Negociada há meses, a aliança estratégica entre Volkswagen e Ford parece finalmente se aproximar de um desfecho. Conforme relata a agência de notícias Reuters, o anúncio definitivo do acordo será realizado na edição deste ano do Salão de Detroit (EUA), que abrirá suas portas para o público entre os dias 19 e 27 de janeiro. Detalhes sobre a cooperação ainda são desconhecidos, mas fontes ouvidas pela publicação garantem que as negociações estão indo bem e que o alcance gerado será global.
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Inicialmente, rumores indicavam que a aliança seria restrita ao segmento de veículos comerciais e concentrada basicamente no compartilhamento de plataformas para as próximas gerações das picapes Amarok e Ranger. Agora, porém, surgem indícios no Salão de Detroit 2019 de que a cooperação será bem mais intensa e de alcance verdadeiramente global.
Fala-se até mesmo no uso de fábricas da Ford nos Estados Unidos pela Volkswagen, e na unidade que desenvolve a plataforma elétrica MEB da VW pela montadora norte-americana. Com base nisso, comenta-se também que a Volkswagen estaria interessada em investir pesadas quantias na divisão de veículos autônomos da Ford. Oficialmente, nenhuma das marcas comenta o assunto.
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Veremos a volta da Autolatina no Salão de Detroit 2019?
A possível aliança entre Ford e Volkswagen não seria uma parceria inédita para os brasileiros. Entre 1987 e 1996, as duas empresas formaram a joint-venture Autolatina no Brasil e Argentina. O compartilhamento de plataformas e motores entre as duas empresas gerou carros como os Ford Royale e Versailles (feitos na base do VW Santana) e VW Apollo (Ford Verona), Logus e Pointer (Ford Escort de segunda geração). O objetivo das duas fabricantes naquela época? O mesmo de ambas nos dias de hoje: se tornarem imbatíveis no mercado.
A estratégia da fusão naquela época teve relação com o momento que a indústria automobilística brasileira passava na segunda metade da década de 80, com retração de mercado interno e tímida participação das fabricantes brasileiras no mercado internacional. A estratégia buscava também garantir a permanência das duas fabricantes no mercado interno, que através do aumento da lucratividade, amortizaria a crise nas vendas que ambas passavam.
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No caso da Ford, foi de fato a solução para sua permanência no país. Antes da fusão, a Volkswagen controlava 34% do mercado interno brasileiro. Já a Ford, mantinha uma fatia de 21%. Após a fusão, passaram a controlar juntas, 60% do mercado brasileiro e 30% do argentino. Apesar das projeções promissoras, principalmente em um mundo mais globalizado, a união das marcas enfrentou sérias dificuldades internas e externas. O primeiro e grande problema foi a falta de investimento das matrizes, que por conta da concorrência entre a Ford e a Volkswagen no mundo, havia a dificuldade nas trocas de conhecimentos técnicos.
Outro problema foi a constante tensão entre a Autolatina e os sucessivos governos brasileiros, com os quais a fusão se desentendeu. Ora por causa do congelamento de preços, ora por conta da supervalorização da moeda. Por fim, uma questão girava em torno dos revendedores. Por não haver qualquer inter-relação, as vendas eram feitas à parte das fabricantes, que apesar da união, continuavam disputando o lançamento de carros novos no mercado entre si. O que será que vai acontecer entre Ford e VW no Salão de Detroit 2019 ?