A linha 2018 do Ford EcoSport faz parte daquela lista de modelos que fazem sentido apenas em determinadas versões. Como a atual geração do SUV, precursor do segmento, tem como principal apelo a questão da relação entre custo e benefício, o topo de linha Titanium 2.0 (R$ 93.990), equipado até os dentes, começa a entrar numa faixa de preço em que alguns rivais mais modernos acabam se saindo melhor.
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De qualquer forma, o esforço em tornar interessante o Ford EcoSport mais equipado está por todos os lados. É muito, mas muito equipamento. Da longa lista, alguns dos principais destaques são: faróis com lâmpadas de xenônio, teto solar elétrico, central multimídia de última geração compatível com Apple Car Play e Android Auto, som da Sony com 9 alto-falantes, controles eletrônicos de estabilidade e tração, 7 airbags, partida por botão, entre vários outros itens, como as duas entradas USB iluminadas no painel. Se o que importa é ter um SUV mais completo possível, o Eco Titanium 2018 é o carro. Mas, é bom saber como ele se sai no dia a dia para tomar uma decisão.
O motor 2.0, com injeção direta de combustível, é capaz de gerar 176 cv, mas fica a impressão de que o SUV não precisava de toda essa potência, mas de um conjunto tão eficiente quanto o das versões com o engenhoso 1.5, de três cilindros, esse sim na medida certa para o modelo da Ford. Com o 2.0 litros, o Eco não faz nenhuma cerimônia em gastar combustível. De acordo com o Inmetro, com apenas etanol no tanque, o carro não passa dos 6,1 km/l na cidade e 8,3 km/l na estrada. E no dia a dia, com subidas, descidas e o anda e para do trânsito, esses números são ainda mais desanimadores, o que obriga a visitar o posto de gasolina com certa frequência.
O câmbio automático de seis marchas funciona com suavidade, mas acaba permitindo muita oscilação entre uma marcha e outra entre as trocas. O jeito é acionar o modo sequencial em que as mudanças podem ser feitas pelas hastes atrás do volante, revestido de couro e multifuncional. Assim, consegue-se acabar com todo vai e vem do contagiros, mas é preciso ficar atento à questão do consumo, não deixando a rotação passar dos 3.000 rpm se não quiser ver o ponteiro do combustível chegar rapidamente na reserva. Entretanto, o isolamento acústico se mostrou caprichado no dia a dia, mesmo com o ganho de altitude do contagiros.
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Ponto positivo também para a direção com assistência elétrica, leve nas manobras e que transmite segurança de acordo com o aumento da velocidade. O bom acerto de suspensão é outro mérito do Eco 2.0 da linha 2018. Consegue absorver bem as irregularidades do piso e transmitir segurança nas curvas, com ajuda dos largos pneus de perfil baixo 205/50R 17 (Michelin, na unidade avaliada). Por outro lado, não se saem muito bem fora do asfalto. Então, é melhor passar apenas em estradinhas de terra batida e algo do gênero e fugir de trilhas e de trechos de mais dificuldade, pelo menos nessa versão topo de linha, com certo apelo esportivo.
Detalhes estéticos
Os sinais de que a Ford vai mesmo precisar de uma nova geração do Eco para brigar para valer entre os primeiros lugares no ranking de vendas dos SUVs compactos começam na hora de usar o porta-malas. Os problemas já começam com o estepe na tampa traseira, que já caiu em desuso, facilita o furto e pode sujar suas mãos antes de ter acesso ao compartimento de carga. Depois, a tampa aberta para o lado esquerdo exige que não haja nenhum obstáculo próximo ao carro. Se houver, não será possível abrí-la. Além disso, são apenas 356 litros para acomodar a bagagem, o que é um pouco mais que os míseros 260 litros do Jeep Renegade, mas menos que os 437 litros do Honda HR-V, por exemplo.
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Os retoques no desenho do EcoSport 2018 fizeram bem ao carro, mas foram bem discretos, inclusive nessa versão topo de linha, que tem um certo charme por detalhes como os os filetes de LED nos faróis, as novas rodas de aro 17 (inclusive no estepe traseiro) e as barras cromadas na ampla grade frontal, que passa a seguir o mesmo padrão adotado nos lançamentos mais recentes da Ford. Na traseira, o carro praticamente não mudou em relação ao que sempre foi desde 2012, quando foi lançada a atual geração, exceto pelo logos reestilizados.
Conclusão
Muito bem equipado, o Ford EcoSport Titanium 2.0 da linha 2018 não vai decepcionar quem busca um SUV completo e não liga muito para o estepe na traseira, para a falta de espaço no porta-malas e está disposto a arcar com o consumo de combustível acima do ideal. Contudo, há vários concorrentes mais eficientes no mercado, inclusive as versões 1.5 do próprio Eco, mais adequada à proposta do utilitário esportivo da Ford, numa faixa de preço entre R$ 74 mil e R$ 85 mil, em que a relação entre custo e benefício é mais interessante. Portanto, vale apena economizar os R$ 7,5 mil de diferença entre a versão FreeStyle 1.5 automática (R$ 86.490) e os R$ 93.990 da Titanium.
Ficha Técnica
Preço: a partir de R$ 93.990
Motor: 2.0, quatro cilindros, flex
Potência: 176 cv (E) / 170 cv (G) a 6.500 rpm
Torque: 22,5 kgfm (E) / 20,6 kgfm a 4.500 rpm
Transmissão: Câmbio automático, seis marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira
Pneus: 205/50 R17
Dimensões: 4,27 m (comprimento) / 1,77 m (largura) / 1,69 m (altura), 2,52 m (entre-eixos)
Tanque : 52 litros
Porta-malas: 356 litros
0 a 100 km/h: 9,5 segundos
Vel. Max: 180 km/h