Quando terminei de andar no JAC T40 durante seu lançamento, em agosto do ano passado, ficou a impressão de que foi o melhor carro de marca chinesa que havia dirigido. Estava claro o momento que marcas como JAC, Lifan e Chery estavam iniciando: o amadurecimento e a ocidentalização de seus produtos no Brasil. Oito meses se passaram e a mesma sensação volta a permear a cabeça depois de conhecer o novo Chery Tiggo, marca agora comandada no Brasil pelo Grupo CAOA.
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A fórmula é a mesma de qualquer outra marca chinesa que está estabelecendo terreno no Brasil aos poucos. Um carro bem equipado, mais em conta que as versões de entrada dos principais concorrentes. O Chery Tiggo segue essa receita e sua aplicação reverberou em um projeto maduro e de boa qualidade. A impressão que ficou é que o carro não deve em nada, por exemplo, para um Renault Duster.
Sua geração anterior sofria de uma crise de identidade. Dessa vez, a Chery optou por um design robusto, elegante e cheio de atenção aos detalhes. Os faróis escurecidos levam o nome do modelo em acabamento cromado. A traseira não nega suas inspirações no Celer. Uma linha cromada une os faróis sob uma integração bem interessante com a luz de ré. Você pode até considerar que beleza é algo relativo, mas é inegável que o Tiggo 2 surge com todas as características estéticas que o brasileiro gosta.
A história fica um pouco diferente por dentro. Os materiais são de boa qualidade, com nível de acabamento equiparável ao do JAC T40. Destacamos a boa variedade, como preto brilhante, plásticos texturizados e até detalhes cromados em cold touch . Nas portas, uma boa área coberta por couro sintético, algo que está cada vez mais raro nos lançamentos recentes. Nesta versão topo de linha, os bancos são feitos em um misto de couro sintético e tecido, com costuras laranjas que ajudam a dar uma atmosfera mais descolada para a cabine.
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A Chery também colocou central multimídia com conectividade Apple CarPlay e Android Auto. Mas ela bem que poderia ser menos reflexiva, pois isso acaba atrapalhando um pouco sua visualização durante o dia. O cluster texturizado lembra o do Chevrolet Agile, com o conta-giros indo no sentido oposto ao ponteiro de velocidade. Não demora muito para acostumar. Dividindo os mostradores, o computador de bordo convencional exibe pressão dos pneus, autonomia e outros dados sobre a viatura. Este poderia ser customizável.
Sentado no banco do motorista, sinto certa dificuldade para ficar confortável. Com 1,84 m de altura, senti que minha cabeça estava muito próxima do teto. Mexendo nas regulagens de altura, vejo que o assento já estava o mais baixo possível. Se você é mais alto que eu, com certeza raspará a cabeça no teto do Tiggo. E detalhe, estamos falando do banco da frente. Outro item que incomodou durante a experiência foi a cobertura do teto solar. Ele não funciona como uma esteira, fazendo o recolhimento como um chicote. Poderia ser mais suave.
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Você viu?
A altura do assento atrapalha na dirigibilidade. No Tiggo 2, a posição de guiar não é das melhores, mas a marca acaba compensando isso com uma direção mais direta e boa trambulação do câmbio de cinco marchas. Até mesmo o JAC T40 tem aquela “folguinha” bem comum entre os carros chineses. Conversando com os engenheiros, descobrimos que a CAOA fez alterações no projeto que estava sendo conduzido pela Chery, justamente para deixar o modelo mais direto. Valeu o atraso.
Agora é diferente!
O Tiggo tem motor 1.5, de 115 cavalos, quando abastecido com etanol. O torque máximo é de 14,9 kgfm a 2.700 rotações. Não é muito, entretanto, o novo SUV mostra nível de ruído acima do ideal ao subir o giro do motor, com o motor gritando logo aos 120 km/h. Parece que falta uma sexta marcha, algo que é oferecido de série em modelos bem mais em conta hoje em dia, como o Chevrolet Onix. Além disso, a marcha extra combina com o torque máximo em rotação rel;ativamente baixa. A caixa automática chega ainda em 2018.
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Além disso, ruídos de vento e rolagem dos pneus também interferem na cabine. Seu isolamento acústico, infelizmente, remete aos carros chineses de alguns anos atrás. Entre os principais equipamentos, destaque para piloto automático, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré e assistente de subida. Tudo isso facilitaria a vida de quem abandonar a ideia de comprar um Renault Duster para apostar no novo SUV nacional da Chery.
Nasce um gigante
Mas será que é um bom negócio? Vamos falar de números. A Chery tem expectativa de vender entre 8 e 9 mil unidades do Tiggo por ano, correspondendo a mais de 50% de seus números totais. Sob a tutela da CAOA, a marca pretende mais que dobrar os postos de vendas, partindo dos 25 atuais para 55 até o fim do ano. “Queremos manter o nosso padrão de atendimento das outras lojas do Grupo CAOA para oferecer a melhor experiência pós-venda aos nossos clientes”, diz Márcio Alfonso, presidente da Chery.
Tudo isso servirá para amadurecer a marca em território brasileiro. O Tiggo 2 demonstra boa maturidade em seu projeto. O processo de consolidação das marcas chinesas do Brasil tem muito a ganhar com a nova investida. Depois do Chery Tiggo , teremos o lançamento de mais três modelos, sendo que um será fabricado em Jacareí (SP), e os outros dois em Anápolis (GO). Em sua versão básica, Look, o Tiggo parte de R$ 59.990. enquanto a versão ACT que tivemos a oportunidade de testar em Itupeva (SP) custa R$ 67.990 com o teto.
Ficha técnica
Preço: R$ 67.990 (com teto preto)
Motor: 1.5, quatro cilindros, flex
Potência: 115 cv
Torque: 14,9 a 2.700 rpm
Transmissão: manual de cinco velocidades
Suspensão:Independente McPherson (dianteira) e eixo rígido (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira), sólidos (traseira)
Dimensões: 4,20 m (comprimento), 1,76 m (largura) 1,57 m (altura) 2,56 m (entre-eixos)
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 420 litros