Foi-se o tempo que sedãs compactos estavam longe de serem tão confortáveis, equipados e seguros quanto os médios. A chegada do VW Virtus estabeleceu outros parâmetros no segmento, o que foi mostrado na comparação da versão topo de linha Highline com o Honda City EXL, o mais equipado da nova leva que acaba de chegar às lojas com uma série de mudanças. As vantagens do modelo da marca alemã em relação ao rival já começam pelo preço, embora esteja num patamar que pode assustar. Parte de R$ 79.990, ante R$ 83.400 do concorrente.
LEIA MAIS: VW Virtus Comfortline surpreende no dia a dia, com jeito de sedã médio
Não é nada barato pagar cerca de R$ 80 mil por um sedã compacto, mas o VW Virtus transmite uma idéia de maior valor agregado por uma série de fatores que vamos detalhar a seguir. O tamanho do carro e o espaço disponível é o primeiro fator que chama atenção, principalmente pela distância entre-eixos do Volkswagen (2,65 m ante 2,60 m do Honda). Em números a diferença pode parecer pouca, mas sentado no banco de trás Virtus dá para se sentir em um sedã médio. Sobra uma boa distância para acomodar as pernas, mais do que no City. De acordo com as medições das fabricantes, porém, o porta-malas do Honda é um pouco maior, com 536 litros ante 521 litros do VW. De qualquer forma, em ambos dá para levar a bagagem de cinco ocupantes com folga.
O painel mais moderno do Virtus é outro ponto em que o Volkswagen se sobressai. Pode ter cluster digital e configurável de acordo com o gosto do freguês como opcional agregado à central multimídia com tela de alta resolução, de 8 polegadas e com GPS integrado. Faz parte do pacote de itens sofisticados que também inclui indicador de pressão dos pneus, sistema de acionamento automático dos freios pós-acidente, detector de fadiga, câmera de ré, organizador de porta-malas, sensor de chuva, acionamento automático dos faróis e sensor de estacionamento dianteiro.
LEIA MAIS: Honda City 2018 chega com novo design e mais equipamentos. Veja vídeo
Ok, é um opcional de salgados R$ 3.300, o que faz o preço do sedã da Volkswagen chegar nos R$ 83.200, quase o mesmo que o City topo de linha, que não tem opcionais e conta com um pacote de equipamentos cujas únicas vantagens em relação ao Virtus ficam por conta dos airbags de cortina, dos retrovisores rebatíveis eletricamente e dos bancos revestidos de couro. No Honda, estranhamente, faltam os controles eletrônicos de estabilidade e tração (presentes no Fit EXL 2018) e apesar da central multimídia ter melhorado em relação à oferecida anteriormente, ainda está num nível abaixo da do rival da VW. Para poder visualizar a tela durante os dias ensolarados é preciso acionar (toda vez) o modo que aumenta o brilho da tela, que poderia ter melhor resolução.
Nos dois sedãs o sistema de ar-condicionado é digital, a direção com assistência elétrica e o volante vêm revestido de couro, mas há mais comandos no Virtus, que conta com computador de bordo bem mais completo que informa tudo o que você precisa saber sobre o funcionamento do carro, o que inclui autonomia, temperatura do motor, tempo de viagem, entre vários outros dados. No City, a tela fixa mostra apenas hodômetros parcial e total, além da hora e a temperatura externa.
E na hora de acelerar?
É no quesito conjunto mecânico que o Volkswagen mostra sua principal diferença em relação do Honda. No Virtus, o motor é o moderno 1.0, turbo, de três cilindros, que tem injeção direta de combustível, com duplo comando de válvulas com variadores de fase na admissão e no escape, entre outros recursos. Gera 128 cv e bons 20,4 kgfm de torque a meros 2.000 rpm, ante 116 cv e sofríveis 15,6 kgfm a altos 4.800 rpm no City, que merecia ter um motor mais eficiente. Para piorar a situação do Honda quando o assunto é desempenho, o câmbio automático é o pacato CVT, ante a ágil caixa de seis marchas do Volkswagen.
