A febre dos SUVs continua forte em todo o mundo, inclusive no Brasil. De acordo com o balanço de 2017 divulgado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) o segmento teve alta de 37%, configurando o maior crescimento do mercado. E conforme a previsão de especialistas, com os lançamentos que teremos em 2018, a participação dos utilitários esportivos deve chegar a 25% até o fim do ano, um recorde absoluto.
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Se você procura um SUV compacto que não pese muito no bolso tem no Nissan Kicks 1.6 manual (R$ 71.990) uma das versões mais em conta atualmente, junto com Renault Duster, que parte de R$ 69.990 e Peugeot 2008 Allure 1.6 MT, de R$ 72.990. Entre os três, a principal vantagem do modelo da marca japonesa é que pode receber controles de estabilidade e tração, além de assistência de partida em rampas como parte de um pacote de R$1.200, pago à parte, que leva o preço final a R$ 73.190, o que não é possível nos outros dois rivais.
A simplicidade do Kicks 1.6 manual está, essencialmente, nos bancos de tecido (embora com costura aparente e de bom gosto), na ausência de sistema multimídia com tela sensível ao toque (há só aparelho com Bluetooth e entrada USB) e nas calotas plásticas montadas em rodas de aro 16 com pneus 205/60R 16 (Continental, na unidade avaliada). Trocar as marchas no dia a dia é outra diferença dessa versão mais em conta do SUV, mas há que goste, principalmente em uma estrada sinuosa.
Foi o que fizemos, rumo a Campos do Jordão (SP). Na serra com curvas variadas, em subida ou descida, a caixa de cinco marchas mostrou ter relações bem escalonadas, além de engates fáceis e precisos. Mas com porta-malas cheio e cinco ocupantes a bordo, porém, os 15,5 kgfm de torque a altos 4.000 rpm exigiram certa cautela nas ultrapassagens. Além disso, as barras digitais do mostrador do nível de combustível não mostram precisão, nem tampouco a autonomia do computador de bordo, o que é algo preocupante ao saber que o tanque de combustível em apenas 41 litros.
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Em contrapartida, a relativa leveza do Kicks é aliada para economizar combustível e garantir alguma agilidade nas curvas. Com gasolina, conforme os números do Inmetro, a versão S, com caixa manual, faz 11,1 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, o que é apenas aceitável. Como é um carro relativamente leve (1.109 kg, o que leva a uma interessante relação entre peso e potência de 9,7 kg/cv), acaba aceitando com mais facilidade ficar acelerando, freando e indo de um lado para o outro nas curvas. Entretanto, é bom ter cuidado com os ventos laterais.
O Kicks atingiu o limite de velocidade da via (120km/h), rumo a São Paulo, quando senti que uma rajada de vento fez o carro balançar mais do que o ideal. O ruído do ar passando pela carroceria é outro ponto que chamou atenção. Mas, no final, tudo pareceu apenas um incômodo repentino que logo perdeu o efeito. Ainda bem que a unidade avaliada veio com os controles de estabilidade de tração, oferecidos como opcionais.
Mais detalhes por dentro
Se a ideia é levar cinco pessoas e mais bagagem, provavelmente, não faltará espaço. Há como ficar bem acomodado e o motorista tem boa posição para dirigir, além de visibilidade suficiente para guiar com segurança, inclusive pelos retrovisores. Ponto positivo também para a direção com assistência elétrica, que funciona com suavidade e silêncio, o que faz parte do pacote que torna o Kicks um carro agradável de dirigir.
Porém, o carro realmente transmite a ideia de simplicidade por uma série de detalhes, entre os quais os pequenos botões no volante, que não vem com revestimento. Também falta faixa degrade no para-brisa, há vários componentes de plástico no interior e nenhum efeite cromado. Mas o que incomoda mesmo no dia a dia são os comandos dos vidros elétricos sem a função “um toque” para subida e descida e a ausência de sensores no para-choque traseiro para ajudar nas manobras, o que acaba exigindo cuidado redobrado para estacionar.
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Embora a Nissan tenha incluído ancoragem ISOFIX para cadeiras infantis nos bancos traseiros, entre os itens de segurança passiva estão incluídos apenas dois airbags, o mínimo exigido por lei hoje em dia para os carros novos fabricados no Brasil. Pelo menos, há cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os cinco ocupantes. Mas será preciso de contentar com os singelos freios a tambor na traseira, que aumentam as chances de apresentarem fadiga quando mais exigidos, como em trecho de serra.
Conclusão
Entre os SUV compactos mais sem conta do mercado, com câmbio manual, o Nissan Kicks aparece entre as opcões mais interessantes, junto com o Peugeot 2008 Allure 1.6, com preço sugerido de R$ 73.990, valor que dá direito a itens como sistema multimídia com tela sensível ao toque, freios a disco nas quatro rodas e porta-luvas refrigerado, entre outros, mas não pode ter controle de estabilidade, oferecido como opcional no modelo da marca japonesa
Uma terceira opção de SUV que pesa menos no bolso é o Renault Duster 1.6 manual, oferecido a partir de R$ 69.990, mas com tudo bastante simples, inclusive o desenho de aspecto rústico, em que qualquer indício de sofisticação passa longe em um carro que vem com regulagem manual dos retrovisores, sem ajuda de motores elétricos.
Ficha Técnica
Preço: a partir de R$ 71.990
Motor: 1.6, quatro cilindros, flex
Potência: 114 cv a 5.600 rpm
Torque: 15,5 kgfm a 4.000 rpm
Transmissão: Manual, cinco marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: 4,29 m (comprimento) / 1,76 m (largura) / 1,59 m (altura), 2,61 m (entre-eixos)
Tanque : 41 litros
Porta-malas: 432 litros
Consumo: 11,1 km/l (cidade) /13 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 11 segundos
Vel. Max: 175 km/h