Os preços dos SUVs compactos têm crescido cada vez mais, uma triste realidade que não é restrita apenas ao segmento. A gama de alguns modelos chega a apresentar variações de R$ 50 mil entre as versões básicas e as top de linha. Para aproveitar esse movimento de estica e puxa, a Hyundai lançou o Creta N Line Night Edition , nova série especial que passa a exercer o papel de topo de linha.
Oferecida por R$ 181.490, a edição tem tiragem limitada: serão apenas 900 carros , e conta com alguns destaques para justificar a diferença em relação aos R$ 173.690 do Creta Ultimate - até então o mais caro.
A novidade se diferencia da N Line normal em vários pontos, sendo o principal o uso de motor 2.0 aspirado no lugar do 1.0 turbo . Embora não seja tão atual quanto os propulsores turbo de alguns rivais, o 2.0 rende bons 167/157 cv e 20,6/19,2 kgfm de torque (etanol/gasolina), o suficiente para ir de zero a 100 km/h em 9,3 segundos , contra 11,5 s do N Line 1.0 turbo de 120 cv e 17,5 kgfm. Já começa a justificar um pouco a diferença de R$ 14.500 entre eles. Sem mudanças, o câmbio é sempre o automático de seis velocidades.
Em relação aos Cretas normais, a edição conta com novos amortecedores e molas dianteiras , uma mudança que tornou sua suspensão mais durinha. Da mesma maneira, a direção elétrica também foi recalibrada para se tornar mais firme . Já vai um pouco além de um modelo voltado somente às aparências.
Mas não chega ao ponto de fazer valer a letra N, uma distinção que aponta o lugar onde os verdadeiros Hyundai N são colocados à prova: o circuito alemão de Nürburgring. O N Line está mais para Namyang , o gigantesco centro sul-coreano de desenvolvimento da Hyundai.
O objetivo dos N Line é recriar a imagem esportiva dos N, mas em versões bem menos agressivas do que as da divisão verdadeiramente esportiva. É mais ou menos o que a Audi faz com os S Line .
De qualquer forma, o desempenho extra combina com toda a decoração esportiva da edição limitada. Um carro com Night Edition no nome tinha mesmo que apostar em detalhes escurecidos. Exclusiva da linha N Line, a grade frontal tem logotipo escurecido e acabamento dark-chrome, um detalhe que se repete nos logotipos traseiros - o N Line original investia no tom cromado no nome e logo da Hyundai, o que não era muito coerente.
Na mesma pegada, o tom preto brilhante está por todas as partes: para-choques, retrovisores e até nas rodas aro 18 calçadas em pneus Pirelli Scorpion 215/55 , uma linha dedicada aos SUVs. Os faróis e lanternas de LED também são escurecidos. As opções de cores são: preto, branco e cinza, sendo que as duas últimas têm opção de teto preto.
Ao entrar no carro, a diferenciação continua a ser vista em alguns pontos. Um deles é o teto preto, uma solução de estilo que pode tirar um pouco da sensação de amplitude da cabine, mas que dá aquele ar mais esportivo. Os revestimentos de couro sintético contam com logotipo N Line nos banco dianteiros, além de terem costura vermelha, um detalhe que também está no volante e na alavanca de câmbio. A soleira traz a numeração de 001 a 900 .
Na prática, o Creta N Line Night Edition se posiciona como o modelo mais caro da gama. Por isso mesmo, conta com todos os itens da versão Ultimate , que tem visual mais conservador, uma lista que inclui uma série de equipamentos de assistência à condução.
São de série controle de cruzeiro adaptativo e frenagem autônoma de emergência para carros, pedestres, ciclistas e também para convergência à esquerda. A segurança é complementada ainda por seis airbags (frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina)
; monitoramento de ponto cego; assistente de permanência em faixa; detector de fadiga; e controles eletrônicos de estabilidade e de tração com auxílio de partida em rampa.
Há também um equipamento exclusivo da configuração: o som premium da marca norte-americana Bose
, que conta com oito alto-falantes, sendo um alto-falante central no painel, dois tweeters, dois para cada porta e um subwoofer no porta-malas. A qualidade de reprodução impressiona, não se trata apenas de um sistema de som que acentua apenas os graves.
Os demais pontos são divididos com a versão Ultimate, o que é bom. O interior se destaca pela central multimídia BlueNav, de 10,25 polegadas, que é capaz de exibir a visão 360 graus do carro, algo muito útil em manobras. Por sua vez, o quadro de instrumentos digital tem sete polegadas. Também há comandos de voz para acionar várias funções, entre elas ligar e desligar o ar-condicionado, ativar a ventilação do banco do motorista (o carona não conta com esse mimo), acionar o vidro ou até o teto-solar panorâmico, item que está disponível em cerca de 50% dos Cretas vendidos no Brasil , um percentual elevado.
