consideráveis 11 segundos para chegar aos 100 km/h - mas talvez acelerar não seja a intenção de quem compra um modelo híbrido. De acordo com os números do Inmetro, o Corolla flex pode fazer 16,3 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada quando abastecido com gasolina. No etanol, o número vai para 10,9 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada.
Retornando ao Guarujá no banco do passageiro, percebo como o acabamento do novo Corolla continua primoroso. A maior parte do painel é revestida com materiais emborrachados de toque macio e couro, com detalhes em plástico texturizado. O bom acabamento continua nas portas, inclusive nas traseiras.
Conectividade
A central multimídia de dez polegadas é uma atualização do sistema utilizado no RAV4 e gerou certa polêmica pelo formato de tubo no painel - em outros mercados, é flutuante. A interface conta com os indispensáveis botões giratórios de volume e sintonização, além de outros atalhos. Destaque para as conectividades Apple CarPlay e Android Auto, onde o Corolla pode reproduzir aplicativos como Spotify e Waze.
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Apesar de ser espaçoso, o teto solar que surge no pacote Premium rouba o espaço para a cabeça dos ocupantes que vão atrás. Este opcional ainda acrescenta faróis em LED, ar-condicionado digital de duas zonas e sensor de chuva, elevando seu preço para R$ 130.900.
Para os modelos convencionais com motor 2.0 Dynamic Force, a fabricante oferece cinco anos de garantia. No modelo híbrido, o prazo sobe para oito. Não faltam motivos para investir na versão eletrificada do Toyota Corolla , que apesar de manter o desenho conservador, ganhou um caráter mais jovial. A boa reputação da marca nos serviços de pós-venda também é outro ponto que pode conquistar.