Antes dos SUVs ganharem a preferência dos motoristas, quem quisesse um carro mais espaçoso, em alguns casos, com sete lugares, optava por uma minivan. Foi um segmento que apanhou muito e, por que tudo indica, irá cair no esquecimento, como (infelizmente) está acontecendo com as peruas. Ainda temos modelos no Brasil, mas apenas a Chevrolet Spin consegue um resultado digno.
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A General Motors tinha um desafio muito grande com o lançamento da Chevrolet Spin , criando uma minivan que pudesse substituir, ao mesmo tempo, a dupla Meriva e Zafira, ambas usando plataforma vinda da Opel. A Zafira, lançada em 2000, veio direto da Europa, enquanto a Meriva foi desenvolvida aqui e enviada para o Velho Continente. Eram modelos consagrados e referência no setor.
Perder espaço para os SUVs compactos era questão de tempo e a GM sabia disso. Pegaram a plataforma do Cobalt, para reduzir custos e conseguir ter um tamanho semelhante ao da Zafira (4,36 metros de comprimento), e desenvolveram o veículo com algumas características dos SUVs, como a posição de dirigir mais elevada e, na visão deles, um design mais agressivo.
Longe do concurso de beleza
O que pode afastar de cara da Spin é justamente sua aparência. É um dos modelos mais polêmicos dos últimos anos. De fato, não é muito agradável nem por dentro e nem por fora. Só ficou um pouco mais interessante na versão aventureira Activ, mas ainda assim... E nada de reestilização até agora, apesar de ter chegado ao mercado em 2012 – a linha 2018 será lançada nas próximas semanas, sem alterações estéticas.
O acabamento é bem simples e com uma ergonomia que precisa melhorar. O botão dos faróis, por exemplo, fica na parte inferior esquerda do painel. Sim, é o mesmo lugar no qual a Volkswagen coloca o comando das luzes. A diferença é que o da Volks ainda é visível, enquanto o da Chevrolet muitas vezes desaparece da vista. O controle do computador de bordo é feito na alavanca esquerda do volante, de forma pouco intuitiva. Ao lado do rádio, ficam dois porta-trecos que não servem para muita coisa.
A lista de equipamentos não é das melhores. Vem com ar-condicionado analógico, volante com ajuste de altura, computador de bordo, desembaçador traseiro, travas e vidros elétricos , direção elétrica e bancos com regulagem de altura. Central multimídia, só a partir da versão LT, adicionando também volante multifuncional e rodas de alumínio de 15”. Utiliza o sistema MyLink 1. Ainda bem que a versão 2018 da minivan irá atualizar para o MyLink 2, permitindo o uso de AndroidAuto e Apple CarPlay.
Serve para o que propõe
A grande atração da Spin é ser racional. Bem mais espaçosa do que alguns SUVs compactos, como Ford EcoSport, serve bem a quem precisa de um porta-malas maior. Por isso que é um dos favoritos dos taxistas, pois leva 710 litros no compartimento na versão de cinco lugares e 162 l no modelo de sete assentos (ou 553 l com os bancos rebatidos). Também é um dos poucos que ainda oferece a terceira fileira de bancos, mesmo que estes sejam mais para crianças. As outras opções passam dos R$ 100 mil.
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O coração da Spin é o motor 1.8 SPE/4, de 111 cv, que pode ser combinado ao um câmbio de seis marchas, manual ou automático – antes tinha 108 cv e câmbio manual de cinco velocidades, substituídos na linha 2017 da minivan. Outra novidade foi a adoção de um sistema de grade dianteira ativa, que abre e fecha as aletas de refrigeração para reduzir o arrasto do ar. Quando fechadas, a força necessária para mover a Spin é menor, ajudando a reduzir o consumo.
A grade ativa, somada ao uso da direção elétrica e as mudanças no motor, baixaram o consumo em 30%. Agora faz 13,7 km/l na estrada e 11,8 km/l na cidade, com gasolina e câmbio manual de seis marchas. Com transmissão automática, faz 13,1 km/l e 10,9 km/l, respectivamente. É uma bela melhora, marcando 10,8 km/l no ciclo rodoviário e 9,7 no urbano (e isso com câmbio manual de cinco marchas e na versão de cinco lugares).
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Ao volante, a Spin se comporta dentro do que poderíamos esperar de uma minivan. O 1.8 é suficiente para mover o carro, mas não espere ser o mais rápido da via. Dá para arriscar uma retomada aqui e uma ultrapassagem ali, não mais do que isso. O modelo testado estava com o câmbio automático de seis marchas, na mesma geração que o utilizado na dupla Onix e Prisma. Poderia ser mais suave, pois as trocas de marcha são bem perceptivas.
Sozinha no mercado
A Spin conta com a vantagem de estar praticamente sozinha. Sua maior rival no momento é a Citroën C4 Picasso, importada e vendida por R$ 121.400, pouco mais do que o dobro do que a versão básica LT da GM, vendida por R$ 58,890. Com sete lugares e na configuração mais cara, a diferença continua gritante. A Spin custa R$ 71.990, enquanto a C4 Grand Picasso cobre R$ 142 mil. Com esse dinheiro, o cliente pula para um SUV médio sem pensar duas vezes. Sua única rival com os pés no chão é a JAC J6, por R$ 60.990 em versão única – só que afasta os compradores pela desvalorização.
Para a GM, com certeza, a Chevrolet Spin foi um tiro certeiro, já que emplacou 7.159 unidades desde janeiro, mais do que o Cruze (com 5.331). E para quem já tem uma, não foi tão ruim assim, já que o bom resultado ajuda a segurar o índice de desvalorização. Com 97,2% de participação, segura o segmento praticamente sozinha e deve continuar fazendo isso, até o dia em que os SUVs engolirem as minivans. Enquanto isso, irá reinar sozinha em uma área que todos abandonaram.
Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 58.890 ( R$ 68.690 na LTZ, sem opcionais)
Motor: 1.8, quatro cilindros, flex
Potência: 111 cv a 6.000 rpm
Torque: 15,3 kgfm a 5.200 rpm
Transmissão: Automático, seis marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 195/65 R15
Dimensões: 4,36 m (comprimento) / 1,74 m (largura) / 1,68 m (altura), 2,62 m (entre-eixos)
Tanque : 53 litros
Porta-malas: 710 litros (162 litros com sete lugares)
Consumo: 11,8 km/l (cidade) /13,7 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 10,6 segundos
Vel. Max: 173 km/h