Além dos itens já citados, a edição traz: ar-condicionado digital de uma zona; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; seleção dos modos de condução; saída de ar para o banco traseiro; carregador sem fio para smartphones; controle de cruzeiro adaptativo; vidros elétricos um-toque; central multimídia com GPS integrado - algo que está ficando cada vez mais raro -; retrovisores com rebatimento elétrico; faróis e lanternas de LED; freio estacionamento eletrônico com auto hold - você não precisa pisar no freio em paradas -; iluminação interna da cabine; Android Auto e Apple CarPlay sem fios; e entrada e partida sem chave, entre outros.
A conectividade fica por conta do Bluelink , recurso integrado a smartphones que se destaca por poder acionar várias funções do carro a distância, entre elas acionar o motor, localizar o veículo e monitorar a posição dele. A grande vantagem é o fato do sistema da Hyundai ser gratuito por três anos, enquanto o MyLink do Chevrolet Tracker tem apenas três meses de gratuidade , além de cobrar mais de R$ 70 mensais para ter os mesmos recursos. Depois de passado esse período, a marca sul-coreana cobrará R$ 29,90 pelo serviço. Nada mal.
Ao conversar com Flávio Cuareli, Gerente Sênior de Planejamento de Produtos e Inteligência de Mercado Brasil & Latam da Hyundai, durante o lançamento do Creta N Line 1.0 turbo, o executivo bem lembrou que foi necessário ver o movimento da concorrência para decidir colocar o carro entre Platinum 1.0 turbo e o Ultimate 2.0. "Agora ficamos mais próximos do HR-V e do Compass" , afirmou o executivo, que também explicou que as versões N Line e Ultimate do Creta têm participação superior a 30% da gama. Dá para entender um pouco o porquê da marca investir em uma fatia mais cara do SUV.
Disputando com concorrentes cada vez mais caros, o Creta podia crescer um pouco de abrangência, segundo o ouvido na apresentação do N Line Night Edition. Com a edição limitada, a diferença de preço entre o Creta Comfort básico (R$ 129.190) e a top de linha chega a R$ 52.300
- isso se deixarmos de lado o Creta Action
, modelo de geração anterior que é vendido por R$ 113.590.
Com a ampliação da gama, a Hyundai consegue competir com carros como o Honda HR-V Advance e Touring 1.5 turbo (R$ 182.900 e R$ 190.900, respectivamente), como também com o Jeep Compass Longitude 1.3 turbo (R$ 184.490). Os executivos da marca enxergam que o Creta tem argumentos fortes para tal, um deles é o espaço interno.
O SUV tem 4,30 metros de comprimento , algo que não o destaca, mas todos sabem que o espaço não depende apenas da medição de para-choque a para-choque. Os 2,61 metros de entre-eixos são muito bem aproveitados e oferecem um bom espaço para quatro adultos altos e, de quebra, o porta-malas comporta 422 litros, dois litros a mais que o Compass e 68 l em relação ao Honda, o que dá uma bela mala média de vantagem. Além disso, o Creta tem a vantagem de ter cinco anos de garantia, algo que o Toyota Corolla Cross também tem, mas que a maioria dos rivais dispensa.
A própria Hyundai elencou as diferenças entre os rivais de uma maneira cirúrgica, uma verdadeira aula de marketing sincero. Não há dúvida que o HR-V 1.5 turbo (177 cv e 24,5 kgfm) e o Compass 1.3 turbo (185/180 cv e 27,5 kgfm) levam vantagem por terem motores turbo mais fortes , mas a diferença de desempenho nem é tão grande no caso da Jeep, uma vez que o SUV pesa 285 kg a mais que o Creta N Line Night Edition. Na prática, ambos aceleram de zero a 100 km/h no mesmo tempo de 9,3 s, enquanto o Honda faz o mesmo em 8,9 s - claro que os turbinados têm uma sensação de entrega de força em baixas rotações bem diferente.
Quanto ao consumo, o motor 2.0 é um pouco mais sedento do que o 1.0 turbo. São 7,7 km/l de etanol na cidade e 8,7 km/l na estrada, números que melhoram para 10,9 km/l e 12,4 km/l com o uso de gasolina nas mesmas condições
.
Lançar versões especiais também traz uma outra vantagem em termos mercadológicos. "A Hyundai é uma das marcas que faz mudanças de produto mais rápidas, o próprio Creta foi lançado a cerca de um ano e meio. Para assegurar um carro novinho, fazemos ações para animar as vendas a todo tempo" , explica Gerardo Carmona, vice- presidente para mercados de importação e planejamento de produtos da Hyundai Motors América Central e do Sul.
Se você se interessou pelo Creta N Line Night Edition 2.0, fique sabendo que a tiragem pode esgotar rapidamente. Serão apenas três meses de produção, sendo que alguns concessionários já reservaram dezenas. Somente de intenções de compra foram cerca de 2.000. Claro que nem todas vão se converter em uma aquisição final, uma vez que muitos consumidores esperavam pelo preço para tomar uma decisão definitiva, porém, já mostra o quanto o modelo será disputado. As vendas começam no dia 13 de março.