Quem tem menos de R$ 70 mil dificilmente comprará um SUV automático zero quilômetro no Brasil, a menos que seja PcD (Pessoa com Deficiência), ainda mais considerando as marcas com maior participação no mercado. Uma das únicas alternativas hoje em dia é o JAC T40 CVT. O modelo chega para dar continuidade à investida do empresário Sergio Habib entre os utilitários esportivos.
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Pense num SUV que lembra um hatchback. Alguns podem vir em mente, como o BMX X2 ou o compacto Mercedes-Benz GLA. Mas este fenômeno não ocorre apenas entre os carros premium. O JAC T40 CVT é uma boa prova disso. Bem, a verdade é que o modelo parece um hatchback porque deveria ser um.
Nos primeiros esboços, ainda em 2011, o T40 nasceu como um hatchback para rivalizar com Sandero, 208, Gol e Palio. Os hatches compactos estavam bombando, e era natural que a JAC quisesse melhorar sua competitividade no segmento em que tinha apenas o criticado J3. Os tempos mudaram e os SUVs conquistaram o mundo. Foi aí que Sergio Habib, em uma de suas viagens à Itália - onde o modelo estava sendo desenhado - pediu para que os projetistas subissem a frente e ajustassem os ângulos de entrada e saída.
Intersecção
Nessa brincadeira, o hatchback ganhou características de SUV. O carro não cresceu em comprimento ou largura, mas ficou com um toque de utilitário que o Renault Stepway não entrega, por exemplo. Daí vem a comparação com os hatchbacks. O T40 está exatamente na intersecção entre eles e os SUVs.
Se você gosta de levantar a bandeira de que o modelo não é um SUV, saiba que quem diz isso não é a JAC, mas sim o Inmetro. Por conta do tamanho e os ângulos de ataque e saída, o T40 é considerado um utilitário esportivo legítimo.
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Apesar de suas semelhanças gritantes com o Hyundai ix35, é inegável que o T40 é um dos SUVs mais equilibrados de seu segmento no visual. O acabamento interno também encantava, sendo superior até ao que estamos acostumados nos SUVs de entrada. Tem até revestimento no painel, e a montagem está longe de ser frágil ou mal feita.
Destaque também para o acabamento preto brilhante no painel e a parte com revestimento macio que encobre sua superfície. As costuras vermelhas nos bancos, apoio de braço e console central também dão um ar mais requintado para o T40. Considerando os SUVs “convencionais” a partir de R$ 70 mil, o modelo chinês é mais atraente que o Renault Duster. A central multimídia também tem seus méritos. Vem com tela de alta resolução e um sistema intuitivo.
Quando andamos pela primeira vez no T40 CVT, no dia em que foi lançado no Brasil, o carro avaliado foi uma unidade novíssima, com apenas 28 km rodados no hodômetro. A JAC até alertou sobre a possibilidade de ainda haver fluidos de combustível chinês em seus dutos. Dessa vez, a experiência na cidade foi diferente.
Se você quer uma condução tranquila, saiba que o conforto urbano está garantido. Ainda mais com a função start-stop ligada (que não funcionou o tempo todo na unidade avaliada), para economizar combustível. Fazer mais de 10 km/l de gasolina com um SUV é difícil. Mas, de acordo com os números do Inmetro, o T40 CVT faz 11,4 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada. Bom também é que o carro garante uma direção tranquila para as grandes cidades, onde o único contra seria um certo atraso na resposta da direção - característica que acompanha vários carros chineses, até mesmo o rival Tiggo 2.
Mas ainda falta potência para a estrada. Os 138 cv e os 17,1 kgfm de torque do motor 1.6 não empolgam. O modelo chinês tem apenas 10 cv a mais que a versão manual, com motor 1.5, que já ficou devendo no quesito desempenho. A intenção da JAC é priorizar o consumo de combustível acima de tudo. Ficamos no aguardo de sua versão flex, onde o T40 deverá ganhar alguns cavalos a mais com etanol.
E quando isso deverá acontecer? De acordo com a marca, no começo de 2020. Sergio Habib está fechando um acordo com o Grupo HPE para que sua carroceria seja feita na fábrica da Mitsubishi em Catalão (GO) e, em seguida, montada na fábrica da JAC em Itumbiara (GO).
Sensação refrescante
O chinês também não está tão tropicalizado quando falamos no acerto de suspensão independente na dianteira e eixo de torção na traseira. Se o assunto é encarar as ruas esburacadas na cidade e passar por lombadas, é bom ir de acostumando com as batidas secas, o que foi observado na unidade avaliada. Além disso, também faltou um pouco de atenção no isolamento acústico, principalmente em trecho rodoviário. O motor 1.6 grita quando atinge rotações mais elevadas.
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O isolamento também poderia ser melhor na chamada parede corta fogo, que separa o motor do habitáculo. Girando a chave na ignição, antes de dar a partida, também no carro que avaliamos, escutamos o barulho do líquido de arrefecimento do motor passando pelos dutos com certa clareza. Entretanto, isso não aconteceu com o modelo que dirigimos durante o evento de lançamento do T40. De acordo com a JAC, trata-se de uma particularidade deste carro específico.
Nove em cada dez jornalistas automotivos já foram perguntados sobre o novo Tiggo 2. O JAC T40 CVT não tem a mesma popularidade do badalado lançamento da Caoa Chery que aparece no comercial da novela das 21h. Mas o JAC tem o seu valor para quem busca um carro para usar na cidade. Versátil e com cara de hatchback, o T40 CVT também se beneficia do bom porta-malas de 450 litros.
Ficha técnica
Preço: R$ 69.990
Motor: 1.6, quatro cilindros, gasolina
Potência: 138 cv a 4.000 rpm
Torque: 17,1 kgfm a 4.00 rpm
Transmissão: CVT, simulando seis marchas
Suspensão: independente, McPherson (dianteira), eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilados (dianteira), disco sólido (traseira)
Porta-malas: 450 litros
Dimensões: 4,13 m (comprimento) 1,75 (largura), 1,56 (altura) 2,49 (entre-eixos)
Consumo: 10,1 km/l (cidade), 14,1 km/l (estrada)