LEIA MAIS: 10 perguntas (e respostas) que explicam a que veio o Fiat Cronos
Na prática, ao pisar no acelerador do Virtus a resposta é quase imediata, com boa dose de fôlego aparecendo desde as primeiras marcações do caontagiros. Já no City é preciso ter paciência e cautela nas ultrapassagens. E ir devagar com o andor, já que o carro roda com conforto e silêncio ao pisar de leve no pedal da direita. Se insistir em subir o giro do 1.5, de quatro cilindros, o nível de ruído sobe bastante e não na mesma proporção que aumenta a agilidade. Entretanto, nos pareceu que melhoraram o isolamento acústico do Honda, cuja suspensão também evoluiu um pouco por ter absorvido bem as irregularidades do piso no dia a dia. Mesmo assim, o Virtus é melhor de dirigir e com mais agilidade. Conforme os dados das fabricantes, o VW faz de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e pode atingir 194 kmh, contra 11,3 s e 175 km/h do Honda.
Rodando na cidade, conforme as medicos do Inmetro, o City é um pouco mais econômico que o Virtus, embora o Volkswagen tenha melhor autonomia em qualquer situação por ter um tanque maior, de 52 litros, ante o de 46 litros do rival. Portanto, em trecho urbano, o Honda faz 8,5 km/l de etanol e 12,3 km/l de gasolina, ante 7,8 km/l e 11,2 km/l do VW, respectivamente. Porém, na estrada, ambos praticamente se equivalem e o Virtus pode rodar em torno de 759 quilômetros com o tanque cheio de gasolina, ante cerca de 667 litros do City, ainda levando em consideração os dados do Inmetro.
Andamos com os dois carros tanto na cidade quanto na estrada e a melhor relação entre peso e potência do Volkswagen (9,3 kg/cv ante 9,8 kg/cv do Honda) tornou as ultrapassagens mais seguras e transmitiu mais confiança nas curvas. Além disso, não apenas pela estrutura mais moderna e rígida, mas também por ter controles eletrônicos, o Virtus se mostrou mais estável por ter, inclusive, vetorização de torque. Por sua vez, notamos no City apenas melhoras no acerto da suspensão e do isolamento acústico na na linha 2018, que poderia ter evoluído mais, seguindo, pelo menos, todos os padrões de equipamentos do Fit.
Conclusão
Não é à toa que o VW Virtus já chegou ao mercado com bons volumes de vendas. Em fevereiro, de acordo com os números da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos), o modelo da marca alemã teve 1.455 unidades vendidas, superando não apenas o Honda City (746), mas outros rivais como o Chevrolet Cobalt (1.219). Tem um conjunto bem acertado, espaço interno generoso e uma lista de equipamentos sofisticados encontrados antes apenas em segmentos superiores. Não resta dúvida que o City evoluiu, mas não o suficiente para superar o rival da Volkswagen.
Ficha técnica - Honda City EXL
Preço: a partir de R$ 83.400
Motor: 1.5, quatro cilindros, flex
Potência: 116 cv (E) / 115 cv (G) a 6.000 rpm
Torque: 15,3 kgfm (E) / 15,2 kgfm a 4.800 rpm
Transmissão: Câmbio automático, CVT, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira
Pneus: 185/55 R16
Dimensões: 4,45 m (comprimento) / 1,70 m (largura) / 1,49 m (altura), 2,60 m (entre-eixos)
Tanque : 46 litros
Porta-malas: 536 litros
Consumo: 12,3 km/l (cidade) /14,5 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 11,3 segundos
Vel. Max: 175 km/h
Ficha técnica - VW Virtus Highline TSI
Preço: a partir de R$ 79.990
Motor: 1.0, turbo, três cilindros, flex
Potência: 128 cv a 5.550 rpm
Torque: 20,4 kgfm a 2.000 rpm
Transmissão: Automático, 6 marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Pneus: 205/55 R16
Dimensões: 4,48 m (comprimento) / 1,75 m (largura) / 1,47 m (altura), 2,65 m (entre-eixos)
Tanque : 52 litros
Porta-malas: 521 litros
Consumo: 10,2 km/l (cidade) /14,6 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 9,9 segundos
Vel. Max: 194 km